terça-feira, 5 de maio de 2020


“EM GUERRA POR AMOR” (“IN GUERRA PER AMORE”), 2016, Itália, 1h39m, roteiro e direção de Pierfrancesco Diliberto (também conhecido como Pif). Trata-se de uma saborosa comédia cujo pano de fundo é uma declarada homenagem aos grandes diretores italianos, como Mario Monicelli, Fellini, Dino Risi e Ettore Scola, entre outros. Como registram os créditos iniciais, o filme é dedicado ao mestre Scola (1931/2016), falecido pouco antes do fim das filmagens. Ambientado em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, “Em Guerra por Amor” conta a história de um amor impossível que começa em Nova Iorque, envolvendo o fracassado Arturo Giammaresi (papel do próprio diretor) e a bela  Flora (Miriam Leone), de uma importante família ligada à máfia. Eles pretendem se casar, mas só que a “famiglia” de Flora escolheu outro pretendente, filho de um chefe mafioso de Nova Iorque ligado ao poderoso Lucky Luciano. Para evitar esse casamento, Arturo precisa viajar à Sicília para pedir a mão de Flora para o seu pai, Don Caló (Maurizio Marchetti), um chefão da máfia local. Mas como viajar para a Sicília em meio à guerra, e, principalmente, sem dinheiro? A resposta chegou num golpe de sorte. No balcão de um bar, Arturo conhece um oficial norte-americano que está à procura justamente de alguém que fale italiano e conheça bem a Sicília, já que há planos dos aliados de utilizarem a região como ponto estratégico no combate ao exército nazista – essa ajuda seria recompensada posteriormente pelos norte-americanos, que colocaram os mafiosos, alguns cumprindo pena, em postos-chave dos governos municipais da Sicília. Aliás, por sua ajuda ao exército norte-americano, o chefão da máfia em Nova Iorque, Lucky Luciano, também recebeu algumas regalias da justiça do Tio Sam. O filme faz uma forte crítica à conexão entre o pessoal da OSS (serviço secreto norte-americano da época) e a máfia italiana, o que favoreceu o crescimento e o fortalecimento da organização criminosa tanto nos EUA como em território italiano. Enfim, o filme acompanha, com muito humor, a aventura de Arturo para chegar até o pai de Flora, sua amizade com o oficial norte-americano Philip Chiamparino (Andrea Di Stefano) e até sua presença na Casa Branca, em Washington, para entregar um importante documento secreto ao presidente dos EUA. Durante o filme, percebi várias homenagens a Fellini, como os tipos esquisitos e caricaturais, o cego (“Amarcord”) e a cena do helicóptero (“A Doce Vida”). Com relação ao fato de que “Em Guerra por Amor” foi dedicado à memória do grande Ettore Scola, gostaria de mencionar aqueles que considero seus melhores filmes, alguns deles verdadeiras obras-primas, como “O Baile", “Nós que nos Amávamos Tanto”, “Um Dia Muito Especial”, “O Jantar”, “Feios, Sujos e Malvados” e “Splendor”, este último uma bela homenagem ao cinema. “Em Guerra por Amor” é um filme que remete às melhores comédias italianas dos anos 40/50/60/70 do século passado. Nostálgico, engraçado e sensível, além de uma primorosa reconstituição de época, “Em Guerra por Amor” é um filme obrigatório para quem gosta do bom cinema.  

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