sábado, 10 de janeiro de 2015

“POR UMA MULHER” (“Pour Une Femme”), 2013. A história desse drama francês é ótima, inspirada nas memórias da mãe da diretora Diane Kuris - em alguns filmes anteriores, a mãe da diretora também virou personagem. O filme começa em 1985, quando Anne (Sylvie Testud), ao remexer as coisas da mãe, falecida há três meses, encontra algumas fotos e um diário. Em flashback, a ação passa para 1945. Três anos antes, os judeus russos Michel (Benoit Magimel) e Léna (Melanie Thierry) fogem de um campo de concentração nazista na França. Vão morar em Lyon. Michel já está estabelecido como alfaiate com loja própria. Léna dá mostras de que está infeliz, pois fica trancada no apartamento tomando conta da filha pequena – Anne. Ela quer trabalhar, nem que seja na alfaiataria, mas Michel não permite. Até que um dia chega Jean (Nicolas Duvauchelle), que Michel apresenta como sendo seu irmão e o hospeda em sua casa. Na verdade, Jean faz parte de uma organização judaica que caça criminosos nazistas pela Europa e está em Lyon para realizar uma missão. Com o tempo e a convivência praticamente diária, Léna vai se aproximar cada vez mais de Jean. Pouco antes de estrear nos cinemas brasileiros, o filme foi exibido no Festival do Rio de Janeiro, em setembro de 2014. No elenco, destaque para esse estupendo ator que é o francês Benoit Magimel.  O filme é muito bom e merece ser conferido por quem curte cinema de qualidade.                                                 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O drama “PIAZZA FONTANA: UMA CONSPIRAÇÃO ITALIANA” (“Romanzo di Una Strage”), 2014, direção de Marco Tullio Giordana, dá sequência à tradição do cinema italiano de realizar ótimos filmes políticos. Já tivemos Elio Petri (“Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita"), Gillo Pontecorvo (“A Batalha de Argel”), Francesco Rosi ("O Caso Mattei") e Marco Bellocchio (“Vincere”), entre tantos outros diretores. O filme de Giordana relata o caso do atentado à bomba ocorrido em 12 de dezembro de 1969 no Banco Nacional da Agricultura, na Praça Fontana, em Milão, que provocou a morte de 17 pessoas e ferimentos em outras 88. O filme centra a história nas investigações realizadas pelo Comissário Luigi Calabresi (Valerio Mastandrea), mostrando a detenção de suspeitos anarquistas e seus posteriores interrogatórios. A morte de um deles, Giuseppe Pinelli (PierFrancesco Favino), que “cometeu suicídio” quando era interrogado, complicará a vida de Calabresi. Durante as investigações, Calabresi passa a desconfiar que fanáticos de direita tenham praticado o atentado para jogar a culpa nos anarquistas. Sofrendo pressões de ambos os lados, Calabresi tentará descobrir a verdade e agir com justiça. O maior mérito do filme é mostrar, quase num tom de reportagem – todo o enredo é baseado em fatos reais-, o contexto político conturbado vivido naqueles anos pela Itália e por outros países no mundo inteiro. Um filme muito bem realizado, ideal para quem gosta da história política mundial contemporânea.                           

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Do bumbum de um nenê e da cabeça de um diretor de cinema a gente nunca sabe o que vai sair. Muitas vezes sai a mesma coisa. Principalmente se o diretor for também o escritor da história. É o caso do dramaturgo norte-americano Neil LaBute, que escreveu e dirigiu, em 2013, “SOME VELVET MORNING” (ainda sem tradução por aqui). O filme tem apenas dois personagens e é inteiramente ambientado numa casa. A campainha toca e Velvet (Alice Eve) atende à porta. De mala e cuia (só dá pra ver a mala) aparece Fred (Stanley Tucci), seu ex-amante que não via há cerca de quatro anos. Ele chega e diz que se separou e veio para morar com ela. Aí tem início um verdadeiro tormento para o espectador. Fred e Velvet vão discutir a antiga relação, o fato dela ser uma prostituta de luxo e ainda ter como namoradinho o filho do ex-amante. E assim o filme se arrasta até o final, com diálogos enfadonhos e medíocres. Pela sua experiência em dramaturgia, LaBute certamente optou por adaptar para a tela um texto idealizado para os palcos. Mas nem se fosse uma peça teatral se salvaria da chatice. No desfecho, uma reviravolta tenta poupar o espectador de uma overdose de tédio. Só para ilustrar, o título original foi inspirado numa canção gravada em 1967 por um dueto formado por Nancy Sinatra e Lee Hazlewood.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

“CANTINFLAS – A Magia da Comédia” (“Cantinflas”), 2014, México, é uma merecida – e até tardia – cinebiografia do ator Mario Moreno, que nas décadas de 40 e 50 foi o maior ídolo do cinema mexicano. Seu personagem Cantinflas arrastou multidões para as salas de cinema do México e também foi um grande sucesso em outros países, o Brasil incluído. Cantinflas nasceu como personagem cômico na década de 30, quando fazia shows em teatros de periferia e circos. Nesses palcos, sua maior virtude como comediante era a improvisação. Depois que começou a fazer filmes, seu sucesso foi arrasador. Por causa de sua indumentária e maneira de atuar, com seus trejeitos corporais, Cantinflas tinha um pouco de Carlitos e Mazzaropi. Em 1955, foi convidado por Hollywood para ser o principal protagonista de “Volta ao Mundo em 80 Dias”, filme que fez um enorme sucesso e lotou cinemas no mundo inteiro. Por esse filme, ele conquistou o Globo de Ouro como Melhor Ator de Comédia ou Musical, vencendo ninguém menos do que Marlon Brando. O filme conta tudo isso e mais alguns detalhes de sua vida pessoal, como seu grande amor pela dançarina russa Valentina Ivanova (Ilse Salas), com a qual viria a se casar. O ator que interpreta Cantinflas é o ótimo Óscar Jaenada, cuja semelhança com o antigo ídolo mexicano é impressionante. O fato de Óscar ser espanhol gerou uma onda de protestos no México. Escolhido para representar o México na disputa do Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro – não ficou entre os 9 pré-finalistas -, o filme teve críticas injustamente desfavoráveis, pois é bem feito e conta com um ótimo elenco. Charles Chaplin disse, lá pelos anos 50, que “Cantinflas é o maior comediante vivo”. Precisa dizer mais? 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Baseada em fatos reais e situada em 1988, a história contada em “GIBRALTAR” tem como personagem principal Marc Duval (Gilles Lellouche), um francês expatriado dono de um bar na ilha de Gibraltar, na Península Ibérica. Ele é casado e pai de um bebê. O bar é frequentado por todo tipo de gente, incluindo traficantes de drogas, principalmente árabes e espanhóis. Com a promessa de uma compensação financeira, o agente alfandegário Redjani Belimane (Tahar Rahim) convence Duval a ser seu informante, denunciando qualquer situação suspeita. Com muitas dívidas, ainda mais depois de ter comprado um barco, Duval aceita a condição de dedo-duro. Quem frequenta o bar normalmente fica em torno de uma mesa de snooker, e é lá que Duval coloca um microfone e um gravador. O trabalho de informante é um sucesso. Prometendo ainda mais dinheiro, Belimane arranja outras missões para Duval, inclusive levar drogas em seu barco para vendê-las. Na hora da entrega, vinha o flagrante. Se esse trabalho já era muito perigoso, Duval vai torná-lo ainda mais depois que se envolve com o italiano Claudio Lanfredi (Riccardo Scamarcio), o traficante nº 1 da Europa na época. Para piorar, Cécile (Mélanie Bernier), irmã de Duval, começa um caso com o traficante italiano. É o tipo de filme que fica fácil prever que não haverá happy-end. Mais uma vez, o cinema francês faz um bom filme policial, repleto de ação e suspense, e valorizado pelas presenças de ótimos atores como Lellouche, Rahim e Scamarcio.
As guerras, em especial a Segunda Mundial, sempre forneceram boas histórias para o cinema. Quase todas baseadas em fatos reais ou pelo menos inspiradas em relatórios militares. Mais um bom filme do gênero chega dos EUA, estrelado por Brad Pitt. Intitulado “CORAÇÕES DE FERRO” (“Fury”), 2014, conta a emocionante aventura de cinco tripulantes de um tanque de guerra norte-americano no final da Segunda Guerra Mundial, quando as forças aliadas lutam com os nazistas dentro da própria Alemanha. O durão e violento Sargento Wardaddy (Pitt) lidera o grupo, que num determinado combate perde um membro da tripulação, que logo é substituído pelo novato Norman (Logan Lerman). Só que tem um detalhe: Norman entrou no exército como datilógrafo e, por alguma falha burocrática, acabou na linha de frente. A tripulação do tanque, apelidado de “Fury”, é composta ainda por Boyd Swan (Shia Labeouf), Trini Garcia (Michael Peña) e Travis (Jon Bernthal).  O filme é bastante realista nas cenas de violência e de combates. Tem ação do começo ao fim e muito suspense. Para os fãs do gênero, um programão!