Rotulado como comédia, o filme italiano “VIVA A LIBERDADE” (“Viva la Libertà”) passa longe de ser
motivo de risos. Pelo contrário, tem um pano de fundo sério, baseado em questões
políticas. O grande ator italiano Toni Servillo (de “A Grande Beleza”) faz dois
personagens: Enrico Olivieri, senador e 1º Secretário de um importante partido
de esquerda, opositor do governo, e seu irmão gêmeo Giovanni Ernani, um professor
filósofo, bipolar, que de vez em quando é internado num hospício. Em
depressão por causa de uma agenda de inúmeros compromissos, somada a muitas
críticas de seus companheiros de partido e ainda pela péssima situação nas
pesquisas (17%) para a próxima eleição, Enrico resolve sumir. Viaja incógnito
para Paris. Seu assistente Andrea Bottini (o ótimo Valerio Mastandrea) não sabe
o que fazer. De início, é obrigado a cancelar reuniões e discursos de Enrico,
alegando que ele se afastou por motivo de doença. Mas a pressão é insuportável,
e Andrea tem a ideia de utilizar Giovanni para fazer o papel de Enrico. Com sua
grande erudição, o professor dá entrevistas e faz discursos utilizando uma
linguagem muito distante daquelas que os políticos costumam usar. Num dos
discursos, por exemplo, ele cita frases de Brecht. Sua atuação é responsável
por uma grande reviravolta nas pesquisas. Enquanto isso, Enrico revê um grande
amor de juventude, Danielle (Valeria Bruni Tedeschini), agora casada com um
cineasta. Tudo bem que o diretor Roberto Andó tentou fugir dos clichês próprios
desses filmes onde os personagens trocam de identidade, mas o resultado final é
decepcionante, ainda mais com um elenco tão bom.
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