domingo, 24 de maio de 2020


“A PRIMEIRA LINHA” (“PROMAKHOS”, título original em grego, ou “The First Line” nos países de língua inglesa – a tradução para o português é minha, baseado no título em inglês), 2014, coprodução Estados Unidos/Grécia/Inglaterra, 1h43m, disponível na plataforma Netflix. Roteiro e direção são assinados pelos irmãos John e Coertes Voorhees. Para entrar no comentário do filme propriamente dito, vamos aos fatos históricos que serviram de base ao roteiro. No início do século XIX, Lord Elgin, embaixador inglês junto ao império otomano (na época, a Grécia era dominada pelo império otomano), surrupiou do Parthenon, em Atenas, várias esculturas de mármore e levou tudo para a Inglaterra (ficariam conhecidas como “Os Mármores do Parthenon"). Alguns anos depois, Lord Elgin ficou sem dinheiro e vendeu as peças para o British Museum, em Londres. Muitos anos depois, em 2009, a direção do recém-inaugurado Museu da Acrópole de Atenas resolveu contratar dois advogados atenienses para entrar com um processo contra o Britsh Museum com o objetivo de resgatar as peças e devolvê-las à Grécia. Vamos agora ao filme. Os advogados Andreas (Pantelis Kodogiannis) e Eleni (Kassandra Voyagis), representando o Museu de Acrópole, preparam a acusação baseados, principalmente, no valor inestimável que as peças representam para a própria história do povo grego. Já em Londres, numa das primeiras reuniões entre os representantes do British Museum e os advogados do Museu de Acrópole, há uma cena espetacular durante a qual o gerente da Acrópole utiliza hologramas para explicar o dano irreparável que o roubo das peças significou, inclusive colocando em risco a própria estrutura do monumento grego. Os efeitos visuais são incríveis, uma verdadeira aula para historiadores, arqueólogos e arquitetos. As discussões preliminares entre as partes e durante o julgamento são de altíssimo nível, envolvendo questões históricas, filosóficas e jurídicas, tornando-se o grande trunfo deste ótimo filme. Também há que se destacar os cenários da Acrópole, onde as estão o Parthenon e outros monumentos históricos da Grécia. A crise econômica da Grécia, iniciada em 2008, também ganhou espaço no filme, principalmente os protestos violentos ocorridos em Atenas no início da segunda década deste século. As caminhadas dos advogados pelas ruas da capital grega durante as manifestações também merecem destaque. Como última nota, gostaria de salientar a presença, no elenco, dos veteranos atores Giancarlo Giannini, Paul Freeman e Michael Byrne. Enfim, “Promakhos” é cinema da melhor qualidade. Não percam!         

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