O drama
norte-americano “CHRONIC” disputou a Palma de Ouro no Festival de Cannes
2015, onde teve sua primeira exibição – ainda não chegou por aqui, e duvido que
chegue. Foi escrito e dirigido pelo mexicano Michel Franco (“Depois de Lúcia”)
e traz no papel principal o ator britânico Tim Roth. Ele é David, um
enfermeiro/cuidador que há muitos anos trabalha com pacientes terminais. Sua
dedicação extrapola a função pela qual é contratado, pois acaba sempre ficando
amigo, confidente e conselheiro dos doentes. O filme mostra a rotina tediosa de
David, atendo-se a detalhes como a limpeza das sujeiras, o banho demorado, a
medicação e, em especial, o carinho com que trata cada um deles. É assim que
David aparece cuidando de duas mulheres com câncer, um idoso que acabara de
sofrer um violento derrame e um rapaz com problemas motores. A dedicação de
David nem sempre é compreendida pela família dos doentes. Ao ser surpreendido
abraçando um deles, David é acusado, injustamente, de assédio sexual. Ao mesmo
tempo, ele tenta se reconciliar com a filha Nadia (Bitsie Tulloch), fruto de um
casamento desfeito. Ele também vive perturbado pelas recordações envolvendo um
evento trágico ocorrido com seu filho, o que finalmente explica sua extrema
dedicação aos doentes terminais. O filme é lento, sensação reforçada por longas
cenas sem diálogos, e um tanto chocante ao mostrar o triste final de pessoas cuja
única perspectiva é morrer sem sofrimento. O desfecho, abrupto e surpreendente,
é perturbador. Não é um filme agradável de assistir, mas muito impactante. Mesmo numa atuação contida, o britânico Tim Roth mostra mais uma
vez por que é considerado um dos melhores atores da atualidade. Aos 56 anos, Roth já trabalhou
com grandes diretores, como Giuseppe Tornatore (no ótimo “A Lenda do Pianista
do Mar”, de 1998), além de alguns filmes de Quentin Tarantino, como “Os Oito
Odiados” e “Cães de Aluguel”.
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