sábado, 10 de maio de 2014

“A Gaiola Dourada” (“La Cage Dorée”), 2012, co-produção França/Portugal, é uma deliciosa e divertida comédia, daquelas que não perdem o ritmo até o final. Os portugueses Maria e José Ribeiro (Rita Blanco e Joaquim de Almeida) casaram e imigraram para a França, onde moram há 30 anos. Maria é zeladora de um prédio na zona nobre de Paris e José é mestre de obras numa construtora. Seus filhos, Paula (Barbara Cabrita) e Pedro (Alex Alves Pereira) são franceses. A família está feliz e plenamente ambientada em Paris. São muito queridos no bairro e os moradores do prédio adoram o trabalho de Maria, o mesmo acontecendo na construtora com relação a José. Até que um dia José recebe uma carta informando que é herdeiro de uma grande fortuna, que inclui uma imensa propriedade em Portugal. Só que existe uma cláusula obrigatória: o casal deve mudar para Portugal e residir na propriedade. Fruto de uma empregada fofoqueira, a notícia do inesperado enriquecimento de José e Maria chega aos ouvidos de todo mundo no bairro, aos moradores do prédio e na empresa de José. Ninguém quer que os dois voltem para a “Terrinha”. As artimanhas criadas para fazer o casal não sair de Paris dão margem a uma série de confusões e situações muito engraçadas. O jantar que José oferece ao seu patrão e à esposa, por exemplo, é um dos momentos mais hilariantes do filme. A história é baseada na própria experiência do diretor Ruben Alves, que escreveu o roteiro. Sua família também imigrou para a França. Seu pai trabalhou como pedreiro e a mãe como zeladora de prédio. Ruben também faz uma ponta no filme, no papel de ex-namorado de Paula. Simplesmente imperdível!                                              

sexta-feira, 9 de maio de 2014


“A Reconstrução” (“La Reconstrucción”), 2012, direção de Juan Taratuta, é mais um bom filme argentino (como se isso fosse alguma novidade). Eduardo (Diego Peretti), trabalhador numa refinaria de petróleo, é um sujeito solitário e extremamente desagradável. Além de fechado e mal-humorado, não liga para a aparência. Barba por fazer, cabelos desgrenhados e ensebados, unhas grandes e sujas. Seu aspecto é de um verdadeiro troglodita.  Um dia, recebe o telefonema de um antigo amigo, Mario (Alfredo Casero), que o convida para passar uns dias em sua casa em Ushuaia (capital da Província da Terra do Fogo). Como está para sair de férias, Eduardo aceita o convite e uns dias depois pega a estrada. Eduardo chega a uma casa alegre e vê uma família feliz – Mario, a esposa Andrea (Claudia Fontán) e as duas filhas adolescentes do casal, Ana (Maria Casali) e Cata (Eugenia Aguilar). Mesmo nesse ambiente agradável, Eduardo não consegue externar nenhuma emoção. A morte repentina de Mario, porém, fará com que Eduardo tenha de assumir, pelo menos temporariamente, as rédeas da família enlutada. Durante esse processo, ele também vai repensar e tentar reconstruir sua vida. Mais conhecido pela ótima comédia “Um Namorado para minha Esposa”, Taratuta fez um filme um tanto melancólico, mas bastante sensível.                                       

quinta-feira, 8 de maio de 2014

“A Imigrante” (“The Immigrant”), EUA, 2013, dirigido por James Gray, é um drama pesado, depressivo e melancólico. O ano é 1921. As irmãs Ewa (Marion Cotillard) e Magda Cybulski (Jicky Schnee) chegam de navio a uma Nova Iorque gélida e sombria . Elas vêm da Polônia para tentar uma vida melhor. Quando desembarcam e passam pela inspeção alfandegária, Clara é diagnosticada com tuberbulose e encaminhada para tratamento no hospital da Ilha Ellis, onde ficavam os imigrantes doentes. Em meio ao desespero de se separar da irmã, Ewa conhece Bruno (Joaquin Phoenix), um empresário influente que dá acolhida à moça. Na verdade, Bruno é um conhecido cafetão na cidade e convence Ewa a ingressar no seu time. Por sua beleza, logo Ewa será a prostituta mais assediada e a preferida de Bruno, que acaba se apaixonando por ela. Tudo muda quando Ewa conhece Orlando (Jeremy Renner), mágico e primo de Bruno. Os dois vão disputá-la na base dos sopapos. Dividida entre os dois homens, Ewa só vai encontrar solução para o seu dilema quando uma situação trágica elimina um deles. O dramalhão segue firme até o final.  Nem esse trio de ótimos atores consegue salvar esse filme. Impossível deixar de sentir um certo alívio quando, finalmente, aparece o The End.                        

                                     
O que tem a ver a Holanda com o cenário árido do Deserto do Novo México? O filme holandês “Jackie”, de 2012, dirigido por Antoinette Beumer. Trata-se de uma comédia com direito a road movie ao estilo “Telma & Louise”, só que com três mulheres. A história começa quando as irmãs gêmeas Sofie (Carice van Houten) e Daan (Jelka van Houten), que moram na Holanda, recebem um telefonema dos EUA dizendo que sua mãe biológica, Jackie (Holly Hunter), fraturou a perna, está internada num hospital e precisa ser levada para um centro de reabilitação. Motivo meio forçado para justificar a viagem das irmãs, que nunca tiveram contato com a mãe. Em todo caso, elas são incentivadas a viajar pelos pais adotivos (um casal gay), que dizem ser esta uma ótima oportunidade para que conheçam a mãe biológica. Quando chegam, encontram uma mulher rabugenta e nem um pouco feliz em conhecê-las. As três iniciam uma longa viagem onde terão a oportunidade de se conhecer melhor e talvez recuperar o tempo perdido. Em seu desfecho, o filme terá uma reviravolta surpreendente. As atrizes holandesas Carice e Jelka van Houten, que também são irmãs na vida real, mas não gêmeas, estão ótimas, assim como Holly Hunter. As três garantem boas risadas. Mas é Carice que se sai melhor, embora seja mais conhecida por papéis em dramas como “A Espiã” (2006), “Operação Valquíria” (2008) e “Borboletas Negras” (2011), comprovando que uma atriz, quando é competente, atua em qualquer papel e em qualquer gênero de filme.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

“O Refúgio” (“Gimme Shelter”), EUA, 2013, dirigido por Ron Krauss, é um drama muito parecido com o que a gente já viu em  outros filmes. A história deste, pelo menos, é baseada em fatos reais. Aos 8 anos de idade, Apple (Vanessa Hudgens) foge de casa e de sua mãe prostituta e viciada em drogas, June (Rosario Dawson). Passou por reformatórios e lares adotivos, dos quais sempre fugiu. No filme, Apple já está com 16 anos e continua cada vez mais problemática. Por intermédio de uma carta, descobre a identidade do pai, que nunca conheceu, e vai procurá-lo. O pai, Tom Fitzpatrick (Brendan Fraser), um empresário bem sucedido do ramo imobiliário, acolhe Apple em sua casa, pede desculpas por nunca tê-la procurado, contando que era muito joven quando se relacionou com June e a engravidou. A esposa de Tom, Joanna (Stephanie Szostak), é contra a permanência de Apple. O clima fica pesado e, para piorar, Apple descobre que está grávida. Tom e Joanna querem que ela faça um aborto e a levam a uma clínica. Apple foge dali e rouba um carro. Durante a fuga, causa um acidente e vai parar no hospital, onde conhece o padre Frank McCarthy (James Earl Jones). Esse encontro vai mudar o rumo da história e da vida de Apple. A partir daí, o filme vira uma sessão da tarde para jovens mães solteiras. Se o filme não é tão bom, louve-se pelo menos o ótimo desempenho das duas atrizes principais, a jovem Vanessa Hudgens e Rosário Dawson.        

terça-feira, 6 de maio de 2014

“Bekas”, co-produção Suécia/Curdistão, 2012,  é um drama dos mais comoventes, sem deixar de ser sensível e alegre. Conta a história dos irmãos Zana (Zamand Taha) e Dana (Sarwar Fazil), garotos órfãos que vivem nas ruas de uma pequena cidade no Curdistão (norte do Iraque), um cenário de extrema pobreza. O ano é 1990, no auge da perseguição de Saddam Hussein aos curdos. Quando o filme “Superman” foi exibido no cinema local, Zana e Dana encontram um jeito de assistir por uma fresta no telhado. Mas logo são descobertos e expulsos. Pelo pouco que viram do filme, eles chegam à conclusão que o Superman é a solução para os seus problemas. “Ele tem poderes para ressuscitar nossos pais”, diz um irmão para o outro. Decidem, então, ir para a América. “É lá que ele mora”. Zana e Dana conseguem comprar um burro para levá-los nessa viagem. Eles o chamam de “Michael Jackson”. Aí começa uma grande aventura para os garotos, onde não faltarão momentos hilariantes, como quando encontram um agricultor analfabeto e tentam explicar a viagem. Mas o grande trunfo do filme é a amizade, o amor e o carinho entre os irmãos. O diretor curdo Karzan Kader, ainda criança, fugiu com a família para a Suécia no ínicio dos anos 90 e lá mora até hoje (o que explica a co-produção). As filmagens aconteceram no Curdistão e o elenco foi formado por atores amadores, incluindo os dois garotos. O filme estreou no Festival de Cinema de Dubai/2012. Concluindo, “Bekas” é uma joia rara do cinema mundial. Imperdível!                                          

segunda-feira, 5 de maio de 2014

“A Pedra da Paciência” (“Syngue Sabour”), co-produção Afeganistão/França, 2012, dirigido por Atiq Rahimi. A história é baseada no livro “Syngue Sabour. Pierre de Patience”, escrito pelo próprio diretor afegão em 2008. Numa cidade do interior do Afeganistão dominada pelos talibãs, uma mulher (a bela e competente atriz iraniana Golshifteh Farahani) cuida do marido em estado vegetativo, vítima de um tiro na nuca. O ambiente é de extrema pobreza e muito violento, com franco-atiradores nos telhados, atentados à bomba e tiroteios diários. A mulher leva as duas filhas pequenas para a casa da tia (Hassina Burgan), que vive ao norte da cidade. Ela desabafa com a tia e diz que não aguenta mais a vida de pobreza que leva, além de cuidar do marido em coma. A tia conta a história de pessoas que relatam seus problemas para uma pedra (a tal “Pedra da Paciência”) e que, um dia, essa pedra vai acabar estourando. Quando esse dia chegar, a pessoa estará totalmente liberta de tudo que a aflige. A mulher segue o conselho da tia, só que, ao invés da pedra, desabafa com o marido em coma. Ela faz um resumo da história da sua vida e não poupa sua decepção com o casamento e culpa o marido que, segundo ela, nunca lhe deu atenção e nunca a ouviu. “Estou casada há dez anos com você e só agora eu consigo falar”. Esses desabafos vão ocupar grande parte do filme, sem deixá-lo monótono ou cansativo, graças, principalmente, à excelente atuação de Farahani. O filme torna-se ainda mais interessante ao mostrar algumas tradições da sociedade afegã e do mundo muçulmano em geral. Um belo filme que merece ser conferido. 

domingo, 4 de maio de 2014

“Zulu”, 2013, co-produção França/África do Sul, é um policial da pesada. O Departamento de Polícia da Cidade do Cabo investiga o assassinato de uma jovem encontrada morta na praia. A vítima foi espancada violentamente e ficou desfigurada. Encarregados do caso, o capitão Ali Sokhela (Forest Whitaker) e o detetive Brien (Orlando Bloom) vão enfrentar bandidos violentos e sádicos - perto deles, o nosso PCC vai parecer Congregação Mariana. Durante as investigações, os policiais descobrem uma conexão entre a morte da moça e uma organização criminosa que produz, em laboratório, uma substância química que ativa a agressividade. Os testes são feitos com crianças das favelas da Cidade do Cabo (viu que bonzinhos?). A violência corre solta e lá, como aqui, a polícia não dá conta de tanto bandido. Igualmente, os bandidos de lá também não têm medo da polícia. Para se ter uma ideia, um colega policial de Ali e Brien tem o braço decepado e é degolado na frente da dupla sem a menor cerimônia. O filme, dirigido pelo francês Jérôme Salle, foi escolhido para ser exibido na sessão de encerramento do Festival de Cannes 2013. “Zulu” tem todos os ingredientes de um bom filme policial: um enredo interessante, dupla de policiais problemáticos, muita violência, perseguições, tiros e bandidos de dar medo. Ah, tem também mulher pelada. Prepare o sacão de pipoca e aperte o Play.