“O
CASAMENTO DE ALI” (“ALI’S WEDDING”), 2017, Austrália, 1h50m, direção de Jeffrey Walker
e roteiro de Osamah Sami. A história é baseada em fatos reais, ou seja, a
experiência vivida pelo iraquiano Osamah Sami, que, além de assinar o roteiro, também
atua como seu próprio personagem, no filme chamado de Ali Albasri. Nascido no
Iraque, Sami cresceu durante a guerra de seu país com o Irã. Viu tragédias como
a deu seu irmão mais velho, morto depois de pisar numa mina. Depois disso, a
família mudou-se para Melbourne, na Austrália. O clérigo Mahdi (Don Hany), pai
de Ali, clérigo iraquiano, logo assumiu a posição de líder de uma ummah
local – comunidade destinada a preservar a tradição do Islã. A esperança da
família é que Sami ingresse na faculdade de medicina. Ele não consegue, mas
mente que conseguiu. A partir dessa mentira, Sami viverá momentos tortuosos,
como se apaixonar por uma libanesa – pelo que o filme dá a entender, os
iraquianos não gostam dos libaneses -, fugir de um casamento arranjado e ainda
ter sua mentira sobre a faculdade descoberta, o que quase desgraçou sua família
perante a comunidade iraquiana. Todos esses e outros fatos foram relatados no
livro “Good Muslim Boy”, que Osamah Sami escreveu em 2016 e que serviu como
base para o roteiro. “O Casamento de Ali" tem muitos momentos de humor,
destacando-se as sequências em que um grupo de teatro apresenta uma peça
musical (“Trial of Saddam”) satirizando o ex-ditador Sadam Hussein. O filme foi
premiado em vários festivais de cinema pelo mundo afora, conquistando a
simpatia da crítica e do público, principalmente pelo seu pano de fundo, que é
o olhar sobre a cultura árabe. Como afirma um dos personagens iraquianos durante um
diálogo, “Nossa cultura tem muito mais complexidade e esferas do que vocês,
ocidentais, pensam”. Enfim, um filme hilário e ao mesmo tempo comovente e
esclarecedor. Imperdível!
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