quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O POÇO (EL HOYO), 2019, Espanha, 1h34m, filme de estreia na direção de Galer Gaztelu-Urrutia, com roteiro de David Desola e Pedro Rivero. Pense no filme mais desagradável e repugnante que você já assistiu. Pois não chegará nem perto dessa produção espanhola, disponível na Netflix desde o dia 20 de março de 2020. Realmente, “O Poço” é muito perturbador. É preciso ter estômago forte para chegar ao final. Do jeito que estou escrevendo, parece que o filme é péssimo. Pelo contrário, é muito bom, principalmente pela forma criativa e inusitada encontrada por seus autores para descreverem a desigualdade social que impera em nossa sociedade capitalista. Toda a história é ambientada numa prisão vertical com centenas de andares, cada um ocupado por dois presos. No meio das celas foi aberto um buraco por onde passa uma mesa repleta de comida. Ela vai descendo e os presos de cada andar tem apenas dois minutos para comer o que puderem. Claro que o pessoal dos últimos andares só encontrará os restos e, muitas vezes, nem isso. Para sobreviverem, os presos dos últimos andares são obrigados a matar o companheiro e comer seus pedaços. Vale aqui a lei do mais forte e o canibalismo. O principal personagem do filme é Goreng (Iván Massagué), que resolveu ingressar na prisão não porque cometeu algum crime, mas sim para parar de fumar. Vá entender! Seu primeiro companheiro de cela é Trimagasi (Zorion Eguileor), que explica todo o funcionamento da prisão e o que fazer para sobreviver. A cada mês, por exemplo, é efetuada a mudança de andar dos prisioneiros, cujo critério não é explicado, mas fica parecendo uma espécie de rodízio. O segundo parceiro de Goreng é uma mulher com um cachorrinho de estimação. O terceiro é Buharati (Emilio Buale), um negro fanático religioso. Ele e Goreng têm a ideia de realizar um ato de solidariedade, ou seja, evitar que os presos dos andares inferiores não comam a comida até que esta chegue a quem está mais para baixo. É sangue jorrando o tempo inteiro, misturado com a comida. Haja estômago! Realmente, o filme é muito perturbador, uma fábula sádica mostrando o que o ser humano tem de pior. De qualquer forma, “O Poço” merece ser visto por sua originalidade, tão em falta no cinema atual. Porém, repito, não é filme para fracos.           

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