“O
APÓSTATA” (“EL APÓSTATA”), 2015, coprodução Espanha/Uruguai, 1h20m, disponível
na plataforma Netflix, roteiro e direção do uruguaio Federico Veiroj. Antes de
entrar no mérito do comentário, achei melhor explicar o significado do título. Apóstata:
pessoa que cometeu apostasia, ou seja, abandonou sua religião para ingressar, ou
não, em outra. Apostasia: deserção
da fé. Apostatar: desertar, mudar de religião ou de partido. Esclarecimento
feito, apresento a história do filme. Gonzalo Tamayo (Álvaro Ogalla) chegou aos
30 anos completamente imaturo. Não sabe o que quer da vida, anda vestido como
um morador de rua (fica com a mesma roupa surrada do começo ao fim do filme), cabelos
e barba desgrenhados. É um desgosto para os pais religiosos e conservadores, que a toda hora cobram dele uma
mudança de atitude. Para piorar, fica obcecado por dúvidas sobre a fé religiosa,
culpa e desejo, até chegar ao ponto de querer renunciar ao catolicismo, exigindo
que a Igreja elimine os seus registros de batismo. “Não quero fazer parte das
estatísticas da Igreja Católica”, diz ele ao justificar sua intenção de ingressar com o processo junto ao bispo
local. A burocracia emperra o intento de Gonzalo, que continuará, até o
desfecho, a sua luta para renunciar ao catolicismo. Além de Álvaro Ogalla,
estão no elenco Marta Larralde (Pilar), Bárbara Lennie (Maite), Vicky Peña
(padre) e Juan Calot (bispo). Em seu terceiro longa-metragem, o roteirista e
diretor Federico Veiroj conseguiu realizar um filme bastante interessante e
inovador sob o ponto de vista estético, alternando as perambulações de Gonzalo
com alguns momentos oníricos e surreais. A estreia mundial do filme aconteceu na
Seção Contemporary World Cinema do Festival Internacional de Cinema de Toronto
2015 e, por aqui, foi exibido durante a programação oficial da 43ª Mostra Internacional
de Cinema do Rio de Janeiro. “O Apóstata” prende a atenção até o seu final e
faz refletir sobre muitas questões religiosas. Vale uma visita.
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