sábado, 10 de junho de 2017

Singelo, comovente, sensível. Assim é o drama francês “FATIMA”, 2015, escrito e dirigido pelo marroquino Philippe Faucon (“Samia”). A história acompanha o cotidiano de Fatima (Soria Zeroual), imigrante argelina divorciada de 44 anos, que há duas décadas imigrou para Paris e cria, com o trabalho de faxineira, as duas filhas nascidas em solo francês, Nesrine (Zita Hanrot), de 18 anos, e Souad (Kenza Noah Aïche), de 15 anos. Fatima não fala bem o francês e se comunica com as filhas em árabe, resultando num choque cultural dentro da própria família, pois Nesrine e Souad, plenamente integradas aos modos e costumes da França, não aceitam seguir as tradições muçulmanas, como, por exemplo, usar o véu para sair na rua. Nesrine é o orgulho da família, pois conseguiu ingressar na faculdade de Medicina, fato que gera a inveja das vizinhas também imigrantes. Souad é uma adolescente rebelde e briguenta, que não se conforma que a mãe seja uma faxineira. Ao cair de uma escada e ficar afastada do trabalho por licença médica, Fatima passa a escrever um diário em árabe, escrevendo tudo aquilo que gostaria de dizer às filhas em francês, além de fazer uma abordagem sobre os desafios de viver em outro país, em meio a muito preconceito. Numa das passagens do diário, escrito com muita poesia e sensibilidade, ela faz uma homenagem às “Fátimas” que, como ela, fazem o serviço pesado e sustentam suas famílias a custa de muito suor. Um texto muito bonito, que valoriza ainda mais esse belo filme, cujo roteiro foi inspirado em dois livros escritos pela imigrante marroquina Fatima Elayubi em 2006 e 2011. “Fatima”, merecidamente, conquistou o Prêmio César (o Oscar francês) de Melhor Filme em 2016.                          




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