segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 

“RUÍDO” (“RUIDO”), 2022, coprodução México/Argentina, 1h45m, em cartaz na Netflix, que assina a produção original, direção de Natalia Beristáin, seguindo roteiro assinado por Alo Valenzuela e Diego Enrique Osorno, este último jornalista investigativo muito conceituado e respeitado no México. Mais do que um drama bastante sensível, “Ruído” é um poderoso filme-denúncia sobre o desaparecimento de milhares de mulheres e homens atingidos pela violência proveniente dos poderosos cartéis de drogas e tráfico humano. Enfim, uma violência que impera há anos no México, com a omissão/colaboração dos governantes e da própria polícia. O foco central, porém, é o sofrimento dos familiares dos desaparecidos e sua incessante busca por uma notícia do ente querido. Julia (Julieta Egurrola), artista plástica de renome, procura a filha Gertrudes há 9 meses. Ela é a principal protagonista da história. Cansada de ouvir respostas vazias das autoridades, Julia junta-se a grupos de mães que se ajudam psicologicamente e que ainda têm esperanças de encontrar o ente querido vivo, nem que para isso tenham que subornar os policiais e outras autoridades. Para divulgar o seu drama, Julia conta ainda com a colaboração da jornalista Abril Escobedo (Teresa Ruiz). O filme acompanha o drama de Julia e de familiares que tiveram seus maridos, filhos e filhas desaparecidos, provavelmente vítimas de poderosos traficantes. Também destaca os protestos do movimento “Nenhuma a Menos”, que exige ação das autoridades e que, para isso, precisam fazer o máximo “ruído” possível, razão do título. Trata-se, portanto, de um drama bastante pesado e comovente, valorizado pelo ótimo desempenho da veterana atriz mexicana Julieta Egurrola (ela é mãe da própria diretora Natalia Beristáin, que emplaca seu terceiro longa-metragem). Importante destacar ainda a participação, no elenco, de inúmeras mulheres que sofrem o dilema de ter entes queridos desaparecidos. Ao lado dos créditos finais aparecem fotos de dezenas de desaparecidos. Trocando em miúdos, “Ruído” é um filme triste, mas poderoso como denúncia.        

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