“ASSIM QUE ABRO MEUS
OLHOS” (“À PEINE J’OUVRE LES YEUX”), Tunísia/França, 2015, marca a estreia da tunisiana Leyla
Bouzid na direção – ela também assina o roteiro. Mesmo que o centro da história seja
ficcional, o filme resgata os acontecimentos que deram origem ao movimento que viria
a se chamar “Primavera Árabe”, a partir de dezembro de 2010, responsável pela
derrubada dos presidentes da Tunísia, do Egito e da Líbia, além de gerar violentos
protestos em outros países do Oriente Médio e do Norte da África. O filme é
todo ambientado em Túnis e centrado na jovem Farah (Baya Medhaffar), de 18
anos, vocalista de uma banda de pop-rock cujas letras protestam contra o
governo tunisiano comandado pelo ditador Zine el-Abidine Ben Ali, que seria
deposto meses depois. Canções de protesto, contendo letras com frases como “Ricos
têm dentes de ouro, enquanto os pobres estão desdentados” ou “Assim que abro
meus olhos eu vejo aqueles privados de trabalho e de comida”. A banda se
apresenta em bares lotados de Túnis e os jovens aderem às músicas, gritando
seus refrões. Claro que não demora muito
para as autoridades começarem a repressão, o que desencadeia todo um movimento
revolucionário. Além do aspecto político, o filme destaca o relacionamento
conflituoso entre Farah e a mãe, Hayet (a maravilhosa atriz Ghalia Benali). O
filme representou a Tunísia na disputa do Oscar 2017 de Melhor Filme
Estrangeiro, foi premiado em diversos festivais, inclusive o de Veneza, e foi
considerado pelo site IndieWire “O melhor filme de ficção sobre a Primavera
Árabe até agora”. Realmente, um filmaço!
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