O
drama turco “A PARTÍCULA” (“Zerre”),
2012, dirigido por Erdem Tépegöz, é pra lá de pesado, baixo astral, muito longe,
mas muito longe mesmo, de um filme que possa ser chamado de entretenimento. O
pano de fundo é a crise econômica na Turquia, o desemprego, a falta de opções e
muita pobreza. Zeynep (a excelente Jale Arikan) é uma mulher bem sofrida, mãe solteira, mora
com a mãe e a filha deficiente num bairro pobre do subúrbio de Istambul. Trabalha
numa fábrica, mas o que ganha não dá nem pra comer. Ela e a mãe ainda fazem
sachês perfumados para vender, mas a renda é quase nada. Ela tem a ajuda diária
do irmão, que trabalha num restaurante e faz uma marmita com as sobras dos
clientes e dá a Zeynep. Como desgraça pouca é bobagem, Zeynep é demitida da
fábrica. E não é o tipo de demissão “passa no RH”. Ela é literalmente empurrada
aos trancos para fora da fábrica, sem receber um tostão, ou melhor, lira turca. Desesperada, ela passa a procurar emprego e acaba
conseguindo um trabalho temporário numa fábrica têxtil longe de Istambul, onde deverá
permanecer por alguns dias. Na fábrica, ela é assediada sexualmente pelo seu
chefe e foge de volta para Istambul. O desfecho do filme deixa claro que não há
perspectiva para Zeynep e a família senão o sofrimento e a penúria. A atriz
Jale Arikan é a alma do filme, que foi eleito como o melhor do Festival de Cinema
de Moscou em 2013.
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