“Este
filme é dedicado às vítimas do Holocausto Soviético”. A frase, reproduzida nos
créditos finais do drama estoniano “NA VENTANIA” (“RISTTUULES”), 2014, diz respeito aos milhares de cidadãos
da Letônia, Estônia e Lituânia que morreram fuzilados ou nos campos de
trabalhos forçados na Sibéria, para onde foram deportados pelo governo russo do
ditador Stalin durante a Segunda Guerra Mundial. O filme é centrado em Erna
(Laura Peterson), enviada a um campo de concentração na Sibéria juntamente com
a filha Eliide (Mirt Preegel). O roteiro foi todo inspirado nas cartas escritas
por Erna para o seu marido Heldur (Tarmo Song), enviado para outro campo de prisioneiros.
Se a história já é trágica por si só, a concepção estética criada pelo jovem
diretor estoniano Martti Helde, de 28 anos, aumentou a níveis estratosféricos o
clima melancólico do filme. Não há diálogos, apenas uma narrativa em off de trechos das cartas escritas por
Erna. O filme é todo em preto e branco. A maioria das cenas apresenta os
personagens e figurantes imóveis. Esse recurso estético, segundo o diretor, foi
escolhido depois que ele leu um trecho da carta de um preso na Sibéria onde ele
dizia que “Aqui na Sibéria, parece que o tempo parou”. Para chegar até o final
é preciso que o espectador se arme de uma dose monumental de paciência, pois
vai encarar um filme extremamente monótono, quase entediante, embora muito
comovente. Por esse trabalho de estreia, o diretor Helde conquistou o Prêmio de
Melhor Diretor Estreante no Festival Internacional de Cinema de Pequim 2015.
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