Mesmo que tenha sido bastante elogiado pela crítica
especializada e de ter sido indicado para representar o Brasil no Oscar 2018 de
Melhor Filme Estrangeiro, confesso que relutei em assistir “BINGO, O REI DAS MANHÃS”, primeiro longa-metragem dirigido por
Daniel Rezende, com roteiro de Luiz Bolognesi. Afinal, não me interessou muito
o fato que o filme retratava a vida de Arlindo Barreto, um dos atores que
interpretou o palhaço Bozo com grande sucesso durante a década de 1980 nas
manhãs da programação infantil da TVS, depois SBT. Devido a problemas de
direitos autorais, no filme Barreto passou a se chamar Augusto Mendes (Vladimir Brichta),
Bozo ficou sendo Bingo, Márcia de Windsor virou Martha Mendes (Ana Lúcia Torre)
e a TV Globo foi retratada como TV Mundial (até Pedro Bial faz uma ponta). Um
dos únicos nomes verdadeiros que permaneceu foi a de Gretchen (Emanuelle
Araújo). Arlindo Barreto/Augusto Mendes não se conformava em manter sigilo
sobre sua identidade verdadeira, conforme o rígido contrato que assinou ao ser
contratado para interpretar Bozo/Bingo. Ele queria ser famoso e reconhecido não
como o palhaço, mas sim como o ator que o interpretava. Essa frustração foi um
dos motivos que levaram Barreto às drogas e à bebida, inclusive nos bastidores
do programa. Para desespero de Lúcia (Leandra Leal), Barreto/Mendes não seguia
o roteiro pré-estabelecido, preferindo improvisar. Numa dessas ocasiões, quando
Gretchen se apresentava cantando “Conga”, ele começou a se esfregar na cantora,
gerando uma cena, convenhamos, nada apropriada para o público infantil. O filme
me surpreendeu pela qualidade da direção, do roteiro, da cenografia, da
recriação de época e, principalmente, pela interpretação competente de Vladimir
Brichta, que, confesso, não sabia que era tão bom ator. A trilha sonora é
ótima, levando-nos a uma viagem musical aos anos 80. IMPERDÍVEL!
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