quinta-feira, 14 de maio de 2020


“A ÚLTIMA COISA QUE ELE QUERIA” (“The Last Thing He Wanted”), 2020, Estados Unidos, produção Netflix, 120 minutos, direção da cineasta Dee Rees, que também assina o roteiro com a colaboração de Marco Villalobos. Trata-se, na verdade, de uma adaptação do livro escrito em 1996 pela jornalista, ensaísta e romancista norte-americana Joan Didion (o título do livro é mesmo do filme em inglês). A história é centrada na jornalista investigativa Elena McMahon (Anne Hathway), do jornal Atlantic Post. Em 1982, ela é enviada como correspondente a El Salvador, ao lado da fotógrafa Alma Guerrero (Rosie Perez), para cobrir o conflito armado entre o exército do governo ditatorial de direita, apoiado pelo Tio Sam, e a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional. Depois de quase serem mortas durante a cobertura, Elena e Alma voltam com material jornalístico que denuncia a participação dos EUA fornecimento de armas para o governo de El Salvador. Quando estava disposta a ir mais a fundo nas suas investigações, Elena recebe a ordem de esquecer El Salvador para cobrir a campanha do republicano Ronald Reagan à reeleição, em 1984. Até aí, o filme segue um roteiro crível. Mas eis que de repente, não mais do que repente, surge na trama o pai de Elena, o trambiqueiro Richard McMahon (Willem Dafoe), que há muito tempo havia abandonado a esposa e a filha. Ele chega contando uma história mirabolante, dizendo que está em meio a um negócio de milhões de dólares e pede à filha para ajudá-lo. Sem saber exatamente do que se tratava, Elena embarca numa aventura maluca que a leva até a Costa Rica, onde descobrirá que o pai estava contrabandeando armas e recebendo como pagamento carregamentos de drogas. Olha só que confusão! Tudo isso para dar a entender que o pai de Elena fornecia armas também para El Salvador (Que coincidência, hein?). Para tornar o roteiro ainda mais confuso, aparecem mais dois personagens misteriosos, Treat Morrison (o canastrão  e péssimo ator Ben Afflek), um agente do governo norte-americano ligado à CIA, e o mais que esquisito Paul Schuster (Toby Jones), que surge na história como um homossexual afetado que mora num casarão à beira do mar do caribenho. Enfim, um filme que se perde a partir da segunda metade, confundindo a cabeça do espectador mais atento com um roteiro dos mais mirabolantes e fantasiosos. De qualquer forma, em meio a um resultado final para lá de decepcionante, dá para destacar a boa atuação de Anne Hathaway, uma boa atriz que ultimamente não tem tido muita sorte na escolha de seus roteiros. Acompanho a trajetória de Hathaway desde o seu filme de estreia, “O Diário da Princesa”, em 2001, passando, entre outros, por “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), “O Diabo Veste Prada” (2006) até “Os Miseráveis”, que lhe valeu o Oscar 2013 de Melhor Atriz Coadjuvante. Depois atuou em bobagens como “As Trapaceiras” e o horrível “Calmaria”, sem dúvida um dos piores deste século, onde contracenou com Matthew McConaughey. Após sua exibição de estreia no Festival de Cinema de Sundance (EUA), “A Última Coisa que Ele Queria” foi recebido com risadas, apesar do desfecho dramático. O filme ainda recebeu severas e contundentes críticas por parte dos comentaristas especializados. Tudo isso para confirmar minha opinião negativa sobre o filme. Eu até trocaria o título em português para “A Última Coisa que Você Merecia Ver”.              

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