“O
CÂNTICO DOS NOMES” (“THE SONG OF NAMES”), 2019, Canadá/Estados Unidos, 1h53m,
disponível na plataforma Amazon Prime Video, direção de François Girard, com
roteiro de Jeffrey Caine. Trata-se de um belíssimo drama ficcional inspirado no
livro homônimo escrito em 2001 pelo jornalista inglês e crítico musical Norman
Lebrecht. Às vésperas da invasão alemã à Polônia, em 1939, o menino Dovidl Rappaport
é levado pelo pai judeu para a Inglaterra para se aperfeiçoar nos estudos de
violino e, ao mesmo tempo, escapar da invasão nazista. Aos 9 anos, um gênio do
violino, Dovidl é acolhido pela família de Gilbert Simmonds (Stanley Townsend),
um aficionado pela música clássica. Dovidl logo faz amizade com o filho de
Gilbert, Martin (Misha Handley), e ambos são criados como irmãos. A partir daí, o filme acompanha a trajetória e
Dovidl e Martin durante os próximos 45 anos. A amizade entre os dois seria
abalada por um fato ocorrido em 1951. Martin promoveu um importante concerto em
Londres durante o qual Dovidl seria o violinista principal. Resumo da ópera,
Dovidl não apareceu. Simplesmente sumiu. E assim ficou sumido por mais de 40
anos. Martin jamais desistiu de achar o amigo, viajando pela Europa toda e
depois para os Estados Unidos, onde finalmente o reencontraria. No filme,
Dovidl é vivido, aos 9 anos, por Luke Doyle (ator que também é um excelente
violinista), na juventude, por Jonah Hauer-King, e como adulto por Clive Owen. Martin
menino é interpretado por Misha Handley, na juventude por Gerran Howell e
adulto por Tim Roth. Também estão no elenco Stanley Townsend, Catherine
McCormack, Jeffrey Caine, Saul Rubinek, Amy Sloan, Magdalena Cielecka e Marina
Hambro. Além de ter como pano de fundo a questão do holocausto judeu durante a
Segunda Grande Guerra, a história possui um forte conteúdo musical. Não poderia
ser de outra forma, pois o diretor canadense François Girard é especialista no
gênero musical, como já provou dirigindo filmes como, por exemplo, “O Coro
(2014), “O Violino Vermelho” (1998) e ”Bach Cello Suite #2: The Sound Of
Carceri” (1997). O ator Tim Roth também tem seu currículo ligado à música, pois atuou como personagem principal também no filme "A Lenda do Pianista do Mar", de 1998, mais uma pequena obra-prima do diretor italiano Giuseppe Tornatore. Outros destaques que merecem ser citados dizem respeito à
excelente fotografia, ao competente roteiro e à primorosa recriação de época.
Sem falar na exuberante trilha sonora – na verdade, os solos são executados pelo
violinista Ray Chen, nascido em Taiwan e radicado atualmente na Austrália. Aspectos
da tradição judaica também merecem destaque na história, como aquele que dá
nome ao filme, que é o ato de cantar e citar em voz alta, na sinagoga, os nomes
dos judeus que perderem a vida nos campos de concentração - no caso do filme, o campo de Treblinka. Momentos comoventes
como esse permeiam por todo o filme, valorizando ainda mais a história que, por
si só, já coloca “O Cântico dos Nomes” como um dos melhores lançamentos da
Amazon Prime Video neste ano. Imperdível!