segunda-feira, 27 de dezembro de 2021



“A MÃO DE DEUS” (“È STATA LA MANO DI DIO”), 2021, Itália, disponível na plataforma Netflix, 2h10m, roteiro e direção de Paolo Sorrentino. Mais um belo filme de Sorrentino, que se consagrou em 2014 quando o seu “A Grande Beleza” ganhou o Oscar e o Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro. “A Mão de Deus” também representará a Itália na disputa do Oscar 2022 e, certamente, será um dos favoritos. A exemplo de Federico Fellini, em “Amarcord”, quando o grande diretor relembrou sua infância e adolescência em Rimini, Sorrentino faz o mesmo ao descrever suas memórias de Nápoles, sua cidade natal, durante os anos 80. Fabietto Schisa (Filippo Scotti) é o alter ego do diretor em sua fase de amadurecimento. Sorrentino fez questão de abordar de forma afetuosa e simpática os integrantes de sua grande família, pais, irmão, tios, tias, primos e até os vizinhos. Como fez Fellini em “Amarcord” e o grande Ettore Scola em “O Baile”, Sorrentino também criou personagens exóticos, esquisitos, caricaturais, engraçados, os quais a gente aprendeu a chamar de “tipos fellinianos”. Embora aconteça uma tragédia inesperada na família de Fabietto, o filme reserva, do começo ao fim, momentos hilariantes, como as “pegadinhas” da sua mãe, os palavrões da velha avó, e o namorado todo defeituoso de uma das tias. Entre os tipos criados por Sorrentino está a baronesa Focale, que inicia Fabietto no sexo, e a tia Patrizia, linda e louca. O pano de fundo da história, e que inspirou o título, foi a contratação do argentino Diego Maradona pelo Nápoli. Fabietto e toda sua família adoram futebol e eram fãs incondicionais de Maradona, fato que salvaria o rapaz de uma tragédia. Além de Filippo Scotti, estão no elenco Toni Servillo, Teresa Saponangelo, a diva Luisa Ranieri, Marlon Joubert e Betty Pedrazzi. O diretor Antonio Capuano (“La Guerra Di Mario”, “Luna Rossa”) tem uma participação especial. Com uma narrativa sensível, envolvente e nostálgica, “A Mão de Deus” também pode ser visto como uma homenagem não só a Nápoles como também ao cinema italiano e seus grandes diretores. Concordo quando dizem que este é o trabalho mais pessoal de Sorrentino. Quem agradece somos nós, cinéfilos, que ganhamos mais um grande filme italiano. IMPERDÍVEL com letras maiúsculas.                

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