quinta-feira, 20 de junho de 2019


“O PACIENTE”, 2018, Brasil – Globo Filmes – 1h40, direção de Sérgio Rezende, com roteiro de Gustavo Liptzein. O filme revela, com detalhes, tudo o que se passou durante os dias em que Tancredo Neves ficou internado. Os bastidores desse período, ilustrados com imagens da época, estão no filme de Sérgio Rezende, cineasta que se notabilizou por realizar obras enfocando personagens e eventos históricos nacionais, entre as quais “Guerra de Canudos”, “Mauá – O Imperador e Rei”, “Lamarca” e “Zuzu Angel – assisti a todos, ótimos. No caso de “O Paciente”, o roteiro foi adaptado do livro “O Paciente – O Caso Tancredo Neves”, escrito pelo historiador Luís Mir e lançado em 2010. Para escrever o livro, Mir fez uma extensa pesquisa e realizou várias entrevistas com os envolvidos, além de ler os prontuários médicos e documentos, até então confidenciais, do Hospital de Base de Brasília e do Instituto do Coração, em São Paulo. O drama começa três dias antes antes da posse, quando Tancredo (Othon Bastos) começa a sentir fortes dores abdominais. Ao contrário dos conselhos médicos, que recomendaram uma operação urgente, já que se tratava de uma apendicite, Tancredo se recusou a ser operado, pois queria de qualquer jeito tomar posse e evitar uma possível crise institucional. Ele temia, por exemplo, que se caso José Sarney assumisse em seu lugar, o então presidente João Figueiredo não aceitaria entregar a faixa, o que de fato aconteceu. Tancredo piorou e aí ele foi submetido a uma primeira cirurgia, que revelou não ser o caso de apendicite e sim de diverticulite. O filme segue revelando detalhes dos bastidores, o sofrimento de Tancredo com as várias cirurgias e procedimentos, a angústia da família – e de todo o País -, as desavenças entre os médicos – quase teve pancadaria -, o despreparo não só dos médicos como do Hospital de Base de Brasília, e a transferência do ilustre paciente para o Instituto do Coração, em São Paulo, onde acabaria falecendo no dia 21 de abril de 1985, deixando o posto vazio para o glorioso José Sarney – e deu no que deu. Além de Othon Bastos, em atuação comovente, estão no elenco Leonardo Franco, Paulo Betti, Leonardo Medeiros, Esther Góes, Otávio Müller, Eucir de Souza, Luciana Braga, Emílio Dantas e Lucas Drummond. Achei o filme excelente, tenso, revelador, angustiante, reservando para o seu desfecho Milton Nascimento cantando “Coração de Estudante” – de marejar os olhos. Imperdível!     

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