“SILENCIADAS”
(“AKELARRE”),
2020, Espanha, 1h31m, roteiro e direção de Pablo Agüero, diretor argentino
radicado na França. Disponível na plataforma Netflix, o filme foi inspirado numa
história verídica ocorrida no auge da Inquisição, no início do século 17. Antes
de iniciar o comentário em si, vou relatar o fato histórico. Em 1606, o rei
Henrique IV da França e Navarra, encarregou o juiz francês Pierre de Rosceguy De
Lancre de investigar possíveis práticas de feitiçaria nos territórios bascos da
França. Foi iniciada, então, uma verdadeira "caça às bruxas”, culminando na
morte de centenas de mulheres, conforme o próprio juiz relatou nos livros que
escreveu antes de morrer. Mais de um século depois, essas histórias foram condensadas
no livro “A Feiticeira”, de Jules Michelet, que serviu para a base do roteiro
de Agüero. O filme é ambientado numa vila de pescadores do país basco. O juiz
inquisidor Rostegui (Alex Brendemühl), acompanhado de um padre conselheiro
(Daniel Fanego) e soldados, chega à vila e prende seis jovens mulheres para
interrogatório. Elas são suspeitas de praticar o Sabbath, também conhecido como
ritual das bruxas, durante o qual, segundo se acreditava, as mulheres se
comunicavam e até se relacionavam sexualmente com o Lúcifer. A líder das jovens
é Amaia (Amaia Aberasturi), que confessa ser mesmo uma bruxa e que, em troca de
suas vidas, promete encenar o ritual para Rostegui. Quando se comunica com Lúcifer,
Amaia fala uma língua desconhecida e aparentemente, para os inquisidores,
diabólica, mas é, na verdade, o dialeto basco. O filme é muito interessante e
esclarecedor sobre a tenebrosa época da inquisição e como eram realizados os interrogatórios,
que não dispensavam a tortura. Além da história em si, outros destaques do filme
são os excelentes desempenhos da jovem atriz Amaia Aberasturi e do veterano
Alex Brendemühl, além do visual marcante proporcionado pela fotografia de
Javier Agirre. “Silenciadas” recebeu seis indicações ao 8º Prêmio Feroz, da
Asociación de Informadores Cinematográficos de Espanã, equivalente ao Globo de Ouro que antecede o Oscar norte-americano. Logo em seguida, recebeu nove indicações ao 35º Goya Awards (o Oscar espanhol),
sendo premiado em cinco delas.
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