“MEU
IRMÃO” (“MON FRÈRE”),
2019, França, 1h36m, produção original Netflix, roteiro e direção de Julien
Abraham. Uma história bastante impactante, que explora várias questões importantes
relacionadas ao comportamento dos delinquentes juvenis franceses, principalmente aqueles originários de famílias de imigrantes. São colocados em
pauta aspectos como violência doméstica, famílias desestruturadas, carência
afetiva, traumas de infância e racismo estrutural, entre outros agentes apontados
como responsáveis pelo desajuste social dos jovens e adolescentes. O filme
começa com a prisão de Teddy (rapper MHD, nome artístico de Mohamed Sylla), de
17 anos, acusado de ter assassinado o próprio pai. Ele é enviado a um centro de
detenção para jovens delinquentes. Aqui, ele chega como único negro entre os 12
internos e, por isso, já começa a sofrer “bulliyng” e pressão psicológica,
principalmente por parte de Enzo (Darren Muselet), um jovem cheio de raiva e violento.
O filme mostra com destaque o interessante trabalho da psicóloga Claude (Aïssa
Maïga) para frear a raiva e conter os instintos violentos dos rapazes. Enzo
manda no pedaço até a chegada de Mo (Najeto Injai), rapaz negro ainda mais
violento. Durante sua permanência do reformatório, Teddy pensa no irmão mais
novo e na avó, com os quais morava antes de ser preso, além de nutrir a
esperança de reencontrar sua mãe, que mora em Amsterdam (Holanda), para onde fugiu
depois de sofrer violência doméstica do marido (Mark Grosy), abandonando os filhos com a avó (Lisette Malidor). Em seu terceiro
longa-metragem (os dois primeiros foram “Made in China” e “A Cidade Cor de Rosa”),
o diretor Julien Abraham acerta a mão ao evidenciar os traumas de infância como
fatores determinantes para o comportamento irascível dos jovens delinquentes. E também
acerta ao propor a psicologia e o afeto como bases de tratamento para a sua recuperação. O
filme é bastante tenso, pesado, mas tem seus momentos de alta sensibilidade.
Não perca!
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