“A MÃO DE DEUS” (“È
STATA LA MANO DI DIO”), 2021, Itália,
disponível na plataforma Netflix, 2h10m, roteiro e direção de Paolo Sorrentino.
Mais um belo filme de Sorrentino, que se consagrou em 2014 quando o seu “A Grande
Beleza” ganhou o Oscar e o Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro. “A Mão
de Deus” também representará a Itália na disputa do Oscar 2022 e, certamente,
será um dos favoritos. A exemplo de Federico Fellini, em “Amarcord”, quando o
grande diretor relembrou sua infância e adolescência em Rimini, Sorrentino faz
o mesmo ao descrever suas memórias de Nápoles, sua cidade natal, durante os
anos 80. Fabietto Schisa (Filippo Scotti) é o alter ego do diretor em
sua fase de amadurecimento. Sorrentino fez questão de abordar de forma afetuosa
e simpática os integrantes de sua grande família, pais, irmão, tios, tias,
primos e até os vizinhos. Como fez Fellini em “Amarcord” e o grande Ettore
Scola em “O Baile”, Sorrentino também criou personagens exóticos, esquisitos, caricaturais,
engraçados, os quais a gente aprendeu a chamar de “tipos fellinianos”. Embora
aconteça uma tragédia inesperada na família de Fabietto, o filme reserva, do
começo ao fim, momentos hilariantes, como as “pegadinhas” da sua mãe, os
palavrões da velha avó, e o namorado todo defeituoso de uma das tias. Entre os
tipos criados por Sorrentino está a baronesa Focale, que inicia Fabietto no
sexo, e a tia Patrizia, linda e louca. O pano de fundo da história, e que
inspirou o título, foi a contratação do argentino Diego Maradona pelo Nápoli.
Fabietto e toda sua família adoram futebol e eram fãs incondicionais de
Maradona, fato que salvaria o rapaz de uma tragédia. Além de Filippo Scotti,
estão no elenco Toni Servillo, Teresa Saponangelo, a diva Luisa Ranieri, Marlon Joubert
e Betty Pedrazzi. O diretor Antonio Capuano (“La Guerra Di Mario”, “Luna
Rossa”) tem uma participação especial. Com uma narrativa sensível, envolvente e
nostálgica, “A Mão de Deus” também pode ser visto como uma homenagem não só a Nápoles
como também ao cinema italiano e seus grandes diretores. Concordo quando dizem
que este é o trabalho mais pessoal de Sorrentino. Quem agradece somos nós,
cinéfilos, que ganhamos mais um grande filme italiano. IMPERDÍVEL com letras
maiúsculas.
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