“A CRIADA” (“AH-GA-SSI”), 2016, Coréia do Sul, roteiro e direção de Park
Chan-Wook (“Oldboy”, “Segredos de Sangue”). Trata-se de um drama da mais alta
qualidade, criativo e, ao mesmo tempo, de difícil compreensão, longo (2h47m) e
enigmático, sem falar no fato de que é falado em japonês e coreano. A trama, porém, é
engenhosa. Requer uma atenção especial para os detalhes. Nem tudo o que você
vê é o que realmente acontece. O roteiro é baseado no romance galês “Fingersmith”
(“Na Ponta dos Dedos”), escrito por Sarah Waters. Ambientado nos anos 30 na Coréia do Sul
durante a ocupação japonesa, o filme descreve uma trama diabólica. A jovem
camponesa Sooke (Kim Tae-Ri) é contratada como empregada da rica e ingênua herdeira
Hideko (Kim Min-Hee), que mora com o tio autoritário Kouzuki (Cho Jin-Woong). A
verdadeira intenção de Sooke é promover a aproximação do falso conde Fugiwara (Ha
Jung-Woo) e convencer Hideko a desposá-lo. Na segunda parte do filme, numa
narrativa fragmentada, repleta de idas e vindas, além da repetição das cenas da
primeira parte sob ângulos diferentes, o enredo transforma-se num verdadeiro
quebra-cabeças e sua montagem terá a finalidade de explicar tudo o que
realmente aconteceu, com direito a várias reviravoltas até chegar ao desfecho.
O primor visual, tanto com relação à fotografia, cenários, figurinos e recriação
de época, é um dos maiores destaques do filme, assim como a requintada
elaboração das cenas eróticas, que beiram o explícito sem abrir mão do bom
gosto. Não há dúvidas de que estamos diante de um filme bastante interessante e
inovador. Poucos diretores do cinema atual teriam a coragem de utilizar a câmera
com tantos planos diferentes e de forma tão criativa. Não é um filme para iniciantes.
Concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2016 e ganhou nada menos do que
37 prêmios internacionais em festivais pelo mundo afora.
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