“BURACO
NA PAREDE” (“GAT IN DIE MUUR”), 2020, África do Sul, 1h44m, direção de Andre
Odendaal, que também assina o roteiro com a colaboração de Susan Coetzer. Trata-se
de uma verdadeira pérola do pouco conhecido cinema sul-africano. Além de
dirigir, Odendaal atua como o principal protagonista, Rian, um homem
diagnosticado com câncer de cólon no estágio 4. Para aproveitar o pouco tempo
que lhe resta, semanas talvez, ele convida o filho Ben (Nick Campbell), que mora na Europa e não vê há três anos, e a amiga Ava (Tinarie Van Wyk Loots), que
servirá como uma espécie de sua cuidadora/enfermeira, para uma viagem pela África
do Sul com o objetivo de rever amigos, antigos amores e lugares que um dia
foram importantes em sua vida. O road-movie começa com uma visita à sua
ex-esposa, mãe de Ben, da qual está divorciado há 15 anos. A última visita é à
sua fazenda de café e ao seu amigo e administrador Tony. Durante toda a viagem,
Rian terá dores horríveis, enjoos e hemorragias, um sofrimento que o espectador
acompanha angustiado. Para aliviar as dores, a amiga Ava fornece cigarros de
maconha a Rian, seu unico “remédio” durante toda a viagem. Odendaal dirige o filme
com grande sensibilidade, criando uma viagem comovente de autoconhecimento e de
reflexões sobre a vida e a expectativa da morte iminente. Outro grande destaque
do filme são as paisagens litorâneas de Transkei e Kwzulu-Natal, realmente
espetaculares. O filme, disponível na plataforma Netflix, é todo falado em
africâner, língua de origem holandesa ainda muito utilizada na África do Sul e
na Namíbia. “Buraco na Parede” fez sucesso em vários festivais pelo mundo,
sendo que Andre Odendaal conquistou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de
Cinema de South Hampton (EUA). Enfim, um belo filme. Imperdível!
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