Nunca fui
muito fã de documentários, mas ao longo da minha carreira de cinéfilo amador
assisti a alguns muito bons. E não poderia deixar de assistir ao documentário “PELÉ”,
recentemente integrado à plataforma Netflix – o lançamento mundial ocorreu dia
23 de fevereiro de 2021. Realizado em 2020, com roteiro e direção dos ingleses Ben
Nicholas e David Tryhorn, produzido pelo cineasta Kevin MacDonald (vencedor do
Oscar em 2000 por “Munique 1972: Um Dia de Setembro”), “PELÉ” tem 1h48m
e faz parte das homenagens mundiais ao rei do futebol e seus 80 anos de idade.
O documentário começa contando a história do rei do futebol quando trabalhava
como engraxate e jogava peladas em Bauru. Depois, sua chegada ao Santos FC. A
partir daí, a ênfase é dada à participação de Pelé nas quatro copas do mundo que
disputou e, ao mesmo tempo, à situação política do Brasil, especialmente a
partir de 1964, quando o País ingressou na fase da ditadura militar. O período
enfocado pelo documentário vai de 1956 até 1970, destacando a conquista do
tricampeonato mundial no México e a decretação do AI-5. Na entrevista concedida
aos realizadores, Pelé esclarece que, embora pressionado por um lado e outro,
jamais quis se envolver em política. “Meu negócio era jogar futebol”. No
documentário, a posição de Pelé chegou a ser comparada com o ativismo do lutador norte-americano Muhammad Ali, que foi crítico da guerra do Vietnã, além de se recursar ao alistamento, sendo preso por isso. O melhor do documentário são algumas cenas inéditas
e preciosas dos bastidores, principalmente aquela em que Pelé, de cadeira de
rodas, recebe os companheiros do Santos FC durante um almoço em sua casa no
Guarujá. O documentário também destaca inúmeros depoimentos de ex-companheiros
como Rivelino, Zagalo, Brito e Jairzinho, além dos jornalistas Juca Kfouri e
José Trajano. Também participam Fernando Henrique Cardoso, Benedita da Silva e
Gilberto Gil. Numa época em que qualquer imbecil é considerado celebridade,
como esse pessoal do BBB, do funk e os tais “influencers” digitais, o documentário
chega para mostrar e esclarecer de vez quem é uma celebridade de verdade. Aliás, a maior que o Brasil já teve.
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