“A TRINCHEIRA INFINITA” (“La
Trinchera Infinita”), 2019, Espanha, 2h27m, produção e distribuição
Netflix, direção de Jon Garaño e Aitor Arregi, seguindo roteiro assinado por
Luiso Berdejo e Jose Maria Goenaga. A história, baseada em fatos reais, tem
como pano de fundo a situação política da Espanha desde o início da Guerra
Civil Espanhola (1936-1939), passando pela Segunda Guerra Mundial e o período
posterior em que o Generalíssimo Franco governou o país com mãos de ferro. Na
verdade, o enredo vai até 1969. É uma história incrível, toda ambientada num
vilarejo do interior da Espanha. No início da Guerra Civil, houve uma grande
caçada aos comunistas. Um deles era Higinio Blanco (Antonio de la Torre), que
passou a ser procurado como inimigo número 1 pela polícia local. Com o cerco ao
vilarejo, impedindo qualquer fuga, Higinio resolve se esconder num porão da
casa, ajudado pela esposa Rosa (Belén Cuesta). Esse confinamento só terminaria
em 1969, acredite se quiser. Nesse longo período de 33 anos, Higinio também
ficaria escondido na casa de seu pai, num quarto construído especialmente para
se transformar em esconderijo. Enquanto Rosa costurava e consertava roupas para
o pessoal da vila, Higinio só tinha contato com o mundo exterior apenas através
de um buraco na parede, devidamente disfarçado atrás de um espelho. Mesmo em
1963, quando Franco decretou a anista ao pessoal envolvido em questões
políticas, Higinio decidiu não sair da toca. Para destacar ainda mais a sensação
de claustrofobia dos dois personagens, a fotografia foi realizada em tons
escuros até quase o desfecho. Eu já conhecia Antonio de la Torre e Belén Cuesta
de outros carnavais, ou melhor, de outros bons filmes. Dele, eu já tinha
assistido, entre outros filmes, o espetacular “O Candidato” (“El Reino”) e “Que
Dios nos Perdone”. Dela, lembro da recente comédia “O Outro Pai” e “Kiki: Os Segredos
do Desejo”. Juntos agora em “A Trincheira Infinita”, os dois esbanjam
competência. O filme foi lançado na plataforma Netflix no dia 28 de fevereiro
de 2020, mas antes foi exibido no Festival Internacional de San Sebastian 2019,
onde ganhou os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Roteiro. Disputou também o
Goya (o Oscar espanhol), conquistando os prêmios de Melhor Atriz (Cuesta) e de
Melhor Som. Excelente!
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