quinta-feira, 22 de setembro de 2022

 

“GAROTOS DE BEM” (“LA SCUOLA CATTOLICA”), 2021, Itália, lançamento recente da Netflix, 1h46m, direção de Stefano Mordini, seguindo roteiro de Massimo Gaudioso e Luca Infascelli. A história é verídica, baseada no livro que leva o título original escrito por Edoardo Albinati. Trata-se de um drama pesado que relembra um crime bárbaro ocorrido em 1975 e que chocou a Itália. Três jovens estudantes de um tradicional colégio católico de Roma sequestraram, estupraram e espancaram duas meninas. Uma delas morreu. Os fatos que antecederam o crime são contados em ordem cronológica, culminando com as cenas brutais, filmadas com um realismo que certamente incomodará os espectadores com estômago mais sensível. Além da violência, muitas cenas de sexo e nus frontais, o que levou o filme a ser censurado em algumas cidades italianas. “Garotos de Bem” apresenta os assassinos como fruto de famílias disfuncionais pertencentes a uma sociedade decadente que sofre a ausência de valores morais, o que surpreende em se tratando de um país tradicionalmente católico e conservador. Um cúmulo jurídico: época, o estupro não era considerado crime na Itália. Segundo um psiquiatra que comentou o ocorrido, os três assassinos sofriam de algum tipo de transtorno mental, sadismo e masoquismo. No fundo, no fundo, psicopatas da pior espécie. Angelo Izzo (Luca Vergoni), Gianni Guido (Francesco Cavallo) e Andrea Ghira (Giulio Pranno), jovens pertencentes a famílias abastadas, levaram Donatella (Benedetta Porcaroli) e Rosaria (Federica Torchetti) para conhecer uma casa de praia na cidade litorânea de San Felice Circeo, a 150 km de Roma. É aqui que aconteceria o crime, que ficou famoso com o nome de “O Massacre de Circeo”. A história é narrada pelo próprio autor do livro, que também foi aluno do colégio católico e amigo de todos os envolvidos na história. Também estão no elenco Riccardo Scamarcio, Jasmine Trinca, Valeria Golino, Valentina Cervi (esposa do diretor), Marco Sincini, Sofia Iacuitto, Corrado Invernizzi, Beatrice Spata, Giulio Tropea, Alessandro Cantalini, Giulio Fochetti e Guido Quaglione. Resumindo: os três assassinos foram presos e condenados à prisão perpétua. Andrea morreu em 1994, quando fugia da prisão; Angelo foi solto em 2005 por bom comportamento, mas voltou à prisão depois de cometer mais dois assassinatos; Gianni saiu livre em 2009 e Donatella morreu em 2005 aos 47 anos, de câncer de mama. O filme é excelente, o elenco ótimo e o roteiro primoroso, além de uma caprichada reconstituição de época. Mas, repito, é perturbador, chocante. Para se ter uma ideia, os próprios atores tiveram dificuldades emocionais para gravar determinadas  cenas. Ótimo lançamento da Netflix. Imperdível!   

 

                            

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