“ROMA”, 2018, México, 2h15m, produção e distribuição da Netflix, roteiro e direção de Alfonso
Cuarón. Totalmente filmado em preto e branco, esse maravilhoso drama recebeu
nada menos do que 10 indicações para disputar no Oscar 2019. Banido do Festival
de Cannes 2018 por ser da Netflix, “Roma” conquistou o Leão de Ouro como Melhor
Filme no Festival de Veneza e foi eleito o melhor longa-metragem de 1918 por
críticos de Nova Iorque, São Francisco, Los Angeles e Chicago. Ao assistir “Roma”,
fiquei propenso a acreditar que o diretor mexicano estava fazendo uma homenagem
a “Roma, Cidade Aberta” (1947), um clássico do neorrealismo italiano dirigido por
Roberto Rosselini. Ledo engano. Cuarón escreveu o roteiro inspirado na sua
infância, quando morava com sua família em Colônia Roma, um bairro de classe
média na Cidade do México. A personagem principal da história, Cleo (Yalitza
Aparício), por exemplo, foi baseada na sua antiga babá Libo. Tudo gira em torno
de Cleo, a babá e empregada da família, na verdade o braço direito de Sofia
(Marina de Tavira), a patroa da casa. O filme é ambientado nos primeiros anos da
década de 70, quando o México vivia um momento de grave instabilidade política,
com manifestações de trabalhadores e estudantes. Numa dessas manifestações, um
grupo de paramilitares assassinou 120 manifestantes, a maioria estudantes. Cuarón
toca nessa ferida e em outras mais. Porém, o foco central do filme é realmente o
relacionamento entre os familiares e Cleo, a cumplicidade que os une, sem
distinção de classe, puro amor fraternal. Nesse contexto, o filme reserva
momentos de grande sensibilidade capazes de emocionar até mesmo o espectador
menos sensível. Enfim, uma beleza de filme, cinema da mais alta qualidade.
Imperdível! (só para lembrar: Cuarón já conquistou três prêmios Oscar com “Gravidade”,
de 2014: Direção, Filme e Montagem).
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