domingo, 28 de fevereiro de 2021

 

Nunca fui muito fã de documentários, mas ao longo da minha carreira de cinéfilo amador assisti a alguns muito bons. E não poderia deixar de assistir ao documentário “PELÉ”, recentemente integrado à plataforma Netflix – o lançamento mundial ocorreu dia 23 de fevereiro de 2021. Realizado em 2020, com roteiro e direção dos ingleses Ben Nicholas e David Tryhorn, produzido pelo cineasta Kevin MacDonald (vencedor do Oscar em 2000 por “Munique 1972: Um Dia de Setembro”), “PELÉ” tem 1h48m e faz parte das homenagens mundiais ao rei do futebol e seus 80 anos de idade. O documentário começa contando a história do rei do futebol quando trabalhava como engraxate e jogava peladas em Bauru. Depois, sua chegada ao Santos FC. A partir daí, a ênfase é dada à participação de Pelé nas quatro copas do mundo que disputou e, ao mesmo tempo, à situação política do Brasil, especialmente a partir de 1964, quando o País ingressou na fase da ditadura militar. O período enfocado pelo documentário vai de 1956 até 1970, destacando a conquista do tricampeonato mundial no México e a decretação do AI-5. Na entrevista concedida aos realizadores, Pelé esclarece que, embora pressionado por um lado e outro, jamais quis se envolver em política. “Meu negócio era jogar futebol”. No documentário, a posição de Pelé chegou a ser comparada com o ativismo do lutador norte-americano Muhammad Ali, que foi crítico da guerra do Vietnã, além de se recursar ao alistamento, sendo preso por isso. O melhor do documentário são algumas cenas inéditas e preciosas dos bastidores, principalmente aquela em que Pelé, de cadeira de rodas, recebe os companheiros do Santos FC durante um almoço em sua casa no Guarujá. O documentário também destaca inúmeros depoimentos de ex-companheiros como Rivelino, Zagalo, Brito e Jairzinho, além dos jornalistas Juca Kfouri e José Trajano. Também participam Fernando Henrique Cardoso, Benedita da Silva e Gilberto Gil. Numa época em que qualquer imbecil é considerado celebridade, como esse pessoal do BBB, do funk e os tais “influencers” digitais, o documentário chega para mostrar e esclarecer de vez quem é uma celebridade de verdade. Aliás, a maior que o Brasil já teve.                          

 

              

Nenhum comentário: