quinta-feira, 18 de junho de 2015

“TIMBUKTU”, 2014, Mauritânia, é um filme altamente impactante e bastante esclarecedor sobre a questão islâmica. É inspirado numa situação ocorrida na pequena cidade de Timbuktu, na República Africana de Máli, em 2012, ocupada durante oito meses por extremistas religiosos, certamente adeptos do Estado Islâmico e tão radicais quanto. O diretor Abderrahmane Sissako adaptou a história e a transformou em filme, utilizando como cenário uma aldeia da Mauritânia, país vizinho, já que seria impossível filmar em Máli por questões políticas.   Os extremistas ditavam as leis, proibindo música e até os meninos de jogarem futebol, entre outras imposições absurdas e radicais. Apesar desse quadro dramático, o filme apresenta cenas de rara beleza e sensibilidade, como a dos garotos jogando futebol sem a bola, “sequestrada” pelos extremistas. Um verdadeiro balé visual, um verdadeiro “achado” do diretor, um dos momentos mais bonitos do cinema nos últimos anos. A trilha sonora, por sinal, é belíssima. Por outro lado, há cenas chocantes e de muito impacto, como o apedrejamento de um homem e uma mulher – enterrados até o pescoço - em praça pública. O filme também mostra a contradição de um povo que vive praticamente na antiguidade e que não dispensa o uso de celular, um dos maiores símbolos do Ocidente e da modernidade. Com “Timbuktu”, a Mauritânia concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (2015) pela primeira vez - não ganhou -  e foi o grande vencedor do Prêmio César 2015 (o Oscar francês), ganhando em 7 categorias, incluindo a de Melhor Filme. Enfim, um belo filme, uma pequena obra-prima que merece ser vista por quem aprecia cinema de qualidade.                 

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