segunda-feira, 6 de março de 2017

“ELIS”, 2015, roteiro e direção de Hugo Prata (seu longa de estreia), é uma cinebiografia da cantora Elis Regina. No filme, a trajetória de Elis começa a ser contada quando ela chega ao Rio, aos 18 anos, em 1964, como uma ilustre desconhecida para logo depois se transformar numa conhecida ilustre. Estão lá retratados seu encontro com Ronaldo Bôscoli e Miéle no Beco das Garrafas, seus shows arrasadores e o início de sua amizade com o cantor/dançarino Lennie Dale. Elis chega a São Paulo para cantar “Arrastão”, de Edu Lobo, no I Festival da Música Popular Brasileira da TV Excelsior, em 1965, e mais uma vez levanta a plateia, conquistando o 1º lugar. Vem o convite da TV Record para comandar, junto com Jair Rodrigues, o programa “O Fino da Bossa”. E por aí vai a carreira daquela que é considerada até hoje a maior cantora que o Brasil já teve - no que concordo plenamente. O filme dá maior ênfase à vida particular conturbada de Elis, seu casamento com Bôscoli e depois com César Camargo Mariano, seu caso com Nelson Motta, a perseguição que sofreu dos militares, a desavença com o cartunista Henfil, seus shows nem sempre aclamados e, por fim, a fase depressiva que a levaria à morte em 1982, aos 36 anos de idade. A atriz mineira Andréia Horta representa Elis de forma magistral, incluindo caras e bocas, imitando com perfeição os gestos que Elis fazia quando falava e cantava. Em algumas cenas, a semelhança é incrível e emocionante. Entre os fatos importantes da carreira de Elis, porém, senti falta de uma menção ao disco “Elis & Tom”, que gravou junto com o maestro carioca, talvez seu trabalho musical mais importante. Não há também qualquer referência à amizade com Milton Nascimento. Mesmo essas falhas de roteiro não chegam a prejudicar o resultado final.  O elenco é ótimo: Caco Ciocler (César Camargo Mariano), Gustavo Machado (Ronaldo Bôscoli), Lúcio Mauro Filho (Miéle), Júlio Andrade (Lennie Dale), Rodrigo Pandolfo (Nelson Motta) e César Trancoso (Marcos Lázaro). Para quem passou dos 60, viveu aquela época e acompanhou a trajetória de Elis, o filme é pura emoção. Simplesmente imperdível!       



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