Como é possível realizar um
filme agradável de assistir utilizando apenas três personagens, somente um
cenário e acrescentar humor (negro) quando o assunto principal é a eutanásia? O
diretor suíço Lionel Baier conseguiu essa façanha com “A VAIDADE” (“LA
VANITÉ”), 2016, coprodução Suíça/França, 1h15m. É bom esclarecer que ele
teve a ajuda do roteirista Julien Bouissoux. Poderia ter sido uma peça de
teatro, mas ficou muito bem na telinha. Vamos à história: David Miller (Patrick
Lapp), um arquiteto consagrado, à beira dos 80, está com câncer terminal no cérebro
e, depois de três cirurgias, não conseguiu se livrar da doença. Preferiu então
contratar os serviços de uma instituição especializada em realizar eutanásias
assistidas – na Suíça, a eutanásia assistida é permitida desde 1942. Como local
de seu último suspiro, David escolheu um motel que ele e a falecida esposa,
também arquiteta, projetaram há muitos anos e que hoje está totalmente
decadente. Esperanza (a atriz espanhola Carmen Maura, a musa de tantos filmes
de Almodóvar) é a funcionária da organização encarregada de ministrar os
remédios fatais. De acordo com o protocolo da firma e da própria lei suíça, o
procedimento exige que haja uma testemunha. Davi e Esperanza precisaram
improvisar, convocando o prostituto Trépleu (Luan Georgiev), um imigrante russo
que naquela ocasião recebia seus clientes no quarto vizinho. A reunião entre estes três
personagens é que dá impulso à história. Cada um deles fala de seu passado,
problemas conjugais, suas escolhas na vida e conversam muito sobre a questão da
eutanásia. Tudo realizado com um pitadas de humor inteligente, principalmente durante
os diálogos, tornando esta produção suíça um ótimo entretenimento, valorizada
ainda mais pelo desempenho dos veteranos David Lapp e Carmen Maura, além de
Ivan Georgiev. No Swiss Film Prize, o Oscar suíço, Patrick Lapp e Ivan Georgiev
foram premiados por sua atuação. Enfim, cinema da melhor qualidade.
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