quarta-feira, 31 de março de 2021

 

Sempre gostei muito de filmes de julgamento. Então, quando li que havia na Netflix um filme indiano chamado “TRIBUNAL”, resolvi assistir e depois comentar. A produção é de 2014, dura 1h56m e foi escrito e dirigido por Chaitanya Tamhane. É um filme bastante interessante por escancarar os defeitos do sistema judiciário da Índia, assim como a incompetência gritante de sua polícia. A história é centrada na figura de Narayan Kamble (Vira Sathidar), um cantor folk de 65 anos acusado de motivar o suicídio de um operário do sistema de esgoto de Mumbai. Segundo a advogada de acusação (Geetanjali Kulkarni) – equivalente à nossa promotoria -, a letra de uma de suas canções teria sido a causa do suicídio, evidência das mais fracas, mesmo porque o trabalhador foi encontrado morto dentro de um bueiro sem estar utilizando os equipamentos de segurança. Vinay Vora (Vivek Gomber), o advogado de defesa, tenta convencer o juiz de que as evidências são muito fracas para justificar a prisão do artista, acusando a polícia de ter agido fora da legalidade. Alternando as cenas do julgamento com o cotidiano particular da advogada de acusação, do advogado de defesa e do próprio juiz do caso, o diretor Tamhane também expõe a condição desfavorável da mulher em seu país. A advogada anda de ônibus lotado, vai pegar o filho no colégio e ainda prepara as refeições da família. Também as vidas particulares do advogado de defesa e do juiz do caso são colocadas em exposição, entre outros fatos determinantes das desigualdades e injustiças que imperam na Índia. Falado em inglês e hindi, “Tribunal” foi indicado para representar a Índia na disputa do Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter sido premiado nos festivais de cinema de Veneza, Buenos Aires e Cingapura. Por aqui, foi exibido durante o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. O filme não é muito fácil de digerir. O ritmo da narrativa é lento demais, quase entediante, com muitas sequências silenciosas filmadas com a câmera estática, sem falar naquelas cantorias irritantes típicas das produções de Bollywood. Por falar na trilha sonora, destaque para uma cena no interior de um bar onde uma cantora pede licença ao público para cantar uma música brasileira que, diz ela, aprendeu ouvindo de um morador de rua. Aí ela canta, em português, um trecho de “Carinhoso” (arrepiou!). Trocando em miúdos, “Tribunal” não é um grande filme, mas essencial para entender o sistema judiciário da Índia. Nesse contexto, é bastante esclarecedor.          

        

       

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