segunda-feira, 15 de junho de 2020


“MENASHE”, 2017, Estados Unidos, 1h22m, filme de estreia na direção de Joshua Weinstein, mais conhecido como diretor de fotografia e documentarista. O roteiro também leva a assinatura de Weinstein, com a colaboração de Alex Lipschultz e Musa Syeedm. A história é ambientada no bairro Boro Park (Brooklyn), em Nova Iorque, onde está localizada uma das comunidades mais populosas de judeus ultra-ortodoxos do mundo. Aqui vive e trabalha o quarentão Menashe (Menashe Lustig), que ficou viúvo e precisa cuidar sozinho do filho Rieven (Ruben Niborski), o que contraria a lei judaica, pois, segundo o Talmude (coletânea de livros sagrados dos judeus), “Para criar os filhos, o homem deve ter em casa uma mulher que limpe tudo, que cozinhe e que cuide da casa”. Menashe trabalha como empregado num supermercado do bairro, ganha pouco e é obrigado pelo patrão autoritário a fazer muitas horas extras, o que o impede de dedicar mais tempo ao filho. Dessa forma, a questão foi decidida pelo rabino da comunidade (Meyer Schwrtz), que colocou o garoto sob a guarda de Eizik (Yoel Weisshaus), cunhado de Menashe e irmão da falecida, que tem família e condições financeiras de sustentar mais uma “boca”. Segundo o rabino, Rieven só voltará para a guarda de Menashe se ele casar. O filme acompanha o dilema de Menashe e suas tentativas de recuperar a guarda do filho, o que gera algumas cenas tocantes e sensíveis, principalmente pelo fato de Menashe ser um sujeito bonachão, inocente e puro, a ponto de não se incomodar de ser chamado de “Gordito” pelos seus colegas latinos no supermercado. Esta produção independente apresenta algumas curiosidades muito interessantes, a começar pelo elenco, todo ele constituído de atores que nunca participaram de uma filmagem. Por falar nisso, ao tentar mostrar as ruas do bairro e a movimentação das pessoas, a equipe técnica foi obrigada a filmar escondida, pois a comunidade judaica, fechada, não permite esse tipo de exposição. Além disso, o roteiro foi inspirado na própria experiência de vida do "ator" Menashe Lustig, que também perdeu a guarda do filho. Vale destacar ainda que, na vida real, Menashe nunca tinha entrado num cinema, o que só aconteceu porque foi convidado para a exibição de estreia. Segundo seu material de divulgação, “Menashe” é o primeiro filme norte-americano totalmente falado em Iídiche Todos esses aspectos somados, mais a competência mostrada pelo diretor Joshua Weinstein, resultaram em mais uma joia do cinema independente norte-americano, à disposição na plataforma Netflix. Imperdível!


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