“TALK-SHOW: REINVENTANDO A
COMÉDIA” (“LATE NIGHT”), 2019, Estados Unidos, 1h43m, direção de Nisha Ganatra,
com roteiro de Mindy Kalinga, que também atua no filme. A produção divulgou o
filme como uma comédia, mas achei que está mais para o drama, embora tenha
algumas (poucas) cenas cômicas. Vamos à história: Katherine Newbury
(Emma Thompson) é uma consagrada apresentadora de um programa de entrevistas na
TV norte-americana. Está há 25 anos no ar, valendo-se de frases bem-humoradas
para conquistar o público e de convidados importantes, entre eles celebridades do mundo político e artístico. Aos
poucos, porém, a fórmula sofre um desgaste e o programa começa a perder
audiência. Quando recebe a notícia de que será substituída se não melhorar a
audiência, Katherine convoca seu produtor e sua equipe de roteiristas para uma
reunião urgente. Dela acaba participando a jovem Molly Patel (Mindy Kaling), única
mulher entre o grupo de roteiristas. Ela não é bem recebida pelos colegas e muito
menos por Katherine. Aos poucos, porém, Molly começa a conquistar a confiança
de todos, graças à sua sinceridade nas reuniões e às suas sugestões criativas e audaciosas. Como pano
de fundo da história, lembrando que a diretora, a roteirista e as principais
atrizes são mulheres, está uma evidente crítica ao machismo generalizado na
indústria do entretenimento. O roteiro, o primeiro escrito pela atriz Mindy
Kaling, é bastante inteligente ao expor o problema sem assumir uma atitude
feminista radical. O maior trunfo do filme, porém, é a atuação magistral da
grande atriz inglesa Emma Thompson, que leva o filme nas costas. Também estão no elenco John Lithgow e Amy
Ryan. Enfim, entretenimento garantido, agradável e inteligente. O filme ainda não chegou ao nosso circuito comercial. Só foi exibido durante o Festival Internacional de Cinema do Rio, em dezembro de 2019.
sábado, 11 de abril de 2020
sexta-feira, 10 de abril de 2020
“LINHA RETA” (“THE HUMMINGBIRD
PROJECT”), 2019, Canadá, 1h50m, roteiro e direção de Kim Nguyen. No
início, foi muito difícil entender o que estava acontecendo, mas vou tentar
fazer um resumo. Os primos Vincent (Jesse Eisenberg) e Anton Zaleski (o ator
sueco Alexander Skarsgard) trabalham numa empresa de TI (Tecnologia de
Informação) em Nova Iorque comandada pela durona Eva Torres (Salma Hayek). Em segredo, os
dois bolam um plano mirabolante e audacioso: construir um cabo de fibra ótica
em linha reta do Kansas a Nova Jersey (cerca de 2 mil quilômetros). Pelo que entendi
– confesso ser completamente leigo em TI -, o objetivo é acelerar o tempo de
frequência das informações da bolsa de valores em milissegundos, o que lhes
daria a vantagem de sair na frente dos concorrentes. Para bancar o projeto,
eles conseguem convencer um grande investidor de Wall Street a entrar com o capital
necessário, prometendo um lucro de bilhões. Projeto pronto, eles resolvem se demitir da empresa de Torres, que
fica revoltada com a “traição” dos seus funcionários mais competentes, Anton,
um gênio da informática, e Vincent, um estrategista e negociador dos melhores no mercado. A partir daí, o filme acompanha todas as fases de construção do cabo de fibra
ótica, o que envolve a contratação de empresas especializadas e negociação com
os proprietários dos terrenos por onde passará o tal cabo. Nessa fase, o filme
melhora muito, ganha ritmo e ação, mostrando as dificuldades e os desafios interpostos no caminho. Muita
coisa acontece durante a execução da obra, inclusive uma uma série de reviravoltas que coloca o filme num
ritmo quase que frenético. Excelente o trabalho de roteiro e direção do
cineasta canadense Kim Nguyen, que passei a admirar depois de ter assistido o
maravilhoso “Rebelle” (“A Feiticeira da Guerra”), que representou o Canadá na disputa
do Oscar de 2013 de Melhor Filme Estrangeiro. “Linha Reta” é excelente,
valorizado ainda mais pela ótima atuação do trio Eisenberg/Skarsgard/Hayek.
Imperdível!
quinta-feira, 9 de abril de 2020
“KV-1 – ALMAS DE FERRO” (“NESOKRUSHIMYY”), 2018,
Rússia, 1h30, segundo longa-metragem escrito e dirigido por Konstantin Maximov.
O cinema de Hollywood, sempre baseado em fatos reais, já fez e continua fazendo
inúmeros filmes enaltecendo os feitos heroicos dos soldados norte-americanos
durante a Segunda Grande Guerra, assim como já fizeram tantos outros países.
Inclusive a Rússia, de onde vem “KV-1”, que conta a história dos tripulantes de
um tanque da 15ª Brigada Motorizada que, sozinhos, em 1942, destruíram 16
tanques alemães, dois veículos blindados e outros 8 veículos, o que lhes
valeria o título de heróis nacionais. Os alemães haviam tentado invadir Moscou,
mas foram rechaçados. O contra-ataque russo colocou em campo sua divisão de
tanques em perseguição aos alemães. Um deles, o KV-1 dessa história, cuja tripulação
era comandada pelo oficial Semyon Konovalov (Andrey Chernyshov), estava em
missão de reconhecimento quando deu de cara com vários tanques inimigos perto
da fazenda Nizhmemityakin, no Distrito de Tarasovskoye, na Região de Rostov. A
batalha foi feroz, mas os corajosos russos deram conta do recado. Entre uma
batalha e outra, o filme ainda guarda espaço para a reconciliação de Konovalov com sua ex-esposa Kavla (Olga Pogodina), em cenas açucaradas demais para quem está no meio de uma guerra. Mais uma história
impressionante da fonte inesgotável de episódios gerados pela Segunda Guerra
Mundial. Somente por este aspecto vale a pena assistir.
quarta-feira, 8 de abril de 2020
“JUNTAS NO CRIME” (“SWEETHEARTS”), 2019
Alemanha, 1h47m. Seja qual for o país, virou moda colocar o título original em
inglês, com vistas, naturalmente, a facilitar a entrada do filme nos países de
língua inglesa. Pesquisei o mesmo título em alemão e tem o mesmo significado do
inglês: “Namoradas”. Estranhei, pois não é o caso de um filme lésbico. A
tradução para o português até que ficou melhor. É o segundo longa-metragem
escrito e dirigido pela atriz Karoline Herfurth, que também atua como um dos
personagens principais. Trata-se de um misto de comédia, policial e filme de
ação. Vamos à história: Mel (Hanna Herzsprung) é mãe solteira e trabalha como
funcionária de um grande hospital em Berlim. Nas horas vagas, costuma assaltar
joalherias e vender o produto do roubo para importantes receptadores. Um dos
assaltos, porém, dá errado, e Mel é obrigada a fazer uma refém, Franny (papel
da diretora Herfurth). Aí começa um tipo de road movie. As duas partem
pelas estradas afora fugindo da polícia, em meio a várias confusões com gente da pesada. Mas, como refém, Franny é um desastre.
Costuma ter ataques violentos de pânico, que só passam quando ela joga um game
no celular chamado “Banana Kong”. Em meio à fuga, Mel faz mais um refém, desta
vez o policial Harry (Frederick Lau). Aí o filme se perde mostrando situações
das mais inverossímeis, terminando num desfecho que beira o ridículo. Como roteirista
e diretora, Karoline Herfurth mostrou que continua uma ótima atriz. É um filme simpático, mas, com exceção de alguns momentos
de bom humor, nada vi que justifique uma recomendação. A não ser que você
queira dar uma folga aos seus neurônios.
terça-feira, 7 de abril de 2020
“DE QUEM É A CULPA?” (“GUILTY”),
2019,
Índia, 1h59m, direção da cineasta Ruchi Narain, com roteiro de Kanika Dhillon.
O pano de fundo que inspirou a história é o alarmante crescimento, nos últimos
anos, de estupros contra mulheres na Índia, o que justifica o fato da
roteirista e da diretora serem do sexo feminino. No caso de “De Quem é a Culpa?”,
a vítima é uma jovem estudante que acusa o bonitão da escola de tê-la
estuprado. Ele tem uma namorada fixa, é vocalista de uma banda de rock e filho
de gente importante ligada ao governo indiano e que, por isso mesmo, a acusação
ganha enorme repercussão no país. Como as coisas vão se desenrolando, eu
esperava o desfecho num tribunal, mas, para minha decepção, as cenas de
julgamento duram poucos segundos. Com exceção de um ou outro adulto, o elenco é
constituído em sua grande maioria por jovens adolescentes, o que chega a lembrar
de algum episódio de “Malhação”. Posso citar alguns nomes do elenco,
mas certamente ninguém por aqui deve conhecê-los, nem mesmo eu, que já vi um
monte de filmes indianos. Kiara Advani, Ashrut Jaim e Akansha Ranjan Kapoor.
Conhece alguém? Nem eu. Destaco um aspecto muito interessante em relação a “De
Quem é a Culpa?”. Trata-se do fato de ser bastante diferente dos filmes de
Bollywood. A começar pela ausência daqueles irritantes e entediantes números
musicais e de dança, o que achei um ponto bastante positivo. Outro aspecto diz respeito
ao fato de que o filme apresenta cenas que Bollywood não costumava filmar, como
jovens transando, bebendo álcool, fumando um baseado e falando um monte de
palavrões. Aliás, para facilitar seu ingresso no mercado internacional, o filme
é quase todo falado em inglês (como o título original) e um pouco de hindi,
língua falada por 70% dos indianos. Enfim, “De Quem é a Culpa?” pode ser visto
como uma novidade do cinema de Bollywood. Nem bom nem ruim, apenas
interessante.
segunda-feira, 6 de abril de 2020
Representante oficial de Israel
na disputa do Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro, “O CONFEITEIRO” (“The
Cakemaker”), 1h53, foi é o primeiro longa-metragem escrito e dirigido por
Ofir Raul Graizer, mais conhecido em Israel como diretor de curtas. Sem dúvida,
estreou de forma magistral, realizando um filme bastante sensível e muito
interessante. A história começa em Berlim e envolve o confeiteiro Thomas (Tim
Kalkhof), proprietário de uma confeitaria, e o israelense Oren (Roy Miller), um
importante executivo que costuma viajar à Alemanha para cuidar dos negócios de
sua empresa. Atraído pela qualidade dos bolos feitos por Thomas, Oren vira um
cliente assíduo da confeitaria. Papo vai, papo vem, Oren sente-se atraído não
apenas pelos bolos, mas também pelo confeiteiro. Embora casado em Israel e pai
de um menino, Oren assume o romance com Thomas, resultando num aumento de viagens
a Berlim. O caso fica mais sério, a ponto de Oren pensar em abandonar a família
e ir morar com o amante. Um dia, porém, acontece um trágico imprevisto: Oren
morre num acidente automobilístico. Devastado pela notícia e, ao mesmo tempo,
disposto a conhecer pessoalmente a esposa de Oren, Anat (Sarah Adler), e quem
sabe ajudá-la nesse momento difícil, Thomas resolve ir para Jerusalém. Sem se
identificar, ele procura trabalho na cafeteria de propriedade de Anat. A partir
daí, além de conseguir o trabalho como ajudante de cozinha, Thomas começa a
preparar seus famosos cookies e bolos que farão o maior sucesso, atraindo
muitos clientes para a cafeteria de Anat. De início, o alemão, por razões históricas
óbvias, não foi bem recebido pela família e amigos de Anat. Ainda mais por não
ter qualquer vínculo com a religião judaica. Mas Anat segura a barra, até
que... A partir daqui, deixo as surpresas do roteiro a quem se dispuser a
assistir ao filme, que, como escrevi no início deste comentário, foi escrito e dirigido com muita competência e sensibilidade pelo cineasta israelense. Indicado apenas para o
pessoal que, como eu, exige qualidade e curte o bom cinema. Imperdível!
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