sexta-feira, 22 de novembro de 2019


“POROROCA”, 2017, Romênia, 2h32m, roteiro e direção de Constantin Popescu. Atração da programação oficial da 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, “Pororoca” é mais um exemplo primoroso da surpreendente escola cinematográfica da Romênia, responsável por tantos grandes filmes. Trata-se de um drama pesadíssimo, perturbador. De uma forma angustiante, e durante quase toda a projeção, o espectador acompanha a trajetória de dor, culpa e sofrimento de um pai, Tudor Ionescu (o excelente ator Bogdan Dumitrache), que num domingo leva seus filhos Marie, de 5 anos, e Ilie, de 7 anos, para passear no parque da cidade (não deu para identificar se é Bucareste ou outra cidade). Enquanto conversa no celular com o amigo, Tudor se distrai dos filhos por alguns segundos, o suficiente para Marie simplesmente sumir. Desespero total, mães e pais ajudando a procurar a menina. Sem sucesso. O sumiço já provoca sua primeira consequência: o casamento entra em crise, já que Cristina (Iulia Lumanare), a esposa, acusa Tudor de ter negligenciado a menina e, portanto, é o responsável por seu desaparecimento. Ela vai para a casa dos pais, leva o filho, e deixa Tudor alimentar sua culpa, que aos poucos se transforma numa paranoia histérica e, por fim, numa insanidade assassina. O filme acompanha todo o desespero de Tudor, para terminar num desfecho chocante, tornando este drama romeno bastante impactante. Tudo bem que o filme é muito bem escrito e dirigido por Constantin Popescu, que conseguiu criar um clima angustiante de tensão ao acompanhar o sofrimento de Tudor. Aliás, posso afirmar que o excelente ator romeno Bogdan Dumitrache carrega o filme nas costas, assim como sua culpa e dor. Sua atuação é tão marcante que conquistou o Prêmio de Melhor Ator no importante Festival de Cinema de San Sebastián (Espanha). Com relação ao título original, “Pororoca”, tentei de tudo que é jeito descobrir a relação com a história e a razão dessa escolha. Não consegui. Todo mundo sabe que é um fenômeno do encontro das águas fluviais com as do oceano. Mas o que tem a ver com o filme? Um comentarista tentou explicar: “é o desaguar de emoções”. Aí também não... Bom, vamos ao resumo da ópera: “Pororoca” é mais uma pérola do cinema romeno, uma pequena obra-prima, uma verdadeira aula de cinema. Portanto, IMPERDÍVEL!        

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