O POÇO
(EL HOYO),
2019, Espanha, 1h34m, filme de estreia na direção de Galer Gaztelu-Urrutia,
com roteiro de David Desola e Pedro Rivero. Pense no filme mais desagradável e repugnante
que você já assistiu. Pois não chegará nem perto dessa produção espanhola,
disponível na Netflix desde o dia 20 de março de 2020. Realmente, “O Poço” é muito
perturbador. É preciso ter estômago forte para chegar ao final. Do jeito que
estou escrevendo, parece que o filme é péssimo. Pelo contrário, é muito bom,
principalmente pela forma criativa e inusitada encontrada por seus autores para descreverem
a desigualdade social que impera em nossa sociedade capitalista. Toda a
história é ambientada numa prisão vertical com centenas de andares, cada um
ocupado por dois presos. No meio das celas foi aberto um buraco por onde passa uma
mesa repleta de comida. Ela vai descendo e os presos de cada andar tem apenas
dois minutos para comer o que puderem. Claro que o pessoal dos últimos andares
só encontrará os restos e, muitas vezes, nem isso. Para sobreviverem, os presos
dos últimos andares são obrigados a matar o companheiro e comer seus pedaços.
Vale aqui a lei do mais forte e o canibalismo. O principal personagem do filme
é Goreng (Iván Massagué), que resolveu ingressar na prisão não porque cometeu
algum crime, mas sim para parar de fumar. Vá entender! Seu primeiro companheiro
de cela é Trimagasi (Zorion Eguileor), que explica todo o funcionamento da
prisão e o que fazer para sobreviver. A cada mês, por exemplo, é efetuada a
mudança de andar dos prisioneiros, cujo critério não é explicado, mas fica parecendo
uma espécie de rodízio. O segundo parceiro de Goreng é uma mulher com um
cachorrinho de estimação. O terceiro é Buharati (Emilio Buale), um negro fanático
religioso. Ele e Goreng têm a ideia de realizar um ato de solidariedade, ou
seja, evitar que os presos dos andares inferiores não comam a comida até que
esta chegue a quem está mais para baixo. É sangue jorrando o tempo inteiro,
misturado com a comida. Haja estômago! Realmente, o filme é muito perturbador,
uma fábula sádica mostrando o que o ser humano tem de pior. De qualquer forma, “O
Poço” merece ser visto por sua originalidade, tão em falta no cinema atual. Porém, repito, não é filme para fracos.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
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