PINK, 2016, Índia, distribuição
Netflix, 2h16m, direção de Aniruddha Roy Chowdhury, com roteiro de Ritesh Shah.
O pano de fundo envolve temas muito polêmicos e atuais na Índia: o machismo
exacerbado, a condição feminina, relegada à segunda categoria, e a cultura do
estupro. Tudo começa com três rapazes e três moças se conhecendo em um show de rock.
Eles convidam as moças para tomar umas e outras num resort. Papo vai, papo vem,
bebidas no meio, Rajveer Singh (Angad Bedi) parte para cima de Minal (Taapse
Pannu) agarrando-a à força. Ela insiste em dizer não, ele em dizer sim, e os
dois acabam se desentendendo. Quando não aguenta mais a insistência do rapaz, cada vez mais agressivo, ela o agride com uma garrafa, bem acima do olho esquerdo. A situação leva as
moças a fugirem correndo, enquanto os amigos de Rajveer o levam para o
hospital. Em seguida, vão à delegacia registrar a ocorrência, fazendo questão
de dizer que Minal tinha tentado matar Rajveer e que as moças não passam de
prostitutas. Logo depois, elas também registram queixa na delegacia, mas os policiais
não dão bola e, pior, aconselham que elas não prossigam com a reclamação, pois a família de Rajveer
é bastante influente. Claro que Minal acaba presa por tentativa de homicídio. O
julgamento é marcado e um vizinho das moças, o advogado Deepak Sehgal (Amitabh
Bachchan), resolve defender Aminal. A segunda parte do filme é dedicada
totalmente ao julgamento, o que deixa a história ainda melhor, principalmente
quando Deepak, nas alegações finais, faz um discurso brilhante e comovente em defesa não só
de Minal, mas de todas as mulheres indianas colocadas numa condição inferior
por uma cultura machista e preconceituosa. A atriz Taapse Pannu, que hoje é uma
das principais estrelas de Bollywood, e o veterano ator Amitabh Bachchan voltariam
a atuar juntos em 2019 no drama “Badla”, onde ele também faz o papel de
advogado da personagem vivida por Taapse. Por sua mensagem em defesa das
mulheres, “Pink” foi selecionado
para uma exibição especial na ONU, em Nova Iorque. Além disso, foi escolhido
pelo governo do estado indiano do Rajastão para fazer parte do treinamento dos policiais
de como lidar com o público feminino. Portanto, “Pink” se consagrou como mais um
grande sucesso de Bollywood, aclamado pela crítica e pelo público mundo afora. Recomendo.
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