sábado, 6 de novembro de 2021

 

“EM GUERRA COM O VOVÔ” (“THE WAR WITH GRANDPA”), 2020, Estados Unidos, 1h38m, distribuição Amazon Prime Video, direção de Tim Hill, seguindo roteiro assinado por Tom J. Astle e Matt Ember, que se inspiraram no livro homônimo escrito por Robert Kimmel Smit. Trata-se de uma boa comédia com um elenco de peso, incluindo os veteranos Robert De Niro, Uma Thurman, Christopher Walken, Jane Seymor e Cheech Marin, além de alguns atores infantis de futuro, como o esperto Dakes Fegley. As confusões começam quando Sally (Uma Thurman) resolve levar o pai problemático e recém-viúvo Ed (De Niro) para sua casa. Peter (Fegley) é obrigado, muito a contragosto, a ceder o seu quarto para o avô e vai morar no sótão. Para o garoto, essa mudança merece uma declaração de guerra. Claro, contra o avô. Peter começa a implantar várias armadilhas contra o avô inimigo, incluindo colocar uma enorme cobra na cama dele, entre outras travessuras. Ed contra-ataca, aprontando algumas surpresas desagradáveis para o neto. Evidente que não há intenção, de nenhuma das partes, de machucar a outra, mas os aprontos são hilariantes, culminando na festa de aniversário da irmã de Peter, durante a qual a bagunça chega ao clímax. Se há momentos muito engraçados – como as cenas em que Sally se defronta com um policial de moto -, há alguns que merecem apenas um riso amarelo, como a ridícula disputa de um jogo de “queimada” em um parque de pula-pulas. O resultado geral, no entanto, é bastante favorável. A comédia é muito divertida, ideal para curtir com a família numa sessão da tarde. Pode encarar numa boa.                    

 

“INDECÊNCIA” (“MO”), 2019, Romênia, 1h16m, distribuição Amazon Prime Video, filme que marcou a estreia no roteiro e direção de Radu Dragomir. Inspirado em fatos reais, o filme causou grande polêmica quando de seu lançamento na Romênia, principalmente entre os críticos, muitos dos quais o saudaram com muitos elogios. Não é um filme muito fácil de digerir, mas quem conseguir chegar ao seu final terá visto um drama bastante inquietante cuja tensão cresce a cada cena. Inédito nos cinemas brasileiros, “Indecência” conta a história de Monica, a “Mo” do título (Dana Rogoz, esposa do diretor) e Vera (Madalina Craiu), que, apesar de amigas de infância, possuem o temperamento completamente diferente uma da outra, como poderá ser constatado durante o transcorrer da história. Elas chegam a Bucareste para prestar as provas de ingresso à universidade – equivalente ao nosso vestibular. Em uma das provas, elas são flagradas pelo rigoroso professor Ursu (Razvan Vasilescu). Na tentativa de reverter a situação, elas pedem a Ursu uma segunda chance. Então ele as convida para jantar em seu apartamento. E é aqui que as coisas acontecem, na base de muito papo, vinho e as tentativas de sedução por parte do professor. Além do excelente desempenho do trio principal de protagonistas e do aumento do clima de tensão a cada cena, o filme contém diálogos primorosos, principalmente aqueles em que o professor faz um pequeno “vestibular” com perguntas sobre música e cinema. Destaco como impressionante a presença da atriz Dana Rogoz, que faz o papel de uma jovem estudante com cara de adolescente, quando na verdade tem 35 anos na vida real. Deve ter tomado baldes da fonte da juventude. Incrível! Como já escrevi no início deste comentário, “Indecência” não é um filme fácil, aproximando-se daqueles que a crítica especializada costuma chamar de “cinema de arte”. De qualquer forma, é um filme bastante inovador e surpreendente do excelente cinema romeno. Recomendo.                  

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

 

“O CASO COLLINI” (“DER FALL COLLINI”), 2019, Alemanha, distribuição Netflix, 2h03m, direção de Marco Kreuzpaintner. O roteiro é assinado por Christian Zübert, Robert Gold e Jens-Frederik Otto, inspirados nos fatos verídicos relatados no livro  “Der Fall Collini”, escrito por Ferdinand Von Schirach. O pano de fundo, como em inúmeros outros filmes, envolve as atrocidades praticadas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. “O Caso Collini” é centrado nas consequências do assassinato do influente empresário alemão Hans Meyer (Manfred Zapatika), em 2001, na suíte presidencial do Hotel Circle, em Berlim. O italiano Fabrizio Collini (Franco Nero), o autor do crime, não foge, se entrega à polícia e confessa que matou o empresário. O jovem advogado Caspar Leinen (Elyas M’Barek) assume a defesa, mas terá de enfrentar, logo de cara, três grandes desafios. Primeiro, Collini se recusa a dizer o motivo que o levou a assassinar Meyer. Segundo, o promotor é o famoso e experiente advogado Richard Mattinger (Heiner Lauterbach), que foi professor de Caspar na faculdade. O terceiro desafio, e o pior, diz respeito ao fato de que Meyer adotou Caspar ainda criança, criando-o como se fosse da família (a mãe de Caspar, imigrante turca, era empregada na mansão do empresário). Olha só que situação! Mas Caspar encarou o trabalho com determinação, mesmo sem experiência de tribunal e com a pressão dos familiares de Meyer, principalmente a neta Johanna (Alexandra Maria Lara), para não assumir a defesa de Collini. Com o silêncio de Collini, o jovem advogado resolve viajar até a Itália e tentar descobrir alguma informação sobre o passado de Collini e, quem sabe, a sua motivação para o crime. Caspar faz descobertas estarrecedoras sobre o que aconteceu com a família Collini durante a Segunda Guerra Mundial. E mais: conseguiu desvendar um fato jurídico ocorrido em 1968 e que se transformou em um dos maiores escândalos judiciais do pós-guerra na Alemanha. A cena final do julgamento é emocionante, o melhor momento desse excelente drama alemão. Mais um ótimo lançamento da Netflix. Não perca!                   

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

 

“CORES DA JUSTIÇA” (“BLACK AND BLUE”), 2019, Estados Unidos, distribuição Amazon Prime, 1h48m, direção de Deon Taylor, seguindo roteiro de Peter A. Dowling.  Vamos à história. Depois de servir no exército em duas ocasiões no Afeganistão, Alicia West (Naomie Harris) ingressa na polícia de Nova Orleans. Em uma diligência com seu parceiro Deacon (James Moses Black), na periferia da cidade, ela flagra o detetive Terry Malone (Frank Grillo), da delegacia de narcóticos, executando um jovem traficante, por sinal sobrinho do chefão do tráfico Darius Tureau (Mike Colter). Ao se recusar a entregar a câmera para Malone, Alicia é obrigada a fugir e se esconder dos policiais corruptos cúmplices de Malone. Para piorar ainda mais sua situação, Malone conta a Darius que quem matou seu sobrinho foi Alicia. Sozinha em fuga pelas ruas de um bairro barra-pesada e nas proximidades do violento conjunto residencial Kingston Manor, dominado por Darius, Alice terá que se desdobrar para escapar tanto da gangue de Darius como de seus próprios colegas policiais. Ela só poderá contar com a ajuda de Mouse (Tyrese Gibson), funcionário de um mercado. O espectador vai sofrer com a moça até o final. “Cores da Justiça” apresenta todos os ingredientes básicos de um filme policial: ação, suspense, pancadaria, perseguição, tiros, bandidos, policiais corruptos, muita tensão e algumas reviravoltas. Para ser classificado como bom, porém, faltou um ingrediente muito importante: qualidade. Com exceção de Naomie Harris, o elenco é fraco e alguns atores apresentam uma atuação que beira o ridículo. O roteiro também ficou devendo. É fácil constatar os defeitos como, por exemplo, numa cena em que Alicia algema um policial na direção do carro e logo depois ele aparece leve, livre e solto. Calma, o filme não é de todo ruim, mas fica longe de ser classificado como imperdível. Esquecível talvez seja mais apropriado. Em todo caso, tem a atriz Naomie Harris, ainda bonita e em grande forma aos 45 anos. Veterana em Hollywood, ela tem no currículo três filmes da franquia James Bond (“007 Contra Spectre”, “Operação Skyfall” e o recente “Sem Tempo para Morrer”), além de tantos outros.             

terça-feira, 2 de novembro de 2021

 

“FUGA PELA FRONTEIRA” (“FLUKTEN OVER GRENSEN”), 2020, Noruega, distribuição Amazon Prime Video, 1h36m, primeiro longa da cineasta Johanne Helgeland (mais conhecida como diretora de séries televisivas) e roteiro assinado por Maja Lunde e Espen Torkildsen. Inspirado em fatos reais, o filme é uma aventura infanto-juvenil ambientada em 1942, quando a Noruega sofria a ocupação do exército nazista. Depois que seus pais foram presos pelos alemães, acusados de pertencerem à resistência, Gerda (Anna Sofie Skarholt) e Otto (Bo Lindquist-Ellingsen) encontram, escondidos no porão da sua casa, duas crianças judias, os irmãos Sarah (Bianca Ghilardi) e Daniel (Samson Steine). Ao esconderem as crianças, os pais de Gerda e Otto intencionavam protegê-las dos nazistas e levá-las para a Suécia. Gerda e Otto descobrem a intenção dos pais e decidem, por conta própria, levar os irmãos judeus. Aí começa a incrível jornada das quatro crianças, uma verdadeira aventura repleta de perigos em meio ao inverno rigoroso da Noruega. A esperta Gerda, de apenas 10 anos, é quem dá as ordens. Durante a perigosa viagem, eles se defrontarão com inúmeros desafios. Além da perseguição dos alemães, passarão muita fome e frio, mas seguirão adiante. Uma verdadeira jornada de amadurecimento. No elenco, o grande destaque é a atriz Anna Sofie Skarholt no papel de Gerda. “Fuga pela Fronteira” é um filme indicado para toda a família, pois valoriza aspectos como a amizade, a solidariedade e a coragem. Resumindo, um filme cativante que merece ser visto.         

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

 

“DREAMLAND – SONHOS E ILUSÕES” (“DREAMLAND”), 2020, Estados Unidos, 1h38m, distribuição Amazon Prime, direção de Milers Joris-Peyrafitte, seguindo roteiro de Nicolaas Zwart. Estamos em 1934, em plena fase da Grande Depressão. O jovem Eugene Evans (Finn Cole) vive com o padrasto George (Travis Fimmel), com a mãe Olivia (Kerry Condon) e com a irmã pequena Phoebe (Darby Camp) numa pequena fazenda no interior do Texas. A família vive endividada, à beira da falência. Para tentar solucionar o problema, Eugene sonha em capturar uma assaltante de bancos procurada pela polícia e cuja captura renderá US$ 10 mil a quem conseguir. A assaltante é Allison Wells (Margot Robbie), que costumava praticar seus delitos com um parceiro e namorado. Uma espécie de Bonnie e Clyde. Só que o Clyde ficou para trás depois de ser morto durante um tiroteio com a polícia. Ferida com um tiro na perna, Bonnie, ou melhor, Allison, acabou se escondendo num celeiro, justamente o da fazenda de Eugene. Claro que o rapaz descobre a moça e, ao invés de entregá-la para a polícia e receber a recompensa, cuida do ferimento dela, a esconde no celeiro e, para piorar a situação, ainda se apaixona por ela. Cego por essa paixão inesperada, Eugene rouba um carro para fugir com Allison e ainda a ajuda a assaltar um banco. Com a polícia em seu encalço, incluindo o padrasto, que é vice-xerife, Eugene tentará chegar ao México com Allison. A história é narrada em off pela irmã de Eugene já adulta (Lola Kirke, que não aparece), o que sugere que os fatos apresentados pelo roteiro podem ser verídicos – não encontrei referências a respeito. Se há um bom motivo para assistir a esse drama, este é a atriz australiana Margot Robbie, que além de competente é linda de morrer, talvez a mais bela atriz do cinema atual, um misto de Sophia Loren e Ingrid Bergman. Sem contar um bônus especial: ela aparece nua numa bela cena erótica. Não que Margot seja o único motivo para assistir “Dreamland”. A história também é legal, o elenco é ótimo, assim como a fotografia e a recriação de época. Pode assistir sem medo de ser feliz, mesmo porque a felicidade vem com a bela atriz – até rimou.