segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

 

“O CASAMENTO DE ALI” (“ALI’S WEDDING”), 2017, Austrália, 1h50m, direção de Jeffrey Walker e roteiro de Osamah Sami. A história é baseada em fatos reais, ou seja, a experiência vivida pelo iraquiano Osamah Sami, que, além de assinar o roteiro, também atua como seu próprio personagem, no filme chamado de Ali Albasri. Nascido no Iraque, Sami cresceu durante a guerra de seu país com o Irã. Viu tragédias como a deu seu irmão mais velho, morto depois de pisar numa mina. Depois disso, a família mudou-se para Melbourne, na Austrália. O clérigo Mahdi (Don Hany), pai de Ali, clérigo iraquiano, logo assumiu a posição de líder de uma ummah local – comunidade destinada a preservar a tradição do Islã. A esperança da família é que Sami ingresse na faculdade de medicina. Ele não consegue, mas mente que conseguiu. A partir dessa mentira, Sami viverá momentos tortuosos, como se apaixonar por uma libanesa – pelo que o filme dá a entender, os iraquianos não gostam dos libaneses -, fugir de um casamento arranjado e ainda ter sua mentira sobre a faculdade descoberta, o que quase desgraçou sua família perante a comunidade iraquiana. Todos esses e outros fatos foram relatados no livro “Good Muslim Boy”, que Osamah Sami escreveu em 2016 e que serviu como base para o roteiro. “O Casamento de Ali" tem muitos momentos de humor, destacando-se as sequências em que um grupo de teatro apresenta uma peça musical (“Trial of Saddam”) satirizando o ex-ditador Sadam Hussein. O filme foi premiado em vários festivais de cinema pelo mundo afora, conquistando a simpatia da crítica e do público, principalmente pelo seu pano de fundo, que é o olhar sobre a cultura árabe. Como afirma um dos personagens iraquianos durante um diálogo, “Nossa cultura tem muito mais complexidade e esferas do que vocês, ocidentais, pensam”. Enfim, um filme hilário e ao mesmo tempo comovente e esclarecedor. Imperdível!              

 

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