quinta-feira, 28 de novembro de 2019


Como é possível realizar um filme agradável de assistir utilizando apenas três personagens, somente um cenário e acrescentar humor (negro) quando o assunto principal é a eutanásia? O diretor suíço Lionel Baier conseguiu essa façanha com “A VAIDADE” (“LA VANITÉ”), 2016, coprodução Suíça/França, 1h15m. É bom esclarecer que ele teve a ajuda do roteirista Julien Bouissoux. Poderia ter sido uma peça de teatro, mas ficou muito bem na telinha. Vamos à história: David Miller (Patrick Lapp), um arquiteto consagrado, à beira dos 80, está com câncer terminal no cérebro e, depois de três cirurgias, não conseguiu se livrar da doença. Preferiu então contratar os serviços de uma instituição especializada em realizar eutanásias assistidas – na Suíça, a eutanásia assistida é permitida desde 1942. Como local de seu último suspiro, David escolheu um motel que ele e a falecida esposa, também arquiteta, projetaram há muitos anos e que hoje está totalmente decadente. Esperanza (a atriz espanhola Carmen Maura, a musa de tantos filmes de Almodóvar) é a funcionária da organização encarregada de ministrar os remédios fatais. De acordo com o protocolo da firma e da própria lei suíça, o procedimento exige que haja uma testemunha. Davi e Esperanza precisaram improvisar, convocando o prostituto Trépleu (Luan Georgiev), um imigrante russo que naquela ocasião recebia seus clientes no quarto vizinho. A reunião entre estes três personagens é que dá impulso à história. Cada um deles fala de seu passado, problemas conjugais, suas escolhas na vida e conversam muito sobre a questão da eutanásia. Tudo realizado com um pitadas de humor inteligente, principalmente durante os diálogos, tornando esta produção suíça um ótimo entretenimento, valorizada ainda mais pelo desempenho dos veteranos David Lapp e Carmen Maura, além de Ivan Georgiev. No Swiss Film Prize, o Oscar suíço, Patrick Lapp e Ivan Georgiev foram premiados por sua atuação. Enfim, cinema da melhor qualidade.    

Nenhum comentário: