terça-feira, 19 de agosto de 2014

O drama turco “A PARTÍCULA” (“Zerre”), 2012, dirigido por Erdem Tépegöz, é pra lá de pesado, baixo astral, muito longe, mas muito longe mesmo, de um filme que possa ser chamado de entretenimento. O pano de fundo é a crise econômica na Turquia, o desemprego, a falta de opções e muita pobreza. Zeynep (a excelente Jale Arikan) é uma mulher bem sofrida, mãe solteira, mora com a mãe e a filha deficiente num bairro pobre do subúrbio de Istambul. Trabalha numa fábrica, mas o que ganha não dá nem pra comer. Ela e a mãe ainda fazem sachês perfumados para vender, mas a renda é quase nada. Ela tem a ajuda diária do irmão, que trabalha num restaurante e faz uma marmita com as sobras dos clientes e dá a Zeynep. Como desgraça pouca é bobagem, Zeynep é demitida da fábrica. E não é o tipo de demissão “passa no RH”. Ela é literalmente empurrada aos trancos para fora da fábrica, sem receber um tostão, ou melhor, lira turca. Desesperada, ela passa a procurar emprego e acaba conseguindo um trabalho temporário numa fábrica têxtil longe de Istambul, onde deverá permanecer por alguns dias. Na fábrica, ela é assediada sexualmente pelo seu chefe e foge de volta para Istambul. O desfecho do filme deixa claro que não há perspectiva para Zeynep e a família senão o sofrimento e a penúria. A atriz Jale Arikan é a alma do filme, que foi eleito como o melhor do Festival de Cinema de Moscou em 2013.

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