sexta-feira, 9 de junho de 2017

O drama norte-americano “CHRONIC” disputou a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2015, onde teve sua primeira exibição – ainda não chegou por aqui, e duvido que chegue. Foi escrito e dirigido pelo mexicano Michel Franco (“Depois de Lúcia”) e traz no papel principal o ator britânico Tim Roth. Ele é David, um enfermeiro/cuidador que há muitos anos trabalha com pacientes terminais. Sua dedicação extrapola a função pela qual é contratado, pois acaba sempre ficando amigo, confidente e conselheiro dos doentes. O filme mostra a rotina tediosa de David, atendo-se a detalhes como a limpeza das sujeiras, o banho demorado, a medicação e, em especial, o carinho com que trata cada um deles. É assim que David aparece cuidando de duas mulheres com câncer, um idoso que acabara de sofrer um violento derrame e um rapaz com problemas motores. A dedicação de David nem sempre é compreendida pela família dos doentes. Ao ser surpreendido abraçando um deles, David é acusado, injustamente, de assédio sexual. Ao mesmo tempo, ele tenta se reconciliar com a filha Nadia (Bitsie Tulloch), fruto de um casamento desfeito. Ele também vive perturbado pelas recordações envolvendo um evento trágico ocorrido com seu filho, o que finalmente explica sua extrema dedicação aos doentes terminais. O filme é lento, sensação reforçada por longas cenas sem diálogos, e um tanto chocante ao mostrar o triste final de pessoas cuja única perspectiva é morrer sem sofrimento. O desfecho, abrupto e surpreendente, é perturbador. Não é um filme agradável de assistir, mas muito impactante. Mesmo numa atuação contida, o britânico Tim Roth mostra mais uma vez por que é considerado um dos melhores atores da atualidade. Aos 56 anos, Roth já trabalhou com grandes diretores, como Giuseppe Tornatore (no ótimo “A Lenda do Pianista do Mar”, de 1998), além de alguns filmes de Quentin Tarantino, como “Os Oito Odiados” e “Cães de Aluguel”.             

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