sexta-feira, 3 de abril de 2020


“GRAÇAS A DEUS” (“GRÂCE À DIEU”), 2018, França/Bélgica, 2h17m, roteiro e direção de François Ozon. Grande vencedor do Prêmio do Júri (“Urso de Prata”) do Festival Internacional de Cinema de Berlim/2019, o filme consagra o cineasta francês François Ozon como um dos melhores diretores do cinema atual (leia algumas dicas de seus filmes no final deste comentário). Inspirado em fatos ocorridos na França, especificamente na cidade de Lyon, Ozon vai a fundo no psicológico devastado das vítimas do padre pedófilo Bernard Preynat (Bernard Verley), que nas décadas de 1980 e 1990 abusou de vários garotos que integravam um grupo de escoteiros, fatos que viriam a público muitos anos mais tarde. Alexandre Guérin (Mevil Poupaud), um respeitado empresário e chefe de família, vítima do padre quando garoto, ficou revoltado ao ler uma notícia de que Preynat continuava trabalhando com crianças. Com o apoio da família, ele resolve denunciar o padre ao cardeal Philippe Barbarin (François Marthouret). Uma psicóloga da paróquia de Lyon promove uma acareação entre Preynat e Alexandre. O pedófilo confirma os fatos, mas não pede perdão a Alexandre. Além disso, o cardeal Barbarin firma posição de que tal crime já está prescrito. É a gota d’água para que Alexandre resolva denunciar publicamente o que aconteceu. Daí para a frente, várias outras vítimas de Preynat, cujos abusos não podem ser prescritos, resolvem se posicionar, o que culmina na criação da associação “Palavra Liberada”. As vítimas resolvem entregar o padre pedófilo à polícia, além de denunciarem o cardeal Barbarin por omissão. Nesse ponto, o diretor Ozon faz questão de destacar a burocracia administrativa da Igreja na tomada de uma posição, uma atitude que denota um forte corporativismo. Embora um tanto verborrágico, o filme consegue manter um ritmo quase que frenético do começo ao fim, num clima de forte tensão psicológica. Também fazem parte do elenco Aurélia Petit, Éric Caravaca, Denis Ménochet, Sinan Arlaud, Josiane Balasco, Hélène Vincente e Amélie Daure. Para encerrar o comentário, conforme prometido, indico outros ótimos de François Ozon: “Frantz”, “O Amante Duplo”, “Jovem e Bela”, “Swimming Pool”, “Uma Nova Amiga” e “Dentro de Casa”, este último, na minha opinião, o melhor de Ozon. “Graças a Deus” é mais um filme imperdível do diretor francês.    


Nenhum comentário: