quinta-feira, 4 de junho de 2020


“MY HAPPY FAMILY” (“Chemi Bednieri Ojakhi”), 2017, Geórgia (antiga república soviética), 120 minutos, produção Netflix, direção e roteiro de Nana Ekvtimishvili e Simon Gross. Trata-se de um drama familiar centrado em Manana (a ótima Ia Shugliashvili), uma professora de 52 anos que está em crise existencial por conta da rotina diária com a família conservadora. Ela, o marido, os dois filhos e os pais dela moram todos juntos num apartamento simples e apertado. Logo no café da manhã começam as discussões, que continuam durante o almoço e o jantar. Ou seja, não existe um momento de sossego, que é o que Manana sempre desejou. O marido é ausente, não tem opinião sobre nada, o filho mais velho não trabalha, só fica no computador, e tem ainda o crônico mau humor da matriarca, dona Lamara (Bertha Khapava) que reclama de tudo e pega no pé de todo mundo, inclusive de Manana. No dia de seu aniversário, Manana logo avisa: “não quero festa, não quero bolo, não quero nenhum convidado”, como quem diz “Quero sossego!”. Para o seu desespero, acontece justamente o contrário. A casa enche de parentes, tem bolo, velinhas e cantorias – o povo georgiano deve gostar de música, pois a cada reunião, seja familiar ou com amigos, logo aparece alguém tocando violão e todo mundo canta junto. Manana fica alheia à comemoração, deixando os convidados aos cuidados do seu marido. Como era de se esperar, logo depois Manana avisa que vai sair de casa, alugar um apartamento e morar sozinha. A notícia se espalha pela família e logo em seguida aparecem seu irmão Rezo (Dimitri Oraguelidze) e outros parentes, todos tentando fazer Manana mudar de ideia. A pergunta que todos fazem é por que ela que ir embora, abandonar a família. Ela nunca responde a verdadeira razão, mas quem entende um pouco de psicologia vai saber o por quê, principalmente as mulheres que estão na mesma situação com suas famílias. O filme parece um episódio do seriado da TV Globo “A Grande Família”, mas foge bastante do seu humor. “My Happy Family”, título que representa uma grande ironia, é muito interessante não apenas pela história em si, mas por destacar os costumes, os valores e o comportamento do povo georgiano. É um belo filme, com uma atriz excepcional (Ia Shugliashvili) e um ótimo elenco, embora seja formado, em sua maioria, por atores amadores. O filme estreou na Seção Fórum do 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim e depois foi exibido em vários outros festivais mundo afora, conquistando nada menos do que 12 prêmios e outras tantas indicações. O filme é realmente muito bom.      

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