Já começo
o comentário soltando fogos. “A VOZ SUPREMA DO BLUES” (“MA RAINEY’S
BLACK BOTT”) é um dos melhores filmes do ano. E pelos inúmeros motivos que
destaco ao longo do meu comentário. Trata-se de uma produção norte-americana da
Netflix, lançada na plataforma no dia 18 de novembro. Quem assina a direção é
George C. Wolfe, com roteiro de Ruben Santiago-Hudson. A história é inspirada na
peça teatral escrita em 1984 pelo dramaturgo August Wilson. A personagem
central é Ma Rainey, nome artístico de Gertrud Malissa Nix Pridgett Rainey (1886-1939),
uma cantora de blues que realmente existiu e foi uma das pioneiras do gênero. O
filme é ambientado em 1927 no pequeno estúdio da Paramount Records, em Chicago. Ali estão
reunidos os músicos e Ma Rainey (Viola Davis) para gravar um disco. Entre os
músicos está o pistonista Levee (Chadwick Boseman, em seu último papel), que
gosta de improvisar e tumultuar os ensaios. Ele também entrará em choque com a
cantora, que exige fidelidade aos arranjos combinados. Ou seja, sem improvisações. Além de uma saborosa trilha sonora
sob a batuta do saxofonista Branford Marsalis, fundamental destacar os diálogos
potentes e expressivos, nos quais estão embutidos desde a origem histórica do
blues até as tristes lembranças do racismo sofrido pela cantora e pelos músicos.
A força do filme está toda aqui, nesse contexto de sofrimento e discriminação
dos negros nos Estados Unidos. O grande trunfo do filme, porém, está na atuação
espetacular da atriz Viola Davis e no desempenho do ator Chadwick Boseman (o Pantera
Negra), em sua última e brilhante atuação antes de morrer, em agosto último. O
trabalho dos dois é tão espetacular que, desde já, estão sendo citados pela
crítica especializada como favoritos ao Oscar 2021. O elenco conta ainda com Taylor Paige, Colman Domingo, Glynn Turman, Jeremy Shamos e Michael Potts. O filme é tão bom que o “Rotten
Tomatoes”, o exigente site agregador de avaliações da crítica e do público, o posicionou entre os dez melhores do ano, recebendo a incrível marca de 99%
de aprovação. E não é só isso. Tem mais. Ao final da projeção, o filme ainda
contempla cenas dos bastidores das filmagens, além de entrevistas com o diretor
e o roteirista, com a atriz Viola Davis e com o ator Denzel Washington, que não
atua mas é um dos produtores. Enfim, não é exagero considerar “A Voz Suprema do
Blues” uma pequena obra-prima do cinema norte-americano. Não perca de jeito nenhum!
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