Típico representante do cinema
de arte francês, “O IGNORANTE” (“Le Cancre”),
2016, tem roteiro e direção de Paul Vecchiali, que ainda atua como o personagem
principal. É basicamente uma obra teatral, verborrágica e musical, com diálogos
bastante inspirados e bem-humorados, mas muitas vezes arrastados além da conta. A base
da história é o difícil relacionamento entre Rodolphe (Vecchiali) e seu filho
Laurent (Pascal Cervo). Ao discutir sua vida com Laurent, Rodolphe faz um
balanço reflexivo da sua agitada vida amorosa. Nesse ponto, as mulheres com as que se
relacionou surgem em cena para conversar com Rodolphe e relembrar o romance que
tiveram, os altos e baixos e, principalmente, tentam descobrir o que não deu
certo nas respectivas relações. Fica evidente, desde o início, que Rodolphe só
teve um grande amor na vida, sua cunhada Marguerite (Catherine Deneuve), irmã
de sua esposa. Os momentos mais engraçados ficam por conta da falta de sintonia
entre pai e filho. Rodolphe tem a pose aristocrática, veste hobby de chambre e
echarpes, enquanto Laurent não troca um moletom surrado, alvo constante da
implicância do seu pai. Além de Vecchiali, Cervo e Deneuve, completam o elenco atores e atrizes consagrados do cinema e teatro francês, como Mathieu Amalric, Annie Cordy, Françoise Lebrun, Françoise Arnoul, Edith Scob e Marianne Basler. Sem
dúvida, um filme bastante interessante e inteligente, mas muito longe de agradar o grande público.
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
“VIVA”, 2015, coprodução
Irlanda/Cuba, direção de Paddy Breathnach, com roteiro de Mark O’Halloran. O
drama é centrado no jovem Jesus (Héctor Medina), de 18 anos, que vive
perambulando pelas ruas de Havana tentando sobreviver fazendo bicos como garoto
de programa – os principais clientes são os turistas que visitam a ilha – e
como maquiador e penteador de perucas num clube noturno de drag queens. Ele gosta de cantar e um dia pede uma chance ao dono
do clube para fazer uma apresentação com o nome artístico de “Viva”, o que justifica
o título do filme. Jesus faz sucesso e acaba incluído na programação. Tudo vai
bem até aparecer seu pai Angel (o ótimo Jorge Perugorría), um ex-boxeador que
estava preso há 15 anos. Claro que ele, machão convicto, não vai gostar do que o filho está
fazendo e aí os dois entram em conflito, dificultando o relacionamento. Ao mesmo
tempo, o filme pinta um quadro não muito otimista sobre o regime cubano: mostra uma Havana triste, com muitos desempregados e gente sem
esperança. As pessoas vivem pedindo dinheiro emprestado para comprar comida. Para
contrastar, “Viva” apresenta um sistema público de saúde que funciona para
os mais pobres, principalmente quando Jesus precisa internar o pai gravemente
enfermo. O filme foi premiado em vários festivais pelo mundo afora e
representou a Irlanda na disputa do Oscar 2016 de Melhor Filme Estrangeiro –
foi um dos 9 pré-finalistas. Sua primeira exibição por aqui, antes do circuito
comercial, aconteceu durante o 24º Festival Mix Brasil de Cultura da
Diversidade, em novembro de 2016. Resumo da ópera: um ótimo filme que merece
ser visto por quem aprecia cinema de qualidade.
domingo, 3 de dezembro de 2017
Baseado em fatos reais, “O ZOOLÓGICO DE VARSÓVIA” (“The Zookeeper’s
Wife”), 2017, EUA/Polônia, direção da norte-americana Niki Caro, conta a incrível
história do casal Antonina e Jan Zabinski, que durante a Segunda Guerra Mundial
salvou centenas de judeus enquanto a Polônia era dominada pelos alemães.
Antonina (Jessica Chastain) e Jan (o ator belga Johan Heldenbergh) eram proprietários
do Zoológico de Varsóvia quando a invasão nazista aconteceu, em setembro de
1939. Nessa época, mantinham uma grande amizade com o zoologista alemão Lutz
Heck (Daniel Brühl), dono de um zoológico em Berlim, que depois da invasão
virou oficial nazista. Jan e Antonina ajudaram centenas de judeus a fugir dos
guetos de Varsóvia para escondê-los no seu zoológico – segundo o livro “The
Zookeepers’s Wilfe: A War Story”, escrito pela norte-americana Diane Akerman,
no qual o filme é baseado, o casal conseguiu salvar mais de 300 judeus. Um
filme emocionante e tocante, embora muito triste e, em alguns momentos, bastante chocante. Jessica
Chastain mais uma vez domina o cenário com sua habitual competência. Uma
história de coragem que merece ser conhecida.
“UM INSTANTE DE AMOR” (“Mal De Pierres”), 2016,
França, 120 minutos, direção da atriz, roteirista e diretora Nicole Garcia, que escreveu o roteiro em
conjunto com Jacques Fieschi e Natalie Carter. A história, baseada no romance best-seller “Mal Di Pietre”, da
escritora italiana Milena Agus, é ambientada nos anos 50 numa pequena aldeia
francesa, onde a jovem Gabrielle (Marion Cotillard) é conhecida por sua
rebeldia e por sua compulsão sexual. Ao ser rejeitada por um professor casado,
Gabrielle entra em surto e passa a se comportar de um modo bastante anormal. A
solução encontrada por seus pais foi arranjar um casamento com o pedreiro José
(o ator espanhol Alex Brendmühl). Com dificuldade para engravidar, Gabrielle é
examinada por um médico, que diagnosticou o tal “Mal de Pierres”, aqui
conhecido como cálculo renal. Gabrielle então é encaminhada a um spa nos alpes suíços e inicia um
tratamento para eliminar as pedras no rim. Aqui, ela conhece o tenente André
Sauvage (Louis Garrel), pelo qual se apaixona perdidamente, colocando em risco
o seu casamento com José. O filme comprova mais uma vez o talento dramático de Marion
Cotillard, já demonstrado em “Ferrugem e Osso”, “Era uma vez em Nova Iorque” e, principalmente, em “Piaf – Um Hino ao Amor”, pelo qual foi premiada com o Oscar de Melhor
Atriz em 2007. Além de tudo isso, ela é linda. “Um Instante de Amor” é muito bom e merece ser conferido. Segundo o crítico Cássio Starling
Carlos, da Folha de S. Paulo, trata-se de “Um bom champanhe servido
em copo de plástico”. Ou seja, ele não achou tão bom como eu achei. A primeira exibição de "Um Instante de Amor" por aqui aconteceu durante o Festival Varilux de Cinema Francês/2017.
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