“CLEMÊNCIA” (“CLEMENCY”), 2019,
Estados Unidos, 1h52m, em cartaz na Netflix, roteiro e direção de Chinonye
Chukwu, cineasta nigeriana radicada nos EUA. Um drama impactante, embora intimista,
lento e de poucos diálogos muitas cenas silenciosas. A história é toda centrada em
Bernardine Williams (Alfre Woodard), carcereira-chefe de uma unidade prisional
com condenados aguardando a injeção letal (nos EUA, 29 estados aplicam a pena
de morte). A cena inicial é chocante, mostrando os preparativos e a execução de
Victor Gimenez (Alex Castillo). De embrulhar o estômago. Bernardine está lá presente, como em outras 12 ocasiões, comandando os trabalhos com pulso firme. Ela é aparentemente
insensível às execuções, mas no fundo, como o filme deixa bem claro mais tarde, ela sofre
as consequências psicológicas desse trabalho, o qual afeta o relacionamento
com o marido Jonathan (Wendell Pierce), que tenta convencê-la o tempo todo a se
aposentar. Anthony Woods (Aldis Hodje), acusado de assassinar um policial, será
o próximo a ser executado, embora continue alegando inocência. É a partir do
relacionamento com esse preso que Bernardine começa a desabar emocionalmente. O
trabalho da atriz Alfre Woodard é sensacional. Vale o ingresso. Para escrever o
roteiro, Chinonye Chukwu inspirou-se no caso de Troy Davis, um prisioneiro
executado em 2011. Chukwu realizou um excelente trabalho, tanto que mereceu
várias indicações no Sundance Film Festival, conseguindo o Grande Prêmio do
Júri, a primeira mulher negra a conquistá-lo (o Sundance é um festival dedicado
ao cinema independente). O filme é ótimo, com o mérito de apresentar, de forma
realista e ao mesmo tempo sensível, o trabalho nos bastidores de um corredor da morte. Sem dúvida, um dos
melhores lançamentos da Netflix em 2022.
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