sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

 

“O CONVIDADO” (“THE Wedding Guest”), 2018, Inglaterra, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 1h36m, roteiro e direção de Michael Winterbotton. Mesmo com a presença do astro inglês Dev Patel, de tantos filmes bons como “Quem Quer ser um Milionário?”, “Lion”, “O Último Mestre do Ar” e “O Exótico Hotel Marigold”, e da atriz indiana Radhika Apte, um grande nome do cinema de Bollywood, “O Convidado” apresenta um resultado final decepcionante. Nenhuma surpresa se levarmos em conta o currículo do diretor inglês Michael Winterbotton, responsável por tantos filmes irregulares e inexpressíveis. "O Convidado”, certamente, é mais um deles. A história é centrada no britânico muçulmano Jay (Patel), que viaja da Inglaterra para o Paquistão como convidado de uma festa de casamento. Só que o seu objetivo não é exatamente beber champanhe e comer bolo, e sim sequestrar a noiva, Samira (Radhika Apte). Jay foi contratado para executar esse serviço por Deepesh (Jim Sarbh), ex-namorado da moça. Jay consegue sequestrar a moça, mas é obrigado a matar um segurança. O caso ganha repercussão na mídia e a polícia sai no encalço do sequestrador e da sequestrada. Aí começa um road movie pelas estradas e cidades do Paquistão e da Índia. O diretor Winterbotton privilegia cenas nos centros urbanos, mostrando o trânsito caótico das cidades, mas nada que acrescente ação e suspense à narrativa. Pelo contrário, o filme se arrasta em 1ª marcha, em ritmo lento, quase sonolento. Com o andar da carruagem, a gente loto percebe que está prestes a assistir a mais uma sequestrada acometida pela tal Síndrome de Estocolmo. Não dá outra. Trocando em miúdos, o filme é muito chato e previsível, e fica pior ainda quando o roteiro inventa a aparição de pedras preciosas. Somando os prós e os contras, só dá os contras.                          

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

 


“SOU SUA MULHER” (“I’M YOUR WOMAN”), 2020, Estados Unidos, produção original Amazon Studios, 120 minutos, direção de Julia Hart, que também assina o roteiro com a colaboração de Jordan Horowitz. É um suspense que se arrasta em ritmo lento até perto do desfecho, quando então acontece alguma ação. A história é centrada em Jean (Rachel Brosnahan), que de repente se vê enfrentando uma grande confusão depois do misterioso desaparecimento do marido Eddie (Bill Heck), um pilantra envolvido com gente da pior qualidade. Para complicar ainda mais a situação, antes de sumir Eddie aparece em casa com um bebê, dizendo que é um presente para Jean – um verdadeiro presente de grego. Completamente desorientada, Jean não tem a mínima ideia do que aconteceu com o marido, até que surge no pedaço um tal de Cal (Arinzé Kene), que se identifica como amigo de Eddie e dizendo que ela precisa fugir com urgência, pois também está, assim como o marido, na mira de uma poderosa gangue. Fugindo de um esconderijo para outro, sempre com a proteção de Cal, Jean tenta aguentar a pressão e ainda cuidar, sem a experiência devida, do bebê adotado, cuja origem também é misteriosa. Em meio a essa confusão, ainda surge em cena a esposa de Cal, Teri (Marsha Stephanie Blake), que também se mantém em silêncio sobre a situação, além de esconder um fato surpreendente de seu passado, só revelado perto do desfecho. Embora o clima de tensão esteja presente em toda a trama, o ritmo lento exige uma certa paciência por parte de quem está assistindo. O maior destaque do filme é, sem dúvida, o excelente trabalho da atriz Rachel Brosnahan, que, além de bonita, é muito competente, tanto que já venceu um Emmy em 2018 e o Globo de Ouro em 2019/2020 por sua atuação na série “Maravilhosa Sra. Maisel”. Enfim, entre altos e baixos, trancos e barrancos, “Sou Sua Mulher” não apresenta um resultado final muito satisfatório. Ou seja, não é nenhuma Brastemp, mas também não chega a ser uma geladeira de isopor.                       

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

 

“AS LEGIÕES EMERGENTES” (“LEGIONY”), 2019, Polônia, disponível na plataforma Amazon Prime Video, 2h20m, roteiro e direção de Dariusz Gajewski. Estamos em 1914, início da 1ª Guerra Mundial, e a Polônia luta para se livrar do domínio de 123 anos exercido por Rússia, Alemanha e Áustria. As legiões emergentes do título referem-se aos batalhões poloneses que lutaram durante aquele conflito contra as forças dominantes, conseguindo ao final da guerra libertar e unificar o País. Este é o pano de fundo que domina a história desse excelente drama de guerra, baseada em relatos da época. Os principais personagens são três: Jósek Wieza (Sebastian Fabijanski), desertor do exército czxarista que se junta às legiões polonesas; a jovem Aleksandra “Ola” (Wiktoria Wolanska), agente de inteligência da 1ª brigada polonesa e membro da Liga Feminina; e finalmente Tadeusz “Tadek” Zbarski (Bartosz Gelner), soldado da equipe de fuzileiros. A trama se desenrola com foco na situação enfrentada pelas legiões polonesas diante de seus inimigos. As cenas de batalha são sensacionais, talvez as melhores que já vi no cinema, com centenas de figurantes enfrentando-se no corpo-a-corpo com baionetas, trincheiras, tiros de canhão, cavalarias e muito sangue jorrando pelos cenários de guerra. Para amenizar o contexto de violência, o roteiro dedica uma parte da história ao triângulo amoroso entre Jósek, Ola e Tadek. Depois que Tadek, noivo de Ola, parte para o front e não volta, Jósek tenta diminuir o sofrimento da moça, oferecendo o ombro e muito mais. Dois ou três anos depois, Tadek aparece vivo e tenta recuperar a noiva. Trocando em miúdos, “As Legiões Emergentes” é um grande filme, um épico de muita qualidade do cinema polonês, além de uma verdadeira aula de história. Não perca!                   

domingo, 5 de dezembro de 2021

 

“PETERLOO”, 2018, Inglaterra, roteiro e direção de Mike Leigh, 2h34m, disponível na plataforma American Prime Video. Trata-se de uma superprodução que rememora um fato trágico de grande importância na história da Inglaterra, ou seja, o Massacre de Manchester. No dia 6 de agosto de 1819, na cidade de Manchester, norte da Inglaterra, forças do exército britânico mataram 15 pessoas e feriram mais de 700 durante um protesto pacífico em favor do direito a voto. “Peterloo”, clara referência à Batalha de Waterloo, em 1815, quando o exército francês de Napoleão Bonaparte foi derrotado pelos ingleses, explora principalmente os acontecimentos ocorridos antes do fatídico dia. Dessa forma, acompanhamos as discussões das organizações reformistas que planejaram o levante da população pobre, aos moldes da revolução francesa. De maneira alternada, o roteiro destaca o pensamento e a retórica de um lado e do outro, ou seja, do governo real inglês e de seus opositores, ativistas que defendiam a população mais pobre, cuja principal bandeira era “Liberdade ou Morte”. Essas discussões são a cereja do bolo de “Peterloo”, uma verdadeira aula de história, pois apresentam de forma clara o pensamento de cada um dos lados em conflito, inclusive o planejamento dos preparativos para o grande dia, marcado para a Praça St. Peter, a principal de Manchester. Aqui, ocupando toda a área central e ruas adjacentes, a população aguardava com enorme expectativa o discurso do seu líder, o ativista Henri Hunt, mas suas palavras não chegariam ao fim, com a entrada violenta e sem piedade da cavalaria do exército inglês. Este é mais um grande filme do cineasta Mike Leigh, cujos filmes sempre contam histórias sobre as classes trabalhadores, focando-as na política e nas questões sociais. Foi assim em dois de seus filmes mais conhecidos, pelos quais foi indicado como Melhor Diretor do Oscar: “Segredos e Mentiras” e “O Segredo de Vera Drake”. Não há muitos atores conhecidos no elenco de “Peterloo”, a maioria deles oriundo do teatro britânico, do qual Mike Leigh também é um diretor consagrado. Vou citar alguns nomes mais importantes do elenco: Maxine Peake, Rory Kinnear, Neil Bell, Philip Jackson, Karl Johnson, Tim McInnerny, Vincent Franklin, Alastair Mackenzie e David Moorst. O contexto histórico de “Peterloo” deve agradar quem curte, como eu, os fatos da história mundial. E tem ainda como trunfos adicionais o excelente roteiro, a primorosa recriação de época e uma exuberante fotografia. Imperdível!