domingo, 25 de abril de 2021

 

“HANDIA”, 2017, Espanha, 1h56m, disponível na Netflix, roteiro e direção da dupla de cineastas Jon Garaño e Aitor Arregie. A história é baseada num personagem que realmente existiu na Espanha do século XIX. Trata-se de Miguel Joaquín Eleizegui Arteaga, que ficou conhecido como o “Gigante de Altzo” – só para esclarecer, um dos significados da palavra “handia” na língua basca é “gigante”. O filme é falado em basco, já que a família do “gigante” morava no município de Altzo, localizada na província de Guipúscua, comunidade autônoma do país basco. Nascido numa família de pequenos agricultores, Miguel Joaquín (Eneko Sagardoy) era um jovem normal até os 20 anos de idade, quando passou a sofrer de gigantismo, que o levou, rapidamente, a crescer muito acima dos 2 metros de altura. Três anos antes, Martin (Joseba Usabiaga), seu irmão mais velho, foi recrutado para servir o exército carlista durante a guerra civil contra os liberais espanhóis. Ao final do conflito, Martin volta com o braço direito inutilizado por causa de um ferimento, sem poder, portanto, ajudar na rotina de trabalho na fazenda da família, que vive graves problemas financeiros. Quando vê o irmão como um verdadeiro gigante, Martin resolve ganhar dinheiro exibindo-o como atração em circos e teatros. O sucesso foi tão grande que resolveram promover um show itinerante pelas principais cidades da Espanha, além de apresentações em Paris, Lisboa e Londres, onde Joaquín chegou a ser visto na corte da Rainha Vitoria. O filme retrata toda essa verdadeira epopeia, focando, principalmente, na relação entre os irmãos. Impossível não se emocionar com o sofrimento físico e mental de Miguel Joaquín. O ator que o interpreta tem na vida real "apenas" 1m87 de altura, aumentados com um efeito especial imperceptível e por enquadramentos que o transformaram em gigante nas filmagens. Méritos para a dupla de cineastas, que ainda contaram com a primorosa fotografia de Javi Agirre. Enfim, uma história tocante e muito comovente. “Handia” foi o grande destaque na premiação do Goya (o Oscar espanhol), recebendo nada menos do que 13 indicações, sendo premiado em dez delas, um recorde. Merecido, aliás, pois o filme é muito bom.            

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