quarta-feira, 1 de abril de 2020


“A TRINCHEIRA INFINITA” (“La Trinchera Infinita”), 2019, Espanha, 2h27m, produção e distribuição Netflix, direção de Jon Garaño e Aitor Arregi, seguindo roteiro assinado por Luiso Berdejo e Jose Maria Goenaga. A história, baseada em fatos reais, tem como pano de fundo a situação política da Espanha desde o início da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), passando pela Segunda Guerra Mundial e o período posterior em que o Generalíssimo Franco governou o país com mãos de ferro. Na verdade, o enredo vai até 1969. É uma história incrível, toda ambientada num vilarejo do interior da Espanha. No início da Guerra Civil, houve uma grande caçada aos comunistas. Um deles era Higinio Blanco (Antonio de la Torre), que passou a ser procurado como inimigo número 1 pela polícia local. Com o cerco ao vilarejo, impedindo qualquer fuga, Higinio resolve se esconder num porão da casa, ajudado pela esposa Rosa (Belén Cuesta). Esse confinamento só terminaria em 1969, acredite se quiser. Nesse longo período de 33 anos, Higinio também ficaria escondido na casa de seu pai, num quarto construído especialmente para se transformar em esconderijo. Enquanto Rosa costurava e consertava roupas para o pessoal da vila, Higinio só tinha contato com o mundo exterior apenas através de um buraco na parede, devidamente disfarçado atrás de um espelho. Mesmo em 1963, quando Franco decretou a anista ao pessoal envolvido em questões políticas, Higinio decidiu não sair da toca. Para destacar ainda mais a sensação de claustrofobia dos dois personagens, a fotografia foi realizada em tons escuros até quase o desfecho. Eu já conhecia Antonio de la Torre e Belén Cuesta de outros carnavais, ou melhor, de outros bons filmes. Dele, eu já tinha assistido, entre outros filmes, o espetacular “O Candidato” (“El Reino”) e “Que Dios nos Perdone”. Dela, lembro da recente comédia “O Outro Pai” e “Kiki: Os Segredos do Desejo”. Juntos agora em “A Trincheira Infinita”, os dois esbanjam competência. O filme foi lançado na plataforma Netflix no dia 28 de fevereiro de 2020, mas antes foi exibido no Festival Internacional de San Sebastian 2019, onde ganhou os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Roteiro. Disputou também o Goya (o Oscar espanhol), conquistando os prêmios de Melhor Atriz (Cuesta) e de Melhor Som. Excelente!  

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