segunda-feira, 5 de maio de 2014

“A Pedra da Paciência” (“Syngue Sabour”), co-produção Afeganistão/França, 2012, dirigido por Atiq Rahimi. A história é baseada no livro “Syngue Sabour. Pierre de Patience”, escrito pelo próprio diretor afegão em 2008. Numa cidade do interior do Afeganistão dominada pelos talibãs, uma mulher (a bela e competente atriz iraniana Golshifteh Farahani) cuida do marido em estado vegetativo, vítima de um tiro na nuca. O ambiente é de extrema pobreza e muito violento, com franco-atiradores nos telhados, atentados à bomba e tiroteios diários. A mulher leva as duas filhas pequenas para a casa da tia (Hassina Burgan), que vive ao norte da cidade. Ela desabafa com a tia e diz que não aguenta mais a vida de pobreza que leva, além de cuidar do marido em coma. A tia conta a história de pessoas que relatam seus problemas para uma pedra (a tal “Pedra da Paciência”) e que, um dia, essa pedra vai acabar estourando. Quando esse dia chegar, a pessoa estará totalmente liberta de tudo que a aflige. A mulher segue o conselho da tia, só que, ao invés da pedra, desabafa com o marido em coma. Ela faz um resumo da história da sua vida e não poupa sua decepção com o casamento e culpa o marido que, segundo ela, nunca lhe deu atenção e nunca a ouviu. “Estou casada há dez anos com você e só agora eu consigo falar”. Esses desabafos vão ocupar grande parte do filme, sem deixá-lo monótono ou cansativo, graças, principalmente, à excelente atuação de Farahani. O filme torna-se ainda mais interessante ao mostrar algumas tradições da sociedade afegã e do mundo muçulmano em geral. Um belo filme que merece ser conferido. 

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