“A INFÂNCIA DE UM LÍDER” (“THE CHILDHOOD OF A LEADER”), 2015, EUA,
roteiro e direção de Brady Corbet. Confesso que demorei um tempo para assimilar
o choque pela novidade estética proporcionada pelo jovem ator norte-americano de 28 anos e agora
diretor Brady Corbet, em seu primeiro longa-metragem. Trata-se de um filme que
passa longe de qualquer apelo comercial. Ou seja, é um filme difícil de
digerir, lento e um tanto soturno, com a utilização de uma fotografia em tons
esmaecidos, opacos, e uma trilha sonora que aumenta o já dominante clima de
tensão. A história foi inspirada no conto “A Infância de um Líder”, do filósofo
Jean Paul Sartre, e no romance “The Magus”, de John Robert Fowles. Um
representante do governo dos EUA chega à Europa, com a esposa e o filho, para
coordenar os trabalhos que resultarão no Tratado de Versalhes, que pôs fim à
Primeira Grande Guerra. Embora o pano de fundo seja a situação política da
Europa no pós-guerra, o enredo destaca a situação familiar vivida pelo
representante norte-americano (Liam Cunningham). Casado com uma mulher fria,
infeliz e inescrupulosa (Bérénice Bejo), ele tem dificuldades para educar o filho,
Prescott (Tom Sweet), que se mostra rebelde e sempre contraria as ordens do pai
e da mãe. O garoto não aceita ingerências, quer mandar na casa. Enfim, está
nascendo um verdadeiro tirano fascista. Talvez seja esta a principal e mais
evidente metáfora da história, como o desfecho ressalta ao mostrar um grande
líder (Robert Pattinson) sendo aclamado pelo povão em delírio, como aconteceria
pouco depois com Mussolini e Hitler. Por seu trabalho criativo e inovador,
Brady Corbet – mais conhecido como ator de filmes como “Melancolia”, “Acima das
Nuvens” e “Enquanto Somos Jovens” – conquistou dois importantes prêmios no
Festival de Veneza: “Melhor Realizador” e “Melhor Primeiro Filme”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário