“EM GUERRA POR AMOR” (“IN
GUERRA PER AMORE”), 2016, Itália, 1h39m, roteiro e direção de
Pierfrancesco Diliberto (também conhecido como Pif). Trata-se de uma saborosa
comédia cujo pano de fundo é uma declarada homenagem aos grandes diretores italianos,
como Mario Monicelli, Fellini, Dino Risi e Ettore Scola, entre outros. Como
registram os créditos iniciais, o filme é dedicado ao mestre Scola (1931/2016),
falecido pouco antes do fim das filmagens. Ambientado em 1943, em plena Segunda
Guerra Mundial, “Em Guerra por Amor” conta a história de um amor impossível que
começa em Nova Iorque, envolvendo o fracassado Arturo Giammaresi (papel do
próprio diretor) e a bela Flora (Miriam Leone), de uma importante família ligada à
máfia. Eles pretendem se casar, mas só que a “famiglia” de Flora escolheu outro
pretendente, filho de um chefe mafioso de Nova Iorque ligado ao poderoso Lucky
Luciano. Para evitar esse casamento, Arturo precisa viajar à Sicília para pedir
a mão de Flora para o seu pai, Don Caló (Maurizio Marchetti), um chefão da máfia
local. Mas como viajar para a Sicília em meio à guerra, e, principalmente, sem
dinheiro? A resposta chegou num golpe de sorte. No balcão de um bar, Arturo
conhece um oficial norte-americano que está à procura justamente de alguém que fale
italiano e conheça bem a Sicília, já que há planos dos aliados de utilizarem a
região como ponto estratégico no combate ao exército nazista – essa ajuda seria
recompensada posteriormente pelos norte-americanos, que colocaram os mafiosos,
alguns cumprindo pena, em postos-chave dos governos municipais da Sicília.
Aliás, por sua ajuda ao exército norte-americano, o chefão da máfia em Nova
Iorque, Lucky Luciano, também recebeu algumas regalias da justiça do Tio Sam. O
filme faz uma forte crítica à conexão entre o pessoal da OSS (serviço secreto
norte-americano da época) e a máfia italiana, o que favoreceu o crescimento e o
fortalecimento da organização criminosa tanto nos EUA como em território italiano.
Enfim, o filme acompanha, com muito humor, a aventura de Arturo para chegar até
o pai de Flora, sua amizade com o oficial norte-americano Philip Chiamparino
(Andrea Di Stefano) e até sua presença na Casa Branca, em Washington, para
entregar um importante documento secreto ao presidente dos EUA. Durante o
filme, percebi várias homenagens a Fellini, como os tipos esquisitos e caricaturais, o
cego (“Amarcord”) e a cena do helicóptero (“A Doce Vida”). Com relação ao fato
de que “Em Guerra por Amor” foi dedicado à memória do grande Ettore Scola, gostaria
de mencionar aqueles que considero seus melhores filmes, alguns deles
verdadeiras obras-primas, como “O Baile", “Nós que nos Amávamos Tanto”, “Um Dia
Muito Especial”, “O Jantar”, “Feios, Sujos e Malvados” e “Splendor”, este
último uma bela homenagem ao cinema. “Em Guerra por Amor” é um filme que remete
às melhores comédias italianas dos anos 40/50/60/70 do século passado. Nostálgico,
engraçado e sensível, além de uma primorosa reconstituição de época, “Em Guerra por Amor” é um filme obrigatório para quem gosta do
bom cinema.
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