terça-feira, 26 de maio de 2020


Atenção, colegas e amigos cinéfilos, críticos e estudantes de cinema e amantes da Sétima Arte em geral. Não dá para perder “FILMANDO CASABLANCA” (“CURTIZ”), 2018, Hungria, 1h38m, produção Netflix (estreou dia 20 de março de 2020), direção de Tamás Yvan Topolánszky, que também assina o roteiro juntamente com Zsuzsanna Bak e Ward Parry. O filme é todo centrado no consagrado diretor húngaro Michael Curtiz (1886-1962), responsável por “Casablanca”, talvez o filme mais elogiado e badalado do século 20. Falado em inglês e húngaro e ambientado nos primeiros meses de 1942, “Filmando Casablanca” acompanha os bastidores das filmagens do clássico norte-americano, mas o foco central é sempre Curtiz, apresentado como um homem arrogante, autoritário (humilhava aos berros o pessoal da sua equipe, atores e figurantes) e mulherengo ao extremo, mas um gênio da Sétima Arte. Todo em preto e branco, com uma fotografia exuberante de Zoltán Dévényi, o set das filmagens de “Filmando Casablanca” foi construído como uma verdadeira réplica do cenário original, criado nos estúdios da Warner Bros. O filme mostra o alto nível de estresse que tomou conta das filmagens, a começar pelas reuniões entre Jack L. Warner (Andrew Hefler), o produtor Hal B. Wallis (Scott Alexander Young)o chefão do estúdio, e Michael Curtiz, que contavam ainda com a presença do representante (censor) do governo norte-americano, Johnson (Declan Hannigan), que insistia toda hora em interferir no roteiro – as filmagens começaram logo após o ataque dos japoneses a Pearl Harbor, o que resultou na entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Johnson insistia para que o filme servisse como propaganda patriótica em tempos de guerra. Não bastasse isso, Curtiz teria de lidar com a visita inesperada de sua filha Kitty (Evelin Dobos), que não via há muitos anos. Outro fator que atormentava Curtiz eram os pedidos desesperados de sua irmã que tentava fugir da Hungria para não ser mandada para algum campo de concentração (a família de Curtiz era judia). Para aumentar ainda mais a alegria dos cinéfilos, o filme mostra ainda como as gravações foram feitas, as inesperadas mudanças no roteiro e o surpreendente detalhe sobre o avião ao fundo na cena final, construído de papelão sobre uma armação de madeira. Os atores que representam Humphrey Bogard e Ingrid Bergman aparecem sempre de relance, desfocados, uma maneira que o jovem diretor Topolánszky, de apenas 33 anos, encontrou para enfatizar que o astro do seu filme é o diretor Michael Curtiz. Enfim, um filme delicioso que os amantes de cinema terão - como eu tive - o privilégio de saborear. IMPERDÍVEL com letra maiúscula!       


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