“HANDIA”, 2017, Espanha, 1h56m,
disponível na Netflix, roteiro e direção da dupla de cineastas Jon Garaño e Aitor
Arregie. A história é baseada num personagem que realmente existiu na Espanha
do século XIX. Trata-se de Miguel Joaquín Eleizegui Arteaga, que ficou
conhecido como o “Gigante de Altzo” – só para esclarecer, um dos significados da
palavra “handia” na língua basca é “gigante”. O filme é falado em basco, já que
a família do “gigante” morava no município de Altzo, localizada na província de
Guipúscua, comunidade autônoma do país basco. Nascido numa família de pequenos
agricultores, Miguel Joaquín (Eneko Sagardoy) era um jovem normal até os 20
anos de idade, quando passou a sofrer de gigantismo, que o levou, rapidamente,
a crescer muito acima dos 2 metros de altura. Três anos antes, Martin (Joseba
Usabiaga), seu irmão mais velho, foi recrutado para servir o exército carlista
durante a guerra civil contra os liberais espanhóis. Ao final do conflito,
Martin volta com o braço direito inutilizado por causa de um ferimento, sem
poder, portanto, ajudar na rotina de trabalho na fazenda da família, que vive
graves problemas financeiros. Quando vê o irmão como um verdadeiro gigante,
Martin resolve ganhar dinheiro exibindo-o como atração em circos e teatros. O
sucesso foi tão grande que resolveram promover um show itinerante pelas
principais cidades da Espanha, além de apresentações em Paris, Lisboa e Londres,
onde Joaquín chegou a ser visto na corte da Rainha Vitoria. O filme retrata
toda essa verdadeira epopeia, focando, principalmente, na relação entre os
irmãos. Impossível não se emocionar com o sofrimento físico e mental de Miguel
Joaquín. O ator que o interpreta tem na vida real "apenas" 1m87 de altura,
aumentados com um efeito especial imperceptível e por enquadramentos
que o transformaram em gigante nas filmagens. Méritos para a dupla de
cineastas, que ainda contaram com a primorosa fotografia de Javi Agirre. Enfim,
uma história tocante e muito comovente. “Handia” foi o grande destaque na
premiação do Goya (o Oscar espanhol), recebendo nada menos do que 13 indicações,
sendo premiado em dez delas, um recorde. Merecido, aliás, pois o filme é muito
bom.
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