sábado, 28 de junho de 2014
“Nono, o Menino Zigue-zague” (“The
ZigZag Kid”), 2012, co-produção Bélgica/Inglaterra, dirigido por Vincent Bal, é
adaptado do livro homônimo do escritor israelense David Grossman. Nono (Thomas Simon) é um adolescente de 13 anos filho do
policial Jacob (Fedja van Huet). De tanto aprontar, Jacob o envia para passar
uma temporada com um tio rígido em outra cidade. Durante a viagem, porém, Nono
conhece Felix (Burghart Klaubner), um sujeito de meia idade bastante simpático,
mas que na verdade é um famoso ladrão. Nono acredita quando Felix diz que foi
seu pai quem pediu para acompanhá-lo. É claro que o roteiro da viagem é modificado, e o sumiço de Nono faz com que seu pai acredite que se trata de
um sequestro e ele mobiliza a polícia para tentar localizar o filho. Faz parte do plano de Felix levar Nono
para conhecer a famosa cantora Lola, uma Isabella Rossellini bastante envelhecida. Em sua aventura com
Felix, Nono vai descobrir alguns segredos sobre sua mãe – que ele não conheceu –
e seus avós. A aventura prometida pelo filme vira um roteiro açucarado e com pouca ação. Se você procura um entretenimento para uma sessão da tarde com
pipoca, o pessoal da Disney faz bem melhor.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
“O Gigante Egoísta” (“The
Selfish Giant”), 2012, é um drama inglês ambientado num bairro pobre da
periferia de Londres. Arbor (Conner Chapman) e Swifty (Shaun Thomas) são dois amigos
adolescentes de famílias pobres e problemáticas. Eles são inseparáveis, tanto
no colégio como no dia-a-dia nas ruas do bairro. Arbor tem um desvio
comportamental sério, é irritadiço e agressivo. Por isso, toma remédios para se
acalmar. O exemplo do irmão viciado em drogas não ajuda muito. Arbor é expulso
da escola e passa a perambular pelas ruas com Swifty. Para ajudar suas famílias
financeiramente, os dois amigos começam a recolher sucata abandonada para
vender a Kitten (Sean Gilder), dono de um ferro-velho. Não demora muito, Arbor
e Swifty começam a roubar fios de cobre da empresa pública encarregada da
manutenção da rede elétrica, o que um dia vai resultar num trágico acidente. A
diretora Clio Barnard, em seu primeiro longa, não economiza nas situações
dramáticas, reforçando o clima de tensão que permeia o filme do começo ao fim. Mas
não há dúvidas de que ela conseguiu um ótimo resultado. O filme foi selecionado
para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2013 e ganhou o Prêmio
de Melhor Filme da 24ª edição do Festival Internacional de Cinema de Estocolmo.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
“Entre Nós”, filme
nacional de 2013, conta a história de sete amigos que se encontram para um
final de semana em 1992 numa casa de campo. São todos jovens e cheios de
esperança. Em comum, o gosto pela literatura, sendo que alguns pretendem seguir
carreira como escritores. Em meio a baforadas de maconha e muito álcool, eles
combinam escrever cada um uma carta para si mesmo que será colocada numa caixa
para ser aberta só dali a 10 anos. Antes do final de semana terminar, porém,
uma tragédia vai abalar o grupo. Dez anos depois, como combinado, os amigos
voltam a se reunir na mesma casa (única locação do filme). Uns conseguiram seus
objetivos, outros fracassaram, mas todos, sem exceção, apresentam, sob o ponto
de vista pessoal, uma infelicidade e uma frustração evidentes. O encontro,
portanto, vai transcorrer num clima de um baixo astral quase insuportável,
culminando com a revelação de um segredo que acabará de vez com a festa. O
elenco tem Carolina Dieckmann, Caio Blat, Paulo Vilhena, Martha Noill, Maria
Ribeiro, Júlio Andrade e Lee Taylor. A direção é de Paulo Morelli (“A Cidade
dos Homens”). Finalmente um filme nacional com temática séria, saindo da
mesmice das comédias que impera ultimamente no cinema tupiniquim.
terça-feira, 24 de junho de 2014
Representante
oficial do Canadá na disputa do Oscar 2014 de Melhor Filme Estrangeiro, “Gabrielle”
é o segundo longa dirigido por Louise Archambault. A história gira em torno de
um grupo de jovens e adultos especiais, a maioria deles com a Síndrome de
Williams, doença próxima ao Autismo, que ensaiam para uma apresentação especial
do coral do centro de apoio onde vivem. A figura central é a jovem Gabrielle
(Gabrielle Marion-Rivard), uma alegre e sorridente jovem (a atriz é portadora
da doença na vida real) que acredita ter condições de morar sozinha, ao
contrário do que pensam sua mãe, a irmã e os terapeutas do centro. Ele quer ser
independente como a irmã Sophie (Mélissa Désormeaux-Poulin). Em meio a esse
dilema, Gabrielle se apaixona por Martin (Alexandre Landry), um jovem com o
mesmo problema que ingressa no coral. Martin também se apaixona por Gabrielle. As
famílias de cada um, além do pessoal do centro, terão que se virar para que os
dois não cheguem aos finalmente. Mas são os ensaios do grupo, sem dúvida, os
momentos mais comoventes do filme. É de tocar o coração ver aqueles rapazes e
moças cantarem com tanta emoção e alegria. A gente percebe que a música, para
eles, significa uma espécie de libertação e também uma terapia. Destaque para a
participação especial do consagrado cantor canadense Robert Charlebois, que
topou participar das filmagens e cantar com o coral. Além da interpretação
luminosa da jovem Marion-Rivard, impressiona o trabalho do ator Alexandre
Landry como portador da síndrome, já que na vida real ele é normal. A dupla
recebeu prêmios em vários festivais pelo mundo afora. Prepare o seu coração
para assistir a um dos filmes mais sensíveis e comoventes dos últimos anos.
O drama “Cinzas e Sangue” (“Cendres
et Sang”), 2009, marcou a estreia da atriz francesa Fanny Ardant como
roteirista e diretora. Uma estreia, aliás, bastante pretensiosa, principalmente
ao adaptar para o cinema o ensaio “Esquilo ou o Eterno Perdedor”, do escritor albanês
Osmail Kadaré. A história começa com Judith (a atriz israelense Ronit Elkabetz)
e seus três filhos viajando para a Romênia, sua terra natal, a fim de comparecer
ao casamento de uma prima. No filme fica mal explicado que ela deixou a Romênia
há 10 anos depois do assassinato de seu marido por uma família rival. Judith
não queria voltar, mas por insistência dos filhos acabou viajando. Quando
chegam lá, porém, as rivalidades do passado entre as famílias voltam à tona e o
espírito de vingança assume o comando das ações, culminando numa tragédia. O
excesso de personagens, com alguns atores muito parecidos uns com os outros,
acaba confundindo o espectador, que por um bom tempo ficará perdido em
adivinhar quem é quem. As filmagens foram realizadas na Transilvânia (Romênia)
tendo como cenário bonitas paisagens campestres. Se Ardant colocasse um vampiro
como personagem, talvez o filme não ficasse tão chato. Ardant insistiu como
diretora e, em 2013, fez “Cadences Obstinées”, que ainda não tive coragem de
assistir.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
“Apenas
um Suspiro” (“Le Temps de L’Aventure”),
2013, França, direção de Jérôme Bonnel. A
atriz de teatro Alix Aubane (Emmanuelle Devos) sai de Calais e vai de trem para
Paris, onde tem marcado um teste para uma grande peça, vai tentar almoçar com a
mãe e ainda encontrar o ex-namorado com quem pretende reatar. Durante a viagem,
ela troca olhares com um homem de meia-idade (Gabriel Byrne). Ao chegarem a Paris,
ele pede a ela informações sobre como chegar a uma igreja. Um passageiro se intromete
na conversa e Alix perde o homem de vista. Numa atitude inesperada e um tanto
sem nexo, Alix vai até a igreja que o homem mencionara no trem. É lá que ela
vai se aproximar do homem e, logo depois, sem mesmo saber o nome dele, vai para
a cama com o desconhecido (só mais tarde saberá que ele se chama Douglas). Alix passa o filme indo de lá pra cá e de cá
pra lá, sem saber o que fazer ou aonde ir. Não bastasse esse enredo insosso e de
certa forma inverossímel, os diálogos são enfadonhos e a atriz Emmanuelle Devos,
além de feiosa, passa o filme inteiro com a expressão de quem chupou um limão
em jejum. O ator Gabriel Byrne pouco fala e, quando o faz, não diz nada de
interessante. Pior que o filme, só o título que deram em português.
“Tempestade na Estrada” (“Cloudburst”),
EUA, 2011, direção de Thom Fitzgerald. Embora o enredo pudesse descambar para
um drama, o filme é recheado de humor, com algumas cenas que chegam a ser
hilariantes. Stella (Olympia Dukakis) e Dot (Brenda Fricker), mulheres na faixa
dos 80 anos, vivem como amantes e companheiras há 31 anos numa pequena casa na
costa do Maine. Um dia, Dot, que é cega, sofre um acidente caseiro e Stella é
responsabilizada por Molly (Kristin Booth). Segundo Molly, Stella não tem mais
condições de cuidar de sua avó. Molly, então consegue uma ordem judicial para
internar Dot numa casa de repouso, de onde é “sequestrada” por Stella. As duas pegam
estrada e vão para o Canadá, onde pretendem se casar e, assim, evitar futuras
interferências de Molly. Aí começa um road
movie dos mais movimentados. No meio
do caminho, elas dão carona para o jovem Arnold (John Dunsworth), que vai
visitar a mãe que está doente. Sem papas na língua, desbocada, irreverente e briguenta,
Stella é a responsável pelos melhores momentos de humor. Aí entra o
talento dessa grande atriz que é Olympia Dukakis. O filme diverte, tem lá seu
lado comovente, e é um ótimo entretenimento.
domingo, 22 de junho de 2014
Imperdível
para quem curte o mundo fashion da moda, principalmente a alta costura, “Yves Saint-Laurent”, 2013, dirigido por Jalil Lespert, mostra
os duas faces da personalidade do famoso estilista: a primeira diz respeito à
genialidade criativa de Saint-Laurent, que revolucionou o mundo da moda a
partir do final dos anos 50. O outro lado revela um artista temperamental,
egocêntrico, dado a chiliques e, pior, alcoólatra, promíscuo e viciado em drogas.
O filme acompanha a trajetória de Saint-Laurent desde 1957, quando, aos 21
anos, assume a direção da Christian Dior. Pouco depois, conhece Pierre Bergé,
com o qual se associa para fundar a grife Yves Saint-Laurent. Os dois também eram amantes e moravam juntos.
Além dos ótimos atores Pierre Niney (Saint-Laurent), Guillaume Gallienne
(Bergé) e Charlotte Le Bon (Victory, principal modelo e amiga de Laurent), merecem
destaque as cenas dos deslumbrantes desfiles ao som de árias de ópera. A
semelhança do ator Niney com o famoso estilista impressiona. Bergé, ainda vivo
(Saint-Laurent morreu em 2008), foi conhecer o ator no set de filmagem e chegou
a chorar ao vê-lo de perto. Futilidades à parte, um belo filme.
“O Coração Normal”
(“The Normal Heart”), 2013, direção de Ryan Murphy, é um filme da HBO ambientado
em 1981 e mostra o início da epidemia da AIDS em Nova Iorque. A história,
baseada em fatos reais, foi escrita por Larry Kramer e virou peça de teatro de
bastante sucesso nos EUA e na Inglaterra nos anos 80 e 90. O filme começa
mostrando um grupo de gays reunido para um final de semana numa praia exclusiva.
A promiscuidade corre solta e traduz claramente a ideia de como a epidemia
começou. No hospital onde trabalha a Dra. Emma Brokner (Júlia Roberts), vários
pacientes começam a morrer da mesma maneira e a doença passou a ser chamada de “câncer
gay”. Em reuniões com grupos de gays, a médica pede que não façam sexo por um
tempo até a causa da doença ser descoberta. A receptividade ao seu apelo foi
praticamente zero. Aí a coisa descambou de vez, com o aumento significativo de
casos e de mortes. O escritor e também gay Ned Weeks (Mark Ruffalo), ao descobrir
que seu namorado Felix (Matt Boomer) contrai a doença, organiza um grupo – que hoje
seria uma ONG – para cobrar das autoridades que invistam urgentemente em
pesquisas para descobrir a causa da doença. Não há dúvida de que é um drama
bastante impactante e comovente, principalmente quando mostra os efeitos da
doença e a impressionante decadência física no antes bonitão e saudável Felix – o ator Matt Boomer perdeu 19 quilos,
assim como Matthew McConaughey em “Clube de Compras Dallas”.
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