domingo, 22 de outubro de 2017

“ASSIM QUE ABRO MEUS OLHOS” (“À PEINE J’OUVRE LES YEUX”), Tunísia/França, 2015, marca a estreia da tunisiana Leyla Bouzid na direção – ela também assina o roteiro. Mesmo que o centro da história seja ficcional, o filme resgata os acontecimentos que deram origem ao movimento que viria a se chamar “Primavera Árabe”, a partir de dezembro de 2010, responsável pela derrubada dos presidentes da Tunísia, do Egito e da Líbia, além de gerar violentos protestos em outros países do Oriente Médio e do Norte da África. O filme é todo ambientado em Túnis e centrado na jovem Farah (Baya Medhaffar), de 18 anos, vocalista de uma banda de pop-rock cujas letras protestam contra o governo tunisiano comandado pelo ditador Zine el-Abidine Ben Ali, que seria deposto meses depois. Canções de protesto, contendo letras com frases como “Ricos têm dentes de ouro, enquanto os pobres estão desdentados” ou “Assim que abro meus olhos eu vejo aqueles privados de trabalho e de comida”. A banda se apresenta em bares lotados de Túnis e os jovens aderem às músicas, gritando seus refrões. Claro que não demora  muito para as autoridades começarem a repressão, o que desencadeia todo um movimento revolucionário. Além do aspecto político, o filme destaca o relacionamento conflituoso entre Farah e a mãe, Hayet (a maravilhosa atriz Ghalia Benali). O filme representou a Tunísia na disputa do Oscar 2017 de Melhor Filme Estrangeiro, foi premiado em diversos festivais, inclusive o de Veneza, e foi considerado pelo site IndieWire “O melhor filme de ficção sobre a Primavera Árabe até agora”. Realmente, um filmaço!      


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