domingo, 8 de janeiro de 2017

“A INFÂNCIA DE UM LÍDER” (“THE CHILDHOOD OF A LEADER”), 2015, EUA, roteiro e direção de Brady Corbet. Confesso que demorei um tempo para assimilar o choque pela novidade estética proporcionada pelo jovem ator norte-americano de 28 anos e agora diretor Brady Corbet, em seu primeiro longa-metragem. Trata-se de um filme que passa longe de qualquer apelo comercial. Ou seja, é um filme difícil de digerir, lento e um tanto soturno, com a utilização de uma fotografia em tons esmaecidos, opacos, e uma trilha sonora que aumenta o já dominante clima de tensão. A história foi inspirada no conto “A Infância de um Líder”, do filósofo Jean Paul Sartre, e no romance “The Magus”, de John Robert Fowles. Um representante do governo dos EUA chega à Europa, com a esposa e o filho, para coordenar os trabalhos que resultarão no Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Grande Guerra. Embora o pano de fundo seja a situação política da Europa no pós-guerra, o enredo destaca a situação familiar vivida pelo representante norte-americano (Liam Cunningham). Casado com uma mulher fria, infeliz e inescrupulosa (Bérénice Bejo), ele tem dificuldades para educar o filho, Prescott (Tom Sweet), que se mostra rebelde e sempre contraria as ordens do pai e da mãe. O garoto não aceita ingerências, quer mandar na casa. Enfim, está nascendo um verdadeiro tirano fascista. Talvez seja esta a principal e mais evidente metáfora da história, como o desfecho ressalta ao mostrar um grande líder (Robert Pattinson) sendo aclamado pelo povão em delírio, como aconteceria pouco depois com Mussolini e Hitler. Por seu trabalho criativo e inovador, Brady Corbet – mais conhecido como ator de filmes como “Melancolia”, “Acima das Nuvens” e “Enquanto Somos Jovens” – conquistou dois importantes prêmios no Festival de Veneza: “Melhor Realizador” e “Melhor Primeiro Filme”.                                           
 
              
 

 

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