“NOJOOM, 10 ANOS, DIVORCIADA” (“Ana
Nojoom Bent Alasherah Wamotalagah”), 2014,
Iêmen, roteiro e direção de Khadija al-Salami. Em 2008, a jornalista francesa
Delphine Minoui descobriu no Iêmen um caso que se transformou em notícia
mundial: uma menina de 10 anos havia conseguido o divórcio. A jornalista revelou
que Nujood Ali, de apenas 10 anos, foi obrigada a se casar com um homem bem
mais velho em troca de um generoso dote, aceito pela família pobre da garota,
residente num pequeno vilarejo onde o casamento infantil era bastante comum –
assim como em vários outros países árabes. Num ato de extrema coragem, Nojood
procurou a justiça e conseguiu o divórcio. Os pormenores desse polêmico caso
foram descritos posteriormente num livro escrito por Nojood e adaptado para o
cinema pela diretora Khadija al-Salami, ela própria obrigada a se casar com 11
anos de idade. Segundo o filme, cerca de 70 mil garotas morrem anualmente por causa
do casamento infantil no Iêmen. O filme é bastante chocante e perturbador,
principalmente por causa das cenas onde a menina aparece sendo espancada e
estuprada. O elenco é quase todo formado por atores amadores, o que fica
evidente desde o início. Para alguns críticos profissionais, este pode ser um fato alentador. Achei que prejudicou a qualidade interpretativa e o próprio filme como um todo. De qualquer forma, é um filme interessante não apenas pela história
em si, mas também por revelar inúmeros aspectos dos costumes e da cultura do
povo iemenita, bastante incompreensíveis para o mundo ocidental.
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