“THAR”, 2022, Índia, 1h48m,
produção original Netflix, roteiro e direção de Raj Singh Chaudhary. Bollywood,
o maior produtor mundial de filmes, de vez em quando surpreende. E de modo
bastante positivo, exemplo deste policial ambientado nos anos 80 do século
passado – não consegui descobrir se é baseado em fatos reais. Por incrível que
pareça, tem muito do gênero faroeste moderno. No caso específico de “Thar”, a
crítica especializada o rotulou de western noir. Tem deserto poeirento,
cavalos, xerife e malfeitores. Só faltaram os índios, embora sejam todos
indianos. Começa a história com um sujeito misterioso chegando a um pequeno
vilarejo situado no deserto de Thar, na região do Rajastão, perto da fronteira
com o Paquistão. É por aqui que passava, na época, a rota do contrabando de
ópio. Uma dor de cabeça e tanto para o inspetor de polícia Surekha (Anil
Kapoor). Um dia, chega ao vilarejo um sujeito misterioso que se identifica como
Siddarth (Harsh Varrdhan Kapoor), que afirma ser colecionador e negociante de
antiguidades. A polícia começa a desconfiar dele a partir do momento em que ocorre
um homicídio, mas não há evidências concretas contra ele. Livre da desconfiança
inicial do policial Surekha, Siddarth parte para a ação e aí a violência
explícita toma conta. Só perto do desfecho é que o roteiro explica a motivação
para a vingança de Siddarth. Além de uma tensão crescente, “Thar” apresenta um
trunfo que só quem acompanha o cinema indiano é capaz de comemorar: a ausência
daquelas cantorias e danças irritantes, uma das marcas registradas de
Bollywood. Como curiosidade, o ator Harsh Varrdhan Kappor´, que faz o
Siddharth, é filho de Anil Kapoor, o inspetor de polícia. Vale a pena assistir,
pois o cinema indiano não costuma produzir filmes de faroeste.
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