“TIMBUKTU”,
2014, Mauritânia, é um filme altamente impactante e bastante esclarecedor sobre
a questão islâmica. É inspirado numa situação ocorrida na pequena cidade de Timbuktu,
na República Africana de Máli, em 2012, ocupada durante oito meses por
extremistas religiosos, certamente adeptos do Estado Islâmico e tão radicais
quanto. O diretor Abderrahmane Sissako adaptou a história e a transformou em
filme, utilizando como cenário uma aldeia da Mauritânia, país vizinho, já que
seria impossível filmar em Máli por questões políticas. Os
extremistas ditavam as leis, proibindo música e até os meninos de jogarem
futebol, entre outras imposições absurdas e radicais. Apesar desse quadro dramático, o
filme apresenta cenas de rara beleza e sensibilidade, como a dos garotos
jogando futebol sem a bola, “sequestrada” pelos extremistas. Um verdadeiro balé
visual, um verdadeiro “achado” do diretor, um dos momentos mais bonitos do cinema nos últimos anos. A trilha sonora, por sinal, é belíssima. Por outro lado, há cenas chocantes e
de muito impacto, como o apedrejamento de um homem e uma mulher – enterrados até
o pescoço - em praça pública. O filme também mostra a contradição de um povo
que vive praticamente na antiguidade e que não dispensa o uso de celular, um
dos maiores símbolos do Ocidente e da modernidade. Com “Timbuktu”, a Mauritânia concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (2015) pela primeira vez - não ganhou - e foi o grande vencedor do
Prêmio César 2015 (o Oscar francês), ganhando em 7 categorias, incluindo a de Melhor
Filme. Enfim, um belo filme, uma
pequena obra-prima que merece ser
vista por quem aprecia cinema de qualidade.
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