sábado, 2 de setembro de 2017

“NEVOEIRO EM AGOSTO” (“Nebel im August”), 2016, direção de Kai Wessel, é um ótimo drama alemão que relembra um dos mais escabrosos crimes praticados pelos nazistas: a eutanásia. No caso, o assassinato de mais de 200 mil pessoas consideradas impuras pelo conceito ariano de raça pura. Ou seja, deficientes físicos e mentais, esquizofrênicos, mutilados, surdos-mudos etc. A história, baseada em fatos reais, foi contada no livro do escritor alemão Robert Domes lançado em 2008 “Nebel im August”. Domes também é o autor do roteiro, em conjunto com Holger Karsten Schmidt. A narrativa é centrada no garoto Ernest Lossa (Ivo Pietzcker), que, aos 12 anos, depois de passar praticamente toda a infância em orfanatos, acaba internado num hospital psiquiátrico comandado pelo dr. Werner Veithausen (Sebastian Koch). Seguindo ordens do governo nazista, dr. Werner inicia um programa de eutanásia no seu hospital, eliminando os mais doentes, além de realizar pesquisas médicas utilizando seus internos como cobaias. O esperto Ernest Lossa e alguns funcionários do hospital, como a Irmã Sophia (Fritzi Haberlandt), descobrem o plano e se rebelam. Tudo muito sórdido, chocante e, acima de tudo, revoltante. O desfecho, então, é de uma tristeza de dar nó na garganta. O elenco é ótimo, com destaque para o garoto Pietzcker em seu segundo filme como ator, além de Sebastian Koch, dos aclamados “A Vida dos Outros” (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007), “A Espiã” e “Ponte dos Espiões”. Embora rápida, também merece destaque a presença de Karl Markovics (“Os Falsários”) como o pai ausente de Lossa. Apesar do tema impactante e trágico, trata-se de um ótimo filme que merece ser visto. Os alemães merecem um crédito todo especial por terem a coragem de tocar numa ferida que jamais será cicatrizada.           


                                                 

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