segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019


“ROMA”, 2018México, 2h15m, produção e distribuição da Netflix, roteiro e direção de Alfonso Cuarón. Totalmente filmado em preto e branco, esse maravilhoso drama recebeu nada menos do que 10 indicações para disputar no Oscar 2019. Banido do Festival de Cannes 2018 por ser da Netflix, “Roma” conquistou o Leão de Ouro como Melhor Filme no Festival de Veneza e foi eleito o melhor longa-metragem de 1918 por críticos de Nova Iorque, São Francisco, Los Angeles e Chicago. Ao assistir “Roma”, fiquei propenso a acreditar que o diretor mexicano estava fazendo uma homenagem a “Roma, Cidade Aberta” (1947), um clássico do neorrealismo italiano dirigido por Roberto Rosselini. Ledo engano. Cuarón escreveu o roteiro inspirado na sua infância, quando morava com sua família em Colônia Roma, um bairro de classe média na Cidade do México. A personagem principal da história, Cleo (Yalitza Aparício), por exemplo, foi baseada na sua antiga babá Libo. Tudo gira em torno de Cleo, a babá e empregada da família, na verdade o braço direito de Sofia (Marina de Tavira), a patroa da casa. O filme é ambientado nos primeiros anos da década de 70, quando o México vivia um momento de grave instabilidade política, com manifestações de trabalhadores e estudantes. Numa dessas manifestações, um grupo de paramilitares assassinou 120 manifestantes, a maioria estudantes. Cuarón toca nessa ferida e em outras mais. Porém, o foco central do filme é realmente o relacionamento entre os familiares e Cleo, a cumplicidade que os une, sem distinção de classe, puro amor fraternal. Nesse contexto, o filme reserva momentos de grande sensibilidade capazes de emocionar até mesmo o espectador menos sensível. Enfim, uma beleza de filme, cinema da mais alta qualidade. Imperdível! (só para lembrar: Cuarón já conquistou três prêmios Oscar com “Gravidade”, de 2014: Direção, Filme e Montagem).

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