sexta-feira, 19 de junho de 2020


“O APÓSTATA” (“EL APÓSTATA”), 2015, coprodução Espanha/Uruguai, 1h20m, disponível na plataforma Netflix, roteiro e direção do uruguaio Federico Veiroj. Antes de entrar no mérito do comentário, achei melhor explicar o significado do título. Apóstata: pessoa que cometeu apostasia, ou seja, abandonou sua religião para ingressar, ou não, em outra. Apostasia:  deserção da fé. Apostatar: desertar, mudar de religião ou de partido. Esclarecimento feito, apresento a história do filme. Gonzalo Tamayo (Álvaro Ogalla) chegou aos 30 anos completamente imaturo. Não sabe o que quer da vida, anda vestido como um morador de rua (fica com a mesma roupa surrada do começo ao fim do filme), cabelos e barba desgrenhados. É um desgosto para os pais religiosos e conservadores, que a toda hora cobram dele uma mudança de atitude. Para piorar, fica obcecado por dúvidas sobre a fé religiosa, culpa e desejo, até chegar ao ponto de querer renunciar ao catolicismo, exigindo que a Igreja elimine os seus registros de batismo. “Não quero fazer parte das estatísticas da Igreja Católica”, diz ele ao justificar sua intenção de ingressar com o processo junto ao bispo local. A burocracia emperra o intento de Gonzalo, que continuará, até o desfecho, a sua luta para renunciar ao catolicismo. Além de Álvaro Ogalla, estão no elenco Marta Larralde (Pilar), Bárbara Lennie (Maite), Vicky Peña (padre) e Juan Calot (bispo). Em seu terceiro longa-metragem, o roteirista e diretor Federico Veiroj conseguiu realizar um filme bastante interessante e inovador sob o ponto de vista estético, alternando as perambulações de Gonzalo com alguns momentos oníricos e surreais. A estreia mundial do filme aconteceu na Seção Contemporary World Cinema do Festival Internacional de Cinema de Toronto 2015 e, por aqui, foi exibido durante a programação oficial da 43ª Mostra Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. “O Apóstata” prende a atenção até o seu final e faz refletir sobre muitas questões religiosas. Vale uma visita.

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