terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 

Já começo o comentário soltando fogos. “A VOZ SUPREMA DO BLUES” (“MA RAINEY’S BLACK BOTT”) é um dos melhores filmes do ano. E pelos inúmeros motivos que destaco ao longo do meu comentário. Trata-se de uma produção norte-americana da Netflix, lançada na plataforma no dia 18 de novembro. Quem assina a direção é George C. Wolfe, com roteiro de Ruben Santiago-Hudson. A história é inspirada na peça teatral escrita em 1984 pelo dramaturgo August Wilson. A personagem central é Ma Rainey, nome artístico de Gertrud Malissa Nix Pridgett Rainey (1886-1939), uma cantora de blues que realmente existiu e foi uma das pioneiras do gênero. O filme é ambientado em 1927 no pequeno estúdio da Paramount Records, em Chicago. Ali estão reunidos os músicos e Ma Rainey (Viola Davis) para gravar um disco. Entre os músicos está o pistonista Levee (Chadwick Boseman, em seu último papel), que gosta de improvisar e tumultuar os ensaios. Ele também entrará em choque com a cantora, que exige fidelidade aos arranjos combinados. Ou seja, sem improvisações. Além de uma saborosa trilha sonora sob a batuta do saxofonista Branford Marsalis, fundamental destacar os diálogos potentes e expressivos, nos quais estão embutidos desde a origem histórica do blues até as tristes lembranças do racismo sofrido pela cantora e pelos músicos. A força do filme está toda aqui, nesse contexto de sofrimento e discriminação dos negros nos Estados Unidos. O grande trunfo do filme, porém, está na atuação espetacular da atriz Viola Davis e no desempenho do ator Chadwick  Boseman (o Pantera Negra), em sua última e brilhante atuação antes de morrer, em agosto último. O trabalho dos dois é tão espetacular que, desde já, estão sendo citados pela crítica especializada como favoritos ao Oscar 2021. O elenco conta ainda com Taylor Paige, Colman Domingo, Glynn Turman, Jeremy Shamos e Michael Potts.  O filme é tão bom que o “Rotten Tomatoes”, o exigente site agregador de avaliações da crítica e do público, o posicionou entre os dez melhores do ano, recebendo a incrível marca de 99% de aprovação. E não é só isso. Tem mais. Ao final da projeção, o filme ainda contempla cenas dos bastidores das filmagens, além de entrevistas com o diretor e o roteirista, com a atriz Viola Davis e com o ator Denzel Washington, que não atua mas é um dos produtores. Enfim, não é exagero considerar “A Voz Suprema do Blues” uma pequena obra-prima do cinema norte-americano. Não perca de jeito nenhum!   

 

Nenhum comentário: