quarta-feira, 7 de julho de 2021

 

“MEU IRMÃO” (“MON FRÈRE”), 2019, França, 1h36m, produção original Netflix, roteiro e direção de Julien Abraham. Uma história bastante impactante, que explora várias questões importantes relacionadas ao comportamento dos delinquentes juvenis franceses, principalmente aqueles originários de famílias de imigrantes. São colocados em pauta aspectos como violência doméstica, famílias desestruturadas, carência afetiva, traumas de infância e racismo estrutural, entre outros agentes apontados como responsáveis pelo desajuste social dos jovens e adolescentes. O filme começa com a prisão de Teddy (rapper MHD, nome artístico de Mohamed Sylla), de 17 anos, acusado de ter assassinado o próprio pai. Ele é enviado a um centro de detenção para jovens delinquentes. Aqui, ele chega como único negro entre os 12 internos e, por isso, já começa a sofrer “bulliyng” e pressão psicológica, principalmente por parte de Enzo (Darren Muselet), um jovem cheio de raiva e violento. O filme mostra com destaque o interessante trabalho da psicóloga Claude (Aïssa Maïga) para frear a raiva e conter os instintos violentos dos rapazes. Enzo manda no pedaço até a chegada de Mo (Najeto Injai), rapaz negro ainda mais violento. Durante sua permanência do reformatório, Teddy pensa no irmão mais novo e na avó, com os quais morava antes de ser preso, além de nutrir a esperança de reencontrar sua mãe, que mora em Amsterdam (Holanda), para onde fugiu depois de sofrer violência doméstica do marido (Mark Grosy), abandonando os filhos com a avó (Lisette Malidor). Em seu terceiro longa-metragem (os dois primeiros foram “Made in China” e “A Cidade Cor de Rosa”), o diretor Julien Abraham acerta a mão ao evidenciar os traumas de infância como fatores determinantes para o comportamento irascível dos jovens delinquentes. E também acerta ao propor a psicologia e o afeto como bases de tratamento para a sua recuperação. O filme é bastante tenso, pesado, mas tem seus momentos de alta sensibilidade. Não perca!            

       

 

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